Lendas e Mitos Orientais


Inari



Deus japonês do arroz, às vezes considerado deus do alimento. Todas as aldeias japonesas contam ainda com um santuário dedicado à Inari como doador da riqueza agrícola, se bem que o seu patrocínio atual compreende a prosperidade do comércio internacional e da indústria. Inari é representado como um ancião de barbas longas, sentado sobre um saco de arroz e cercado por suas raposas, seus mensageiros. Em algumas regiões do Japão, a raposa se converteu na divindade do arroz. Como as colheitas do arroz constituem o fundamento de toda prosperidade, sempre se considera Inari um deus generoso. Sua esposa era Uke-Mochi, deusa dos alimentos, a que proporcionou arroz fervido à terra, peixes ao mar e animais às montanhas. No entanto, o deus da Lua (Tsuki-Yomi) matou Uke-Mochi porque esses dons haviam saído da sua boca. Com a morte da esposa, Inari herdou parte de seus talentos, pois o mundo não podia ficar sem o papel fundamental que Uke-Mochi prestava, e tornou-se o soberano sobre a agricultura. Em outras versões, Inari é uma deusa, ou um deus-deusa andrógino e bissexual. Nesta versão ele assume as características da esposa para tomar conta da produtividade e abundância da terra, assumindo também suas características femininas.


Tsuki-Yomi
Tsuki-Yomi, ou Yomi, se preferir. Tsuki refere-se a algo sobrenatural, fantasma, espiritual, ou coisa semelhante. Não sei a tradução exata, mas o sentido é este. Os youkos são chamados Tsukis-kitsunes, por exemplo. Yomi faz parte da lenda de Izanami e Izanagi, os dois deuses que criaram todo o Japão. O Japão nasceu de um oceano inicial cheio de caos, fervente e borbulhante. Deste oceano saíram Izanagi, o homem, e Izanami, a mulher. Eles receberam um arpão dos deuses celestes e com ele agitaram o turbilhão das águas, criando uma ilha, onde se instalaram. Tiveram 2 filhos, um deles um monstro horrível, o segundo uma ilha. Isso porque a iniciativa da relação sexual foi de Izanami, e isso deveria caber ao homem. Assim, tentam novamente e desta vez geram os deuses benévolos e as ilhas que formam o Japão. O último deus, entretanto, foi Kagutsuki, o deus do fogo, que queimou Izanami no parto até matá-la. Izanagi, desesperado, matou o filho e partiu em busca de Izanami, pois sentia sua falta e necessitava dela para terminar a criação do mundo. Izanami havia sido enviada para um lugar chamado Yomotsu-Kuni, "Terra das Melancolias", uma espécie de Inferno para as almas mortas. Izanami iria sair com Izanagi, mas necessitava de um tempo, e até este tempo passar, o esposo não poderia vê-la. Mas ele contraria as ordens e com uma lanterna vai atrás para vê-la, e a encontra com o corpo totalmente decomposto e repleto de vermes. Izanagi, horrorizado, a repudiou e fugiu, e Izanami, humilhada, criou e enviou milhares de deuses malignos e demônios que povoaram o mundo dos infernos, para perseguir Izanagi e expulsá-lo de sua presença. Depois fechou a entrada, selando a comunicação entre os mundos. Izanagi ao sair dos infernos, lavou-se no mar, para se livrar da sujeira e imundície que o tomaram no mundo inferior, e a sujeira se tornou deuses malignos e demônios do mundo vivo. Então ele criou deuses bengnos e deuses das águas marinhas para contrabalançarem e equilibrarem o mundo. Por fim, ele lavou o rosto, e do olho esquerdo nasceu Amaterasu, a principal deusa japonesa, a deusa do sol, e do olho direito nasceu seu irmão, Yomi, deus da Lua, e do nariz Susano, deus da tempestade. O mito de Izanami e Izanagi remete, como os mitos de Orfeu e de Lilith, ao horror do ser vivo à morte, à putrefação, à condição da carne vulnerável e ao horror dos infernos. Quando Yomi foi visitar Inari, recebeu deles um banquete digno dos deuses. Mas ao saber que toda a abundância gerava-se a partir da goela de Uke-Mochi, ficou tão enojado que matou Uke-Mochi, fazendo que Inari tivesse de assumir as funções da esposa.


Montanhas
Não encontrei nenhuma referência a mitos exclusivos dos montes, talvez por se tratar de mitos muito menores do panteão japonês e provavelmente só serem encontrados em referências bem específicas. Mas segundo o folclore japonês, as montanhas são sagradas, e quase todas possuem alguma relação com o sobrenatural. O monte Fuji, por exemplo, acredita-se, comporta uma passagem a outros mundos, além de abrigar a deusa Konohana-Sakuyahime, deusa que faz as flores abrirem. O fato é que os montes de nome Hiei e Kurama abrigam igualmente suas lendas. Kurama, no sul do Japão, é muito visitado nos festivais, quando as cerejeiras estão em flor e as pessoas se reúnem nele em grande número para comemorações. Hiei, no nordeste, já é famoso por abrigar mosteiros de religiões budistas. Os dois montes são conhecidos também por sua relação com o sobrenatural, acreditando-se que guardam em suas terras portais de ligação entre o mundo dos demônios e o mundo dos humanos.

Objetos Sagrados

Os três objetos sagrados imperiais japoneses - o espelho, a espada e a jóia - parecem ter sido alguma referência para os 3 objetos sagrados do Reikai que Yusuke tem de recuperar. Com a exceção da jóia que é trocada pela bola de Gouki. O espelho é sagrado por ter sido o objeto que trouxe Amaterasu de volta da caverna em que se escondeu do mundo, levando consigo o dia já que era a deusa do sol. Quando Susano, deus da tempestade nasceu, e com ele Yomi, deus da Lua e Amaterasu, a Susano foi dada a incubência de criar mais deuses. Susano era armado de uma espada, que Amaterasu partiu em 3, de onde foram criadas 3 deusas. Depois Susano pediu os 5 colares de jóias de Amaterasu, também transformando-os em deuses. Mas Susano era um deus impulsivo, e logo entrou em frenesi com o seu poder, e iniciou uma imensa tempestade, provocando estragos no céu e na terra. Mesmo com os gritos de Amaterasu não se deteve, e ao criar um buraco numa pedra, Amaterasu escondeu-se lá, fechando a entrada e se recusando a sair. Com isso, o dia foi-se embora, e espíritos maus e demônios puderam assolar o mundo, causando maiores danos. Os deuses se reuniram para tentar bolar um plano para retirar a deusa de sua cova. Penduraram em frente à porta jóias e um espelho, e realizaram uma celebração ruidosa com cantos e danças. Atraída pelo som, Amaterasu chegou à entrada e se refletiu no espelho, enquanto os deuses aproveitavam para tirar a pedra que selava a caverna e retirá-la de lá de vez. Com isso, a terra foi iluminada e os demônios e deuses malignos retornaram aos seus esconderijos. Continuando a história, Susano é duramente punido e exilado, e passa a viver em vagabundeios e aventuras. Numa delas, vai ao encontro de uma serpente de 8 cabeças que a cada ano devorava uma das filhas de um pobre casal de camponeses. Susano vai ao encontro da serpente e a embriaga com 8 tigelas de saquê, aproveitando-se quando o monstro cai em sono profundo para matá-lo. De sua barriga, retira uma espada milagrosa, que passou a usar, jóias e e um espelho. Espelho, Jóia e Espada se tornaram objetos símbolos das divindades, carregando poderes formidáveis, e mais tarde tornaram-se símbolos imperiais japoneses, tesouros sagrados. Atualmente são incluídos nos rituais xintoístas.

Gouki
O "demônio faminto", o que come almas, para aplacar a fome, de preferência as das crianças, que são mais fracas e mais suscetíveis aos ataques. Gouki costuma receber de monges dos monastérios zen oferendas para aplacar sua fome, em forma de pequenas refeições deixadas para o caso de sua visita.

                                     Momotaro
Um herói popular do folclore japonês. Ele nasceu de um pêssego e aos 15 anos partiu para um missão de enfrentar e destruir os onis que infestavam uma região. Ele foi auxiliado por 3 animais, um cão, um macaco e um faisão, que o ajudaram a destruir todos os demônios. Estes animais foram encontrados um a um por Momotaro em sua jornada e juntam-se à ele em troca de um bolinho de arroz, emprestando sua força e
qualidades ao rapaz. Juntos obtêm a vitória contra os onis e mais tarde também em outras aventuras.



Uraishima
Outra lenda muito popular. Uraishima era um simples pescador que um dia pesca uma tartaruga. Ao devolver o animal às águas, a vê se transformar numa bela mulher, que agradecida lhe revela ser a filha do Rei do Mar, e o convida a vir ao seu reino para conhecê-lo. Uraishima a acompanha e desce ao reino do mar. No Palácio abaixo das ondas, acaba se apaixonando pela jovem e casam-se. Mas Uraishima sente saudades da terra dos humanos e de seus pais, e pede para voltar para uma visita. Sua esposa entrega-lhe um pequeno cofre, que deveria carregar consigo e jamais abrir. Assim, poderia regressar às águas após a visita, caso contrário, se abrisse a caixa, nunca voltaria. Uraishima faz votos de obedecer à advertência e vai ao Japão, mas tem uma horrível surpresa. Enquanto nas águas haviam se passado poucos meses, no mundo dos humanos se passaram séculos. Seus pais haviam morrido já há muito tempo, e acreditando que o filho se afogara no mar. Desesperado, Uraishima abre o cofre, contrariando as recomendações da esposa. Da caixa sai um vento
gelado e fumaça branca, que prontamente transformam Uraishima em um ancião, trazendo-lhe de volta todos os anos passados em sua terra natal. Uraishima descobre que um mortal não pode habitar mundos diferentes sem uso de magia. Mas o faz tarde demais, em questão de segundos já se torna idoso demais e morre, e resta apenas um cadáver sentado à beira do mar...



                  Demônios, Youkais, Onis

Designações comuns para espíritos. Não necessariamente malignos, embora muitos o sejam, mas quase sempre apreciam e muito pregar peças em humanos, muitos deles sendo antropófagos. Onis são normalmente mais monstruosos, em forma humanóide, mas com caudas, garras afiadas, 3 olhos, bocas imensas, presas e chifres. Gostam especialmente de infernizar as
almas de pessoas enfermas ou próximas à morte. Para afastá-los, frequentemente sao necessários rituais. Os onis também agem em terremotos e eclipses, e agem especialmente nos tempos de hoje, pelo estilo menos espiritualizado das pessoas, comparado com os tempos antigos em que se devotava mais tempo às questões religiosas e meditativas. Youkais seriam uma denominação comum a diversos tipos de demônios. No panteão japonês existem muitas espécies deles. Praticamente todas as coisas do mundo teriam um espírito, ou uma energia semelhante a isto, sejam objetos, animais, plantas, etc. Assim, existem demônios e criaturas sobrenaturais de todas as formas. Animais como as raposas e os gatos teriam uma maior proximidade com o mundo espiritual, o que levaria a existirem muito demônios felinos ou vulpinos, por exemplo. Determinados locais também teriam maior proximidade aos mundos sobrenaturais, havendo assim maior profusão de seres demoníacos nestas partes. Existem
demônios e espíritos como os kappa, (espíritos das águas que arrastam crianças e animais
para afogarem-nos nos lagos e se alimentarem de seu sangue) os mononokes (Se você lembrou de Myazakhi, acertou! ^_^), onis, ten-gus (espíritos das montanhas e florestas), yamanba e yama-ubu (espíritos das montanhas), demônios-raposas, demônios-gatos e muitos outros. A proximidade do Japão com uma natureza de certa forma monstruosa, com tanta frequência de terremotos, maremotos, etc, vale a pena lembrar, não deixa de ser uma razão de haver entre os mitos japoneses tantas figuras terríveis e tantos monstros! Entre os japoneses, por exemplo, pequenos terremotos são tão comuns como chuvas para o brasileiro. Nós nos assustamos com isso como pessoas de países que não têm praticamente chuva se assustam ao saber o quanto chove em nossas terras e o quanto achamos isto perfeitamente normal.


                                Raposas
A raposa seria um animal profundamente ligado ao elemental da Terra, assim sua proximidade com a terra, a floração, a colheita, como em sua relação com Inari. Existem lendas ligando as raposas e a floração das cerejeiras ou pessegueiros, por exemplo. Em outros povos, esta relação é igualmente encontrada. Entre os mitos europeus, por exemplo, os gnomos, entidades vinculadas à terra, viajam cavalgando em raposas, animais com os quais têm uma relação especial. Assim, a relação entre Kurama e suas plantas é perfeitamente compreensível, apesar de não saber se assim ocorre com todos os youkos e demônios raposas. Essa tradição de proximidade provavelmente encontra fundamento no fato da raposa sempre habitar em covas subterrâneas, que ela escava no solo. Já a raposa oriental, embora seja a mesma raposa que corre nas florestas do ocidente, encontra um papel especial nos mitos orientais.
Na China, de onde se originou este mito, as estatísticas lhe conferem uma média de vida que oscila entre 800 e 1000 anos. Neste país é comum encontrar raposas habitando em túmulos, e daí surgiu a idéia da raposa como ser psicopompo (nome dado aos seres que acredita-se guiar os mortos para seu lugar de destino após a morte).Os homens, quando morrem, costumam transmigrar em corpos de raposas, ou acompanhados das mesmas. Chegava a ser temida por poder vir a vingar-se dos vivos por erros dos mortos, com os quais comungava, passando a conhecer-lhes seus segredos.
Seu papel é bastante ambíguo. Para alguns, é considerada de mau agouro e para outros é um animal benevolente. Conta a lenda que o imperador chinês Yu viu uma raposa branca quando buscava por uma noiva, e entendeu isso como um sinal de bom presságio.
A raposa possui diversos poderes especiais. Conhece o segredo da longevidade, tem afinidade com o fogo e pode produzi-lo golpeando a terra com a cauda e causando incêndios, ou simplesmente cuspindo uma bola de fogo. Ela também prevê o futuro e sabe o tempo de sua própria morte, a qual enfrenta com dignidade. Cada parte de seu corpo usufrui de uma virtude especial. Pode assumir muitas formas, preferencialmente de anciãos, jovens donzelas ou eruditos. É astuta, cautelosa e cética; seu prazer está nas travessuras e nos tormentos.
Existem milhares de lendas sobre ela. Aqui segue uma:
"Wang viu duas raposas paradas nas patas traseiras e apoiadas a uma árvore. Uma delas tinha na mão uma folha de papel e riam como que compartilhando um gracejo. Tentou espantá-las, mas se mantiveram firmes, então ele disparou contra a que segurava o papel. Feriu-a no olho e levou consigo o papel. Na estalagem contou aos outros hóspedes sua aventura. Enquanto falava, um cavalheiro entrou, e observou que tinha um olho ferido. Escutou com interesse o relato de Wang e pediu que lhe mostrasse o papel. Wang já ia mostrá-lo quando o estalajadeiro notou que o recém-chegado tinha cauda. "É uma raposa!", gritou, e imediatamente o cavalheiro se transformou no animal e fugiu. As raposas tentaram várias vezes recuperar o papel, que estava coberto de caracteres indecifráveis, porém fracassaram. Wang resolveu voltar à sua casa. No caminho encontrou-se com toda a sua família, que se dirigia à capital. Disseram que ele lhes havia ordenado essa viagem, e sua mãe mostrou a carta em que lhe pedia que vendesse todas as propriedades e se reunisse a ele na capital. Wang examinou a carta e viu que era uma folha em branco. Embora já não tivessem teto que os abrigasse, Wang ordenou: "Regressemos." Um dia apareceu um irmão mais jovem, que todos haviam dado por morto. Perguntou pelas desgraças da família e Wang contou-lhe toda a história. "Ah!", disse o irmão quando Wang chegou à sua aventura com as raposas, "aí está a raiz de todo o mal." Wang mostrou o documento. Arrancando-o de suas mãos, seu irmão o guardou com presteza. "Finalmente recuperei o que procurava!", exclamou, e, transformando-se numa raposa, partiu!"
Nos mitos chineses consta ainda a viagem de Da Yu, o deus que inspecionava o mundo, em sua criação, no processo de controlar as águas. Durante suas viagens, observava coisas extraordinárias, que ia anotando e depois narrou-as aos seus ministros, criando o Shan Hai Jing, o Livro dos Montes e Mares. Narra uma série de monstros e bestas, demônios que povoam já o mundo. Entre os diversos tipos de seres meio animais meio demônios, descreve as raposas, animais de um gênero especial, comumente de nove caudas, esbeltas e sempre muito chamativas pela beleza, com seus focinhos pontiagudos, pêlos dourados ou prateados e espessas caudas. Por trás da beleza, eram na realidade criaturas extremamente manhosas, e podiam se transformar e metamorfosear em várias criaturas, até em seres terríveis, embora por vez usassem tomar a figura de lindas jovens, com o intuito de atrair os homens para o interior das florestas e devorá-los.
Os mitos chineses geraram muitos dos mitos japoneses, e a lenda da raposa tomou forma e consistência na cultura nipônica. No Japão, as raposas são popularíssimas sobretudo na ilha de Hokkaido, onde são numerosíssimas. Chegam a correr livremente em meio as lavouras e cidades menores, embora lá sejam vistas, em função das lendas que as seguem, com mais respeito e estima que em outros países, como na Inglaterra, em que armadilhas e iscas envenenadas aguardam as que sobrevivem aos caçadores.
As lendas das raposas japonesas, idênticas às lendas chinesas, descrevem o animal inteligente e cínico, que gosta de pregar peças, tomar formas alternativas para enganar ou atrair suas presas e especialmente se disfarçar sob a forma humana, podendo ser entretanto flagrada por quem tenha dons especias, que consegue enxergar-lhe a cauda. Ou por pessoas que estejam próximas da morte.
As raposas participam do filme "Sonhos" de Akira Kurosawa, no primeiro dos sonhos, que descreve o castigo vivido pelo menino ao assistir à uma cena que é fácil de ser vista em meio à neve do final do inverno... o acasalamento das raposas.



Yuki-Onna
Yuki-Onna - Mulher da Neve, Mulher do Gelo, Sereiia do Gelo, ou a Rainha dos demônios do gelo. Ela é a Senhora da Neve, e representa morte. É um mito próximo ao mito grego das sereias ou ao mito indígena brasileiro da Yara. As Yukio-Onnas cantam para seduzir os homens, fazendo-os se perder nas nevascas e morrer congelados. Frequentemente elas aparecem na forma de mulheres belas e jovens, e em muitas lendas elas se apaixonam por homens e se aproximam deles, casando-se e constituindo família, tendo filhos, inclusive. Entretanto, a história de amor sempre finda com o desaparecimento dela num dia de maior bruma ou de tempestade, provavelmente quando o chamado de seu mundo se torna mais forte. Aqui está uma lenda de Yuki-Onna:
"Uma noite, um homem chamado Mosaku e seu aprendiz, Minokichi, foram forçados a se abrigar em uma pequena cabana. No meio da noite, Minokichi despertou e viu Yuki-Onna agachada sobre o mestre dele, ela soprava um ar semelhante a um fumaça branca sobre Mosaku. Então ela se virou a Minokichi, e pairando em cima dele, falou para ele que devido a sua mocidade e beleza, ela não lhe faria o mesmo e que se ele ousasse repitir o que ele tinha visto, ela o mataria. Após Yuki-Onna ir embora, Minokichi correu para seu mestre e o tocou com a mão, verificando que Mosaku estava frio como gelo. Mosaku estava morto.
Durante o inverno seguinte, Minokichi conheceu uma jovem chamada Yuki, e os dois se casaram. Ela lhe deu dez crianças, com pele alva como a neve. Certa noite, Yuki estava cosendo sob a luz de uma luminária de papel, e Minokichi disse a ela: " Yuki, você me faz lembrar tanto de uma mulher branca e bonita que conheci quando eu tinha dezoito anos. Ela matou meu mestre com sua respiração fria. Eu tenho certeza de que ela era algum espírito estranho, e esta noite parece se assemelhar a você "!
Com um sorriso horrível, gritou ela: " Era eu, Yuki-Onna que fui então a vocês e silenciosamente matei seu mestre! Oh, incrédulo miserável, você quebrou sua promessa de manter segredo sobre o que aconteceu, se não fosse pelas nossas crianças que estão dormindo eu o mataria agora! Lembre-se, se eles reclamarem de você eu ouvirei, eu saberei, e numa noite quando a neve cair eu matarei você!" Com isso, ela tranformou-se em uma névoa branca e foi embora. Ela nunca mais retornou."


                                    Raiden
  É o deus do trovão e da guerra. Mas agora creio que este deus não tem muito a ver com Raizen, e mais com o Raiden de Mortal Combat, por exemplo, ou aquelas figuras do filme "Aventureiros do Bairro Proibido". Ele é representado montado numa nuvem e derramando chuvas de raios. Por vezes é representado como um deus vermelho e de garras afiadas, e adora, apaixonadamente, comer umbigos humanos... (?___?) A única proteção contra ele é se esconder debaixo de um mosquiteiro... *__*
                                        Os Três Mundos

Na mitologia japonesa existem 3 mundos. Um deles seria o céu, com suas deidades, como Amaterasu, e com um relevo semelhante ao do Japão, atravessado por rios celestiais, largos e rasos. O outro seria a Terra, as ilhas do Japão. Possui também suas deidades e demônios, sendo ligada aos outros mundos por portais e passagens secretas, como uma ponte arco-íris ou escada que ligaria ao céu. Abaixo da Terra, estaria a terra dos mortos e das trevas, reinado da maioria dos demônios, local sem lei e sem ordem.


                                  Enma-O



O deus do submundo - ele vive abaixo da Terra dos vivos nas Terras Amarelas, em um castelo de ouro e prata, cravado de pérolas e outras jóias. O reino de Emma em algumas vezes é referido como Jigoku, um inferno dividido em 8 infernos de fogo e 8 de gelo. Quando alguém morre, é levado até o rio Sanzu ou Rio das Três Correntes.

Existem 3 formas de se atravessar o rio: os virtuosos o fazem através de ponte cheia de pedras preciosas; os pecadores menores o atravessam a nado por um local de pouca profundidade; e os pecadores maiores através de uma gargata profunda, turbulenta e cheia de mostros. Chegando a outra margem do rio, o morto deve realizar um pagamento à velha, Sodzu-Baba, que o exige para permitir que o viajante passe adiante, exatamente como Caronte, o barqueiro do rio dos Mortos, na mitologia grega. No caso, se for contrariada, ela rouba as roupas do mortos. Então o falecido deve atravessar o Shinpan no Mon (o Portal do Julgamento ou Portal do Juízo) e aí chegar ao castelo de Emma-O. Ele recebe as almas finadas como o primeiro dos juízes e as julga antes de serem encaminhadas para suas punições, julgando todos os pecados e atos da alma de acordo com as leis de Buda. Frequentemente usa um espelho para enxergar os pecados que o morto tenta esconder e saber a qual destino deve encaminhá-lo. É acompanhado por demônios oficiais, como seus dois ministros decapitados que tomam registro das obras boas e más do morto, e aos quais nada pode ser escondido. Observe a foto ao lado de uma estátua de Enma junto com seus atendentes. Ele é a figura do meio. Essas são esculturas originárias de um templo chamado "Enma-do in Oyamazaki-cho", e pertenciam à prefeitura da cidade de Kyoto, Japão, mas agora elas pertencem a um templo também em Kyoto chamado "Hoshaku-ji".

Emma é um deus extremamente impiedoso, sentenciando, por exemplo, pessoas que mataram algum inocente em sua vida a torturas e castigos horríveis, como colocar o condenado em uma bola rolante cheia de metal fundido. Em algumas vezes, pode se mostrar menos impiedoso e dar novas chances aos que aparecem diante dele, dando-lhes segunda chance e retornando-os à vida (cadê o Yusuke? ^_^).

Após o julgamento, o morto é enviado pra outros tribunais, cada um destinado a um tipo de castigo específico. Ao final, o morto passa por uim décimo juiz que verifica se os castigos foram todos cumpridos e os pecados todos expiados, antes de atribuir à alma uma nova e adequada encarnação.


Todo ano em julho, os japoneses celebram o "Obon" (O Festival dos Mortos, talvez semelhante ao nosso dia de Finados). Alguns lugares celebram em agosto de acordo com o antigo calendário lunar. Diz-se que no último dia desse festival, o mar se enche de navios fantasmas carregando as almas dos mortos e fantasmas de volta para o reino dos espíritos. O mar se ilumina com a energia dos espíritos e pode-se ouvir os lamentos à distância. Neste dia é melhor que os navios dos seres vivos não tentem navegar. Na verdade as luzes que tomam as águas são as oferendas que os japoneses enviam aos espíritos de seus ancestrais para que eles não sofram depois da morte, quando tiverem que se apresentar diante de Enma-daiou. Emma é frequentemente usado como uma figura para assustar as crianças travessas.

                   Quatro Animais Sagrados


Sem dúvida os animais que inspiraram os 4 personagens da primeira missão do quarteto: Byaku, Seiryu, Susako e Genbu.
O mundo segundo a mitologia chinesa é criado de um ovo, o ovo cósmico, do qual sai Pan Ku, o deus criador. Reunindo os animais sagrados, criou o restante do mundo. Estes animais sagrados são 4: o dragão, a fênix, a tartaruga e o tigre. Por vezes são 5 - acrescenta-se o unicórnio. Representam os 4 pólos - norte, sul, leste, oeste - são as energias representadas no Feng Shui, o estilo de harmonização de ambientes que hoje, com o boom esotérico, virou moda - uma pena, pois sem entender as origens, acaba se transformando em banalização e parece mais uma superstição do que uma crença fundada em uma filosofia.

Dragão (long em chinês, ryu em japonês) - o dragão oriental é enormemente diferente do ocidental. Misto de vários animais místicos - olhos de tigre, corpo de serpente, patas de águia, chifres de veado, orelhas de boi, bigodes de carpa, juba... e por aí vai. Representa a energia do fogo, que destrói mas permite o nascimento do novo. Enfim, é a transformação. Simboliza a sabedoria e o Império. É representado de várias formas, a mais comum é o dragão de 4 patas, cada uma com 4 dedos para frente e 1 para trás, o dragão imperial, ou carregando uma pérola numa das patas - dragão das águas marinhas. A Imagem de um dragão azul preside o pólo oeste, o oriente.

Tigre - o tigre - animal comum na china - reppresenta a energia bruta e violenta, a força e o empreendimento. Lao-tsé-tung, criador do taoísmo, fala de cinco tigres, que guerreavam contra demônios e defendiam com devoção o mundo. Cada um dos tigres cuidava de um pólo, um tigre vermelho para o sul, um tigre negro para o norte, um tigre branco para o leste e um tigre azul para o oeste, tendo ainda um amarelo, central, que representava o império. Este sistema se assemelha ao dos 4 animais sagrados - mesmas cores. Um tigre branco preside o pólo leste - o oriente.

Fênix - (feng em chinês, suzako em japonês) aqui difere de novo do ocidente. Para nós a fênix é uma águia em chamas. Para o oriente é um faisão colorido. Simboliza a reencarnação e o renascimento. Diz-se que na Antiguidade visitava os palácios imperiais. Apenas a fêmea, pois o macho, que tem três patas, vive no sol. Há relatos de que nas regiões infernais existe uma alta torre com o nome de Torre da Fênix. Uma fênix vermelha preside o pólo sul.

Tartaruga - a que transporta e sustenta o mundo. A mitologia chinesa derivou da hindu. Nos mitos hindus uma tartaruga carrega o mundo nas costas. Para os chineses antigos, o mundo é composto de um céu hemisférico e uma terra quadrada. Assim, a forma da tartaruga, com seu casco, é a imagem modelo do universo. Segundo os mitos chineses, uma antiga tartaruga, a mãe de todas as tartarugas, saiu de um rio e revelou ao imperador Yü como deveria ser dividido o mundo. Essa tartaruga era feita de fogo e água, e da luz das estrelas, e no casco trazia gravado o Hong Fan (a Regra Geral) com um diagrama das divisões do mundo. Uma tartaruga negra preside o pólo norte.

Unicórnio (em chinês, K'i-lin) - este não esteve presente em YYH, mas cito aqui porque também é um animal sagrado nos mitos chineses - também bem diferente do unicôrnio ocidental. O nosso unicórnio tem corpo de veado, cabeça de cavalo, cauda de leão e um chifre na testa. O unicórnio chinês tem corpo de veado mas cabeça de dragão, e corpo escamado, verde. Tem chifres como os do veado, mas feitos de carne. Vê-lo significa bom presságio, matá-lo ou ver seu cadáver péssimo presságio. Diz-se que a mãe de Confúcio, enquanto o gestava, viu um animal destes, e que mais tarde o filósofo viu um unicórnio morto por caçadores e chorou, pois além de saber que era sinal de mau agouro, em seu chifre estava uma fita - a fita que sua própria mãe amarrara.