CIÊNCIAS OCULTAS
Pode-se compreender por Ciências Ocultas,
as atividades e ensinamentos de fundamento místico, que,
de certa forma, buscam um embasamento científico. Aparentemente,
este conceito é paradoxal. Porém, a Alquimia, Astrologia,
Numerologia e algumas modalidades de Magia, entre outros, podem
se enquadrar nesta definição.
A alquimia, por exemplo, é considerada
antecessora da química moderna; enquanto fundamentos matemáticos
são aplicados à Astrologia e Numerologia. Dessa forma,
verifica-se que estas "Ciências Ocultas" transitam
entre as bases exatas da ciência, da sabedoria e da espiritualidade
ancestrais, oferecendo uma inesgotável fonte de conhecimento
àqueles que se aventurarem por seus caminhos.
O significado da Alquimia pode assumir
diversas conotações de acordo com o contexto em
que é aplicada e da forma como é interpretada. A
alquimia pode ser considerada uma modalidade de ciência,
talvez a mais antiga da história da humanidade, que originou
diversas outras, inclusive a química contemporânea.
Porém, não é possível classificá-la
apenas como uma ciência. Isto porque, na alquimia, inclui-se
diversos elementos místicos, filosóficos e metafóricos;
além de uma linguagem simbólica e interpretativa.
Assim, podemos classificá-la genericamente como uma antiga
tradição que combina química, física,
arte e ocultismo.
Por
esse motivo, a alquimia também é classificada como
uma ciência ou arte hermética. Neste caso, hermético
é uma alusão direta ao lendário Hermes Tris-
megistus e significa de difícil acesso e compreensão,
reservado apenas para os Iniciados nas artes ocultas.
Esta camada de incertezas relaciona-se também
quando se discute a origem da palavra. Alquimia pode ser originada
no vocábulo árabe kimia, que por sua vez,
deriva-se da palavra egípcia keme, que significa
terra negra e era uma das formas usadas para referir-se ao Egito,
país onde provavelmente surgiu a alquimia. Ainda, pode-se
considerar que a palavra tenha surgido da expressão árabe
al khen que tem raiz grega na palavra elkimya
e significa o país negro. Também cogita-se uma origem
direta no grego, na palavra chyma que se relaciona à
fundição de metais.
Os preceitos da alquimia se encontram condensados
na misteriosa Tábua Esmeralda. A esmeralda era
considerada a pedra preciosa mais bela e com uma simbologia maior.
Uma das características principais dos tratados
alquímicos é a linguagem complexa e rebuscada na
qual são redigidos. Durante a Idade Média, isto
poderia ser um recurso usado pelos alquimistas para que não
fossem alvo da perseguição da Santa
Inquisição. Porém, também é
possível que os autores tentassem ocultar as fórmulas,
de modo que apenas outros alquimistas compreendessem.
Símbolos
e objetivos
Na linguagem alquímica encontra-se associação
de símbolos astrológicos com metais. O Sol, por
exemplo, é associado ao ouro; a Lua representa a prata;
Marte associa-se ao ferro enquanto Saturno ao chumbo. Animais
(mesmo mitológicos como o dragão) e suas características
também são usados para definir os elementos e as
substâncias e os processos ao qual são submetidos.
O unicórnio ou o veado é usado para representar
o elemento terra; o peixe representa a água; pássaros
fazem referência ao ar e salamandras aludem ao fogo. Ainda,
o sal é normalmente representado por um leão verde.
A fase de putrefação do processo alquímico
é representada por um corvo.
Esta simbologia alquímica é encontrada
até mesmo mesclada com ícones do cristianismo medieval.
Por exemplo, nas seculares catedrais góticas, há
uma imensa combinação de imagens cristãs
com animais, símbolos químicos e zodiacais.
De forma geral, pode-se definir três objetivos
básicos da alquimia. O primeiro e, conseqüente- mente,
mais importante é produzir a chamada Pedra Filosofal
(ou mercúrio dos filósofos, entre outros
diversos nomes) que seria uma substância obtida a partir
de matéria-prima grosseira. Através da Pedra Filosofal
seria possível atingir os outros objetivos, que seria a
transmutação da matéria (metais inferiores
transformados em ouro) e produzir o Elixir da longa vida,
uma espécie de medicamento universal que tornaria a pessoa
que fizesse uso, imune a qualquer doença. Os sábios
alquimistas ocidentais afirmavam que a obtenção
de ouro foi um fracasso pela falta de concen- tração
e preparação espirituais dos que realizavam as experiências.
Ainda, entre os alquimistas, há uma idéia
de criar vida humana de modo artificial. O homúnculo
(do latim, homunculus, pequeno homem) seria
uma criatura de aproximadamente 12 polegadas de altura que poderia
ser criada através de sêmen humano colocado em uma
retorta totalmente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante
40 dias. Assim se formaria um embrião. Possivelmente, Paracelso
foi o primeiro alquimista a divulgar este conceito.
Porém, é provável que a verdadeira
intenção dos alquimistas era promover uma profunda
mutação na alma e na natureza humana. Este objetivo
fica camuflado sobre fórmulas químicas e simbologias
complexas.
A alquimia na
história
Na China, a prática da alquimia estaria
associada ao Taoísmo, que é o ensinamento filosófico-religioso
chinês. Além da associação à
filosofia védica, na Índia, por volta do ano 1000
a.C., que apresenta semelhanças com alguns fundamentos
alquímicos. No Egito antigo, era considerada obra do deus
Thoth (divindade associada à Hermes Trismegistus. Ainda
no Egito, na cidade de Alexandria, a alquimia recebeu influência
da filosofia neoplatônica, que se baseia no conceito de
que a matéria, apesar de múltiplas aparências,
é formada por uma substância única. Esta seria
a justificativa para a transmutação almejada pelos
alquimistas através da fusão dos quatro elementos
fundamentais da Antigüidade: fogo, ar, água e terra.
De qualquer forma, a alquimia floresceu realmente
a partir de meados do século VII, quando os povos árabes
invadiram o Egito. Assim, o acervo de escritos alquímicos
foram traduzidos para os idiomas árabes e sírio.
Aproximadamente 300 anos depois, em meados do século X,
os mulçumanos introduziram a alquimia no continente europeu,
mais precisamente, através da península ibérica,
na Espanha.
No
século XIII, o conceito de quatro elementos primitivos
e geradores da natureza (água, fogo, terra e ar), foi substituído
pela idéia de que havia apenas três elementos básicos:
mercúrio, enxofre e sal. O alquimista árabe Abu
Musa Jabir ibn Hayyan al Sufi (conhecido como Geber) concluiu
que os metais eram gerados no interior da Terra e compostos de
mercúrio e enxofre. Acreditava-se que ouro e prata eram
compostos de mercúrio e enxofre em sua forma pura. Enquanto
os outros metais eram formados com enxofre impuro. Dessa forma,
concluiu-se que, se através de um processo adequado, fosse
possível "purificar" o enxofre, este poderia
facilmente ser transmutado em ouro.
No ano de 1525, surgiu uma espécie de "escola
de químicos" fundada por Paracelso.
A Iatroquímicos (iatros, do grego, médico)
tinha como objetivo principal encontrar um meio de que a humanidade
se tornasse totalmente imune às doenças naturais.
Porém esta causa poderia também ocultar a intenção
de encontrar o chamado Elixir da longa vida. Foi também
entre Paracelso e os iatroquímicos que surgiu o conceito
de quintessência, que neste caso, seria equivalente
ao "elemento divino".
Entre os alquimistas mais célebres da história,
destacam-se Tomás de Aquino, Paracelso, Nostradamus, Nicolas
Flamel e Francis Bacon. Além do lendário Conde
de Saint Germain, que teria encontrado a Pedra Filosofal e
o Elixir da longa vida.
A alquimia medieval é a responsável
pelas bases da química moderna. Além disso, os alquimistas
contribuíram imensamente com a medicina contemporânea
e deixaram como legado de alguns procedimentos que são
utilizados até hoje, como o "banho-maria" (em
alusão à alquimista conhecida como Maria, a
Judia). Porém, a maior influência da alquimia
encontra-se nas ciências ocultas ocidentais agindo diretamente
na sabedoria e natureza humana.
A palavra astrologia tem
origem no grego astrología e remete-se ao latim
por astrologia. Numa definição acadêmica,
pode se compreender a astrologia como "estudo ou conhecimento
da influência dos astros, especialmente de signos, no destino
e no comportamento dos homens".
Porém, sob uma definição
mais precisa, a astrologia é uma protociência; ou
seja, uma área de estudo que ainda não possui comprovação
científica, que se baseia na observação do
céu e dos astros com a finalidade de prever épocas
mais adequadas para o plantio, colheita e pesca, por exemplo.
De modo gradativo, o conceito de previsão astrológica
se estendeu além das atividades de subsistência e
passou a ser utilizado também para a política, monarquia,
aspectos sociais e outras áreas de interesse comum às
antigas civilizações.
Origem e história
A
astrologia é peça fundamental da espiritualidade,
arte e ciência, da maioria das civilizações
da antiguidade. Em rústicas representações
rupestres, é possível encontrar referências
aos astros em função de prever fenômenos naturais.
Até mesmo Stonehenge
poderia ser um observatório astrológico.
Por este motivo, torna-se impreciso especificar
um período ou região que a astrologia tenha surgido.
Mas, há registros históricos no Egito e na Suméria
(atual Iraque) que datam de 5000 a.C. e 4200 a.C.. Uma das mais
antigas referências estava na biblioteca de Assurbanipal,
na Babilônia. Ainda, considera-se que a possível
origem das observações astrológicas seja
na civilização do Vale do Indo, na Ásia Meridional.
Na China, segundo a crença, Buda, momentos
antes de sua morte, convocou os animais para se despedir, mas
apenas 12 compareceram e a astrologia chinesa foi fundamentada
nestes 12 animais. A Índia passou a utilizá-la por
volta de 1500 a.C. A astrologia dos astecas utilizava vinte signos.
Os caldeus (tribo do litoral do Golfo Pérsico e componente
do Império da Babilônia) já utilizavam a astrologia
de um modo mais complexo. Seus estudos não se apoiavam
apenas nos movimentos do Sol e da Lua, mas também de todo
um conjunto de astros, seus percursos e análises matemáticas.
O misterioso personagem Hermes Trimegisto (autor
do livro Caibalion)
era versado em astrologia. O mapa astral pessoal mais antigo remete
ao ano 409 a.C.. No ano 640 a.C, na Grécia, a astrologia
se popularizou com Aristóteles, Hiparco e Ptolomeu. Em
Roma, era peça fundamental da estrutura social e monárquica.
Mas, com a queda do Império Romano no século V e
a gradativa ascensão da Igreja Católica, a astrologia
foi relegada à condição de "superstição
pagã".
Na baixa Idade Média, a astrologia ressurgiu
e se fortaleceu com o resgate da arte e filosofia da antiguidade.
Nesse mesmo período, os conceitos matemáticos passaram
a fundamentar o estudo da astrologia. O filósofo e teólogo
alemão, Alberto Magno (1200 - 1280) potencializou o estudo
da astrologia ao tentar separá-la de sua conotação
pagã, atribuída desde o declínio do império
romano. Tomás de Aquino (1225 - 1274) interpretou que os
ensinamentos astrológicos eram complementares à
doutrina cristã. Na universidade de Bolonha, em 1125, a
astrologia atingiu a condição acadêmica.
Na Renascença, prosseguiu seu percurso sem
intervenção da Igreja. Paracelso, Copérnico,
Galileu, Newton e Nostradamus foram alguns de seus ilustres pesquisadores.
O teólogo Isidoro de Sevilha foi um dos primeiros a distinguir
a astrologia da astronomia. Esta divisão se tornou mais
nítida no século XVI.
Entre os séculos XVIII e XIX, a astrologia
continuou ganhando popularidade, mas caiu em descrédito
quando usurpadores e charlatões passaram a aplicá-la
sem recursos e conhecimento necessários. No século
seguinte, com a ascensão da Sociedade Teosófica,
liderada por Madame
Blavatsky, a astrologia começa a reconquistar
sua credibilidade. No final do século XX, é associada
aos fundamentos psicológicos do suíço Carl
Jung e, paralelamente, assume uma função menos voltada
para a previsão e consolida-se como uma ferramenta utilizada
também em técnicas psicológicas de autoconhecimento.
Astrologias
Não
há uma fórmula distinta a qual possa ser aplicada
para a prática astrológica. Por ser um campo de
estudo tão antigo e amplamente difundido, é natural
que cada cultura, período histórico e praticante,
desenvolvam métodos próprios.
Pode-se citar como exemplo a Astrologia Chinesa,
que está diretamente associada aos 12 signos do zodíaco
chinês; sendo estes signos, representações
de animais como o tigre, o dragão e o cavalo; além
da combinação dos cinco elementos (água,
madeira, fogo, metal e terra) e, obviamente, o posicionamento
e o percurso de corpos celestes.
Ainda, a Jyotisha (que pode ser compreendida
como ciência dos corpos estelares) é variação
indiana da astrologia que utiliza o conceito de Zodíaco
Sideral (com a posição astronômica atual dos
corpos celestes) é uma importante prática dentro
do complexo conjunto do hinduísmo. A astrologia ocidental,
que utiliza o Zodíaco Tropical (representando a posição
astronômica no século I), é baseada no sistema
da Grécia antiga e na interpretação de Blavatsky
no século XX. Há também a astrologia cabalística
que combina os fundamentos da astrologia oriental com a o sistema
religioso-filosófico da Cabala.
Entretanto, todos estão, de uma forma abrangente,
solidificados sob uma mesma base: a posição e o
percurso dos astros e planetas, como o Sol, a Lua e a Terra; e
as relações matemáticas (trigonométricas)
e geométricas entre este posicionamento e a movimentação.
Esta interpretação baseia-se em três itens
fundamentais: os aspectos astrológicos (relativos à
trigonometria); posicionamento em relação aos signos
do zodíaco e posicionamento em relação ao
horizonte (neste caso, zênite e nadir; ou seja, parte superior
e inferior da esfera celeste segundo o observador).
A conclusão (ou resultado) da combinação
destes elementos pode receber diferentes abordagens. Por exemplo,
a Carta Astrológica (também conhecida por
Mapa Natal e Carta Natal, entre outras denominações)
é a representação gráfica desta conclusão.
Uma pessoa (um país ou uma cidade, por exemplo) é
estabelecida como centro de um mapa celeste circular dividido
pelas 12 casas do zodíaco. A configuração
astronômica no momento do "nascimento" constitui
seu mapa astrológico. Através da abordagem da Carta
Astrológica, que é também abordagem mais
popular da Astrologia, é possível determinar características
pessoais, constituição de um país, desenvolvimento
de um governo, entre outros. Em outro caso, segundo a abordagem
da Astrologia Eletiva, é possível determinar
o momento mais adequado para iniciar um empreendimento.
Mecanismo
astrológico
Alberto Magno interpretava que os astros não
influenciavam a alma humana; porém, eram capazes de influenciar
o corpo físico e a vontade. Cornelius
Agrippa (suposto autor do Heptameron)
interpretava o universo como uma unidade (Unus Mundus)
no qual o que ocorre no mundo celestial tem impacto na esfera
dos fenômenos e é intermediado pela esfera dos corpos
celestes. Deste modo, a relação entre o campo de
atuação dos corpos celestes e o campo de atuação
humana, não é apenas uma casualidade; mas sim uma
analogia ou sincronicidade.
Correntes de estudo mais recentes buscam traçar
uma linha de conectividade entre a astrologia, em seu "estado
puro", e a comprovação científica. Desse
modo, o posicionamento dos astros, data e hora de nascimento,
criariam "campos eletromagnéticos" que influenciariam
nas características e desenvolvimento de uma pessoa, por
exemplo. Essas pesquisas utilizam métodos de estatística
e probabilidade, analogia e sincronismo. Portanto, duas pessoas
que nascem em condições astrais semelhantes, têm
(teoricamente) as mesmas características de personalidade
e tendem a seguir as mesmas profissões etc.
Um paralelo entre astrologia e biologia determina
uma relação entre os ciclos circadianos
(período de um dia no qual, por influência da luz
solar, se baseia o ciclo biológico humano). A variedade
de raios cósmicos que chegam à Terra também
são alvos de estudos científicos e astrológicos.
Atualmente, o conceito mais amplo da astrologia
já está bastante distante do que era há poucos
séculos. Ainda é considerada, por alguns, como apenas
uma superstição explorada com finalidades lucrativas.
Porém, independentemente de sua classificação
acadêmica ou de idéias superficiais, a astrologia
consolida-se como uma das mais significativas vertentes de estudo
e pesquisa de grupos esotéricos e uma importante ferramenta
que complementa outras áreas de estudo, sejam elas científicas
ou não.
A numerologia é um ramo de
estudo incluso no que é comumente conhecido por Ciências
Ocultas; ou seja, a combinação de conhecimentos
de ordem mística com uma fundamentação científica.
Deste modo, a numerologia pode ser compreendida como o estudo
da significação oculta dos números e de sua
influência em aspectos da vida cotidiana, da espiritualidade,
do intelecto, entre outros.
A numerologia pode ter sua origem
na gematria, um sistema que tem seus primeiros registros
na Torá, datando de mais de três mil anos. A gematria
consiste em atribuir um valor numérico às letras
que compõem somente o alfabeto hebraico. O resultado da
soma dos valores numéricos relacionados às letras
de uma determinada palavra atribui a esta uma característica
específica. Desse modo, a numerologia seria apenas uma
"versão" da gematria adaptada ao alfabeto romano.
Por
outro lado, a origem da numerologia pode estar nos estudos do
filósofo e matemático grego Pitágoras (571/0
a.C – 497/6 a.C). Segundo o filósofo, os números
são a essência física e etérea de tudo
que há no universo. Os números trazem características
próprias. Quando combinados ou calculados, expressam uma
relação estreita e harmônica com fenômenos
naturais como o ciclo das estações e movimento dos
astros, ou com a harmonia musical e proporções geométricas.
Entretanto, devido à biografia confusa e obscura de Pitágoras,
parte de sua conceituação matemática combina-se
com noções esotéricas. Por este motivo, seus
pensamentos e estudos não são totalmente aceitos
por pesquisadores.
A numerologia também é
utilizada como uma ferramenta de autoconhecimento. É possível,
utilizando-se como referência uma tabela que relaciona letras
a valores numéricos, realizar a soma das letras que compõem
um nome próprio ou dos números de uma data específica,
e assim obter um resultado que deve ser reduzido a um dígito
(de 1 a 9), que expressaria individualmente "vibrações
numerológicas". Ainda, em algumas tabelas, considera-se
resultados compostos por dois dígitos iguais, como 11,
22, 33, etc.
Também, de um modo geral,
é razoavelmente comum a prática da alteração
de nomes próprios com o propósito de que, sob o
ponto de vista da numerologia, esta mudança produza vibrações
mais favoráveis. Nestes casos, costuma-se alterar a grafia
do nome, seja substituindo letras de fonética semelhante,
acrescentando ou suprimindo preposições, entre outros.
Porém, não é
possível afirmar que haja um número com características
superiores a outros. Cada número possui propriedades positivas
e negativas, que podem favorecer ou dificultar o desenvolvimento
de determinadas atividades, situações, profissões,
relacionamentos afetivos, financeiros, etc.
Abordagens
Numerológicas
Apesar de ser estudada e praticada
há milhares de anos, a numerologia mantém uma certa
unidade estrutural; isto é, não sofreu muitas transformações
ao longo da história, mesmo sendo adotada por escolas e
tradições esotéricas bem diversificadas.
Mas, ainda, há pelo menos dois ramos de abordagem da numerologia:
Numerologia Pitagórica e Numerologia Cabalística.
A numerologia pitagórica
baseia-se exatamente nos fundamentos matemáticos de Pitágoras.
Não é considerada divinatória, mas apenas
expõem tendências futuras em relação
às vibrações produzidas por números.
A numerologia pitagórica é mais popular devido ao
fato de ser menos complexa, podendo ser praticada seguindo a orientação
de tabelas. Entretanto, sua interpretação exige
maior sensibilidade e experiência do praticante.
A numerologia cabalística
combina-se com os fundamentos da Cabala (um complexo
sistema filosófico-religioso dos hebreus). A prática
e a interpretação desta abordagem da numerologia
exige um conhecimento prévio da Cabala. Entretanto, assim
como a numerologia pitagórica, se utiliza de cálculos
e relações geométricas.
A numerologia cabalística
busca referências no Antigo Testamento, para fundamentar
sua própria origem, a importância dos números
e sua relação com nomes. Por exemplo, "Então
disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel;
porque tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido."
(Gênesis – Cap. 32 – Vers. 28). Segundo a interpretação
de praticantes da numerologia cabalística, esse trecho
bíblico faz uma referência clara à importância
de que um nome seja alterado para que, conseqüentemente,
suas vibrações numerológicas tornem-se mais
positivas.
Apesar de tão antiga
e conhecida, a numerologia ainda não é unanimidade
entre estudiosos das Ciências Ocultas. Mas, seja qual for
sua abordagem, a numerologia consiste em um campo de estudo muito
amplo que necessita ser seriamente explorado.
Podemos compreender como Cartomancia
a arte de prever o futuro através de cartas, sejam elas
do baralho tradicional, tarô ou baralho cigano.
Indícios da existência
de jogos de carta são encontrados em várias partes
do mundo: no Egito, no extremo Oriente, na Índia, no continente
Americano, e até mesmo na Oceania.
A referência documental mais
antiga já menciona uma data posterior a passagem do primeiro
milênio: um dicionário chinês, publicado no
ano de 1678 cita, numa de suas passagens, que em 1120 um oficial
do imperador Huei-Song ofereceu-lhe um jogo de sua própria
invenção, constituído por 32 tabletes de
marfim relacionados com vários temas, como o céu,
a terra, o homem e a sorte.
Posteriormente as cartas apareceram na Índia onde os naipes representavam as encarnações de VISHNU (um dos principais deuses do hinduísmo). Quando os ciganos, daquele país, migraram em direção ao Ocidente levaram as cartas e a cartomancia a toda a Ásia menor e ao Norte da África.
Posteriormente as cartas apareceram na Índia onde os naipes representavam as encarnações de VISHNU (um dos principais deuses do hinduísmo). Quando os ciganos, daquele país, migraram em direção ao Ocidente levaram as cartas e a cartomancia a toda a Ásia menor e ao Norte da África.
No século XVI, as cartas
já eram conhecidas em toda as nações européias,
se tornando uma verdadeira paixão, à qual recorriam
os Reis e os Príncipes para saber o destino de seu reino.
A
cartomancia têm sido há muito considerada um domínio
especial dos ciganos, um povo nômade cujo folclore está
repleto de lendas sobre poderes secretos e ritos mágicos.
E assim como as artes milenares que eles praticam, a origem e
o modo de ser ciganos permanecem encobertos pelo mistério,
emaranhados em lendas e tradições.
Crê-se que os ciganos tenham
vivido originalmente na Índia. Mas em algum momento do
século IX, eles começaram um lento deslocamento
para o oeste. No início do século XV, grandes grupos
de pessoas de pele morena, vestidas exoticamente, alegando serem
peregrinos religiosos vindos de um país chamado Pequeno
Egito, começaram a aparecer na Europa. Esses "egípcios",
ou gypsies, como eles se tornaram conhecidos em língua
inglesa, foram de início bem recebidos pelos simpáticos
habitantes. Mas algumas tribos errantes logo ganharam má
reputação, como pequenos ladrões e trapaceiros
sem convicção religiosa.
Considerados autoridades em assuntos
ocultistas, aos ciganos foram creditados com freqüência
talentos sobrenaturais para além mesmo de suas próprias
crenças, e muitos negociaram com avidez seus supostos poderes
com habitantes locais. Normalmente, apenas algumas moedas podiam
comprar o que fosse: de ervas medicinais para dores a poções
do amor e afrodisíacos. Mas foi pela prática das
artes da profecia - leitura das cartas do tarô ou da borra
do chá, da bola de cristal ou das linhas da mão
- que os ciganos se tornaram mais conhecidos.
Atualmente, a arte da Cartomancia
já se expandiu, não sendo mais atribuída
apenas aos ciganos, embora a sua veracidade e funcionalidade sejam
ainda profundamente contestadas por grande parte da sociedade.
O
Baralho
O baralho comum contém 52
cartas, divididas em quatro naipes (paus, copas, espadas e ouros)
com 13 cartas cada. Estas 13 cartas são compostas de números
de um (ás) a dez, e mais três figuras (valete, dama
e rei), o que resulta também em 40 cartas referentes à
números e 12 cartas referentes à figuras. Estes
números permitem uma grande variedade de associações
simbólicas de diferentes tipos.
As 52 cartas do baralho podem ser
relacionadas com as 52 semanas do ano, sendo que os naipes podem,
por sua vez, serem associados às 4 estações
do ano: ouros como primavera, paus como verão, copas como
outono e espadas como inverno.
Alguns estudiosos do tema consideram
que os quatro naipes também podem ser associados aos períodos
de um dia ou de uma vida, sendo atribuída a cada um deles
a regência de ¼ dessas extensões do tempo.
O ás de cada naipe rege a primeira semana da estação
do ano a ela relacionada. O rei tem a segunda semana sob sua influência,
seguida pela dama, que rege a terceira. As regências se
sucedem na ordem decrescente, até o dois, que domina a
última semana da estação. Os quatro naipes
podem ser associados também com os quatro elementos, (fogo,
água, ar e terra) aspecto crucial na cartomancia.
As cartas vermelhas são
geralmente associadas às características femininas,
passivas, yin; as pretas relacionam-se, em geral, às características,
masculinas, ativas, yang.
O
Tarô
O
tarô possui 78 cartas, composto por vinte e um trunfos,
um curinga e quatro conjuntos de naipes com quatorze cartas cada
— dez cartas numeradas e quatro figuras (uma a mais por
naipe que o baralho lusófono).
Quando usado para fins divinatórios,
cada carta é denominada de arcano, palavra que
significa "segredos a serem desvendados" e foi incorporada
pelos ocultistas do século XIX. Os trunfos e os curingas
são conhecidos como arcanos maiores e as cinquenta e seis
cartas de naipe são arcanos menores.
Os significados divinatórios
são derivados principal-mente da Cabala
e da alquimia medieval,
mas atualmente há muitas outras vertentes provenientes
da Astrologia, Numerologia
e outros ramos.
O
Baralho Cigano
Este baralho foi elaborado pelos
ciganos com base no oráculo mais conhecido e difundido
no mundo: o Tarô. Supõe-se que os ciganos até
chegaram a usar as 78 lâminas do Tarô, porém,
sentiram a necessidade de terem um oráculo próprio
e resolveram adaptar as 78 lâminas em 36, surgindo assim,
o Baralho Cigano.
Provavelmente a necessidade de
se ter um oráculo próprio veio da natureza dos ciganos,
que só usavam o que era deles e recusavam tudo o que fosse
dos "Gadjos" (não-ciganos), pois não queriam
ficar presos às idéias e símbolos que não
pertenciam à sua cultura e cotidiano. Sendo assim, eles
transformaram os desenhos, mudaram os significados do tarô
original e puderam trabalhar com um instrumento próprio.
Encontramos, basicamente, no Baralho
Cigano símbolos que falam da "vida ao ar livre",
própria do mesmos: a natureza, rios, árvores, animais,
etc.
Faz parte da tradição
cigana a prática da adivinhação pelas mulheres.
Normalmente elas possuem dois tipos de cartas: uma para o uso
restrito ao grupo cigano, e outro para fazer adivinhação
à comunidade.
Segundo referências
da língua portuguesa, necromancia é a "suposta
previsão do futuro através da comunicação
com o espírito dos mortos". A origem etimológica
remete-se ao grego: necro = morte e mancia = adivinhação.
Porém, por um ponto
de vista mais objetivo, a necromancia, também conhecida
como nigromancia, é, de uma forma bastante simplificada,
uma prática de fundamento ocultista que busca manter
contato com a alma dos mortos através de uma ritualização
determinada, com o objetivo de elaborar previsões,
obter aconselhamentos e orientações das almas
na vida cotidiana ou até mesmo escravizá-las.
Pois, há uma suposta crença que os mortos,
por não estarem mais limitados à condição
terrena, têm uma percepção mais apurada
e a propriedade de predizer o futuro.
Há
várias suposições a respeito de sua
origem histórica. Mas é mais provável
que tenha surgido no período pré-cristão
nas crenças entre os povos asiáticos, principalmente
os persas. No entanto, há também referências
históricas entre os romanos e os gregos, e até
mesmo entre os aborígenes americanos. Dessa forma,
a Necromancia não está associada a nenhuma
doutrina religiosa específica; sendo comum encontrá-la
citada, com algumas variações não muito
significativas, em diversas ramificações do
ocultismo, em períodos cronológicos distintos
e culturas distantes.
Mesmo as populares religiões
afro-brasileiras têm em seus ritos evocações
aos espíritos dos mortos; quando, por exemplo, o
sacerdote recebe o espírito de uma entidade; ou seja,
de alguém já falecido. Porém, se aplicarmos
o mesmo raciocínio rígido, qualquer evocação
à espíritos de mortos (como encontrada também
no Espiritismo e em cerimônias xamânicas) é
uma forma de prática necromante.
Rituais
Assim como em outras práticas
ocultistas, a Necromancia reúne uma série
de elementos necessários em seu cerimonial de evocação
que costumam se estender por horas: cânticos, instrumentos,
vestimentas e objetos que trazem uma representação
simbólica; além de horários e dias
específicos e outras referências que o praticante
deve observar. Dessa forma, segundo as tradições
necromantes, é possível promover uma conexão
espiritual com a alma dos mortos que ainda mantém-se
retidas num plano inferior. Esse contato só seria
possível com almas recém desencarnadas ou
que estejam vulneráveis no plano espiritual; ou seja,
que ainda não tenham sido conduzidas ao Reino Divino.
Contudo, a Necromancia, em sua acepção mais
pura e antiga, traz alguns aspectos mais macabros que outras
práticas adivinhatórias.
O uso de cadáveres,
ou de, no mínimo, partes do corpo como ossos, dentes,
unhas, pêlos e fios de cabelo, é comum à
Necromancia. Neste momento não há simbolismos
ou representações alegóricas. A presença
física de um cadáver ou de seus restos mortais
é freqüente nos rituais; pois, é o espírito
daquele corpo que será evocado. Ainda, objetos pessoais
do falecido, terra da sepultura ou fragmentos da lápide
ou do esquife também são utilizados. Em relatos
mais surpreendentes, o cadáver seria capaz de falar
por si próprio. Em outras situações,
a alma do falecido toma posse temporariamente do corpo de
um dos praticantes. Enquanto que cerimônias ritualísticas
em cemitérios com a violação de túmulos
e a mutilação de cadáveres poderiam
ser atividades corriqueiras aos praticantes da antiguidade.
Por
outro lado, as evocações de caráter
mais simbólico utilizam a Tábua de Ouija para
interpretar as mensagens recebidas do além. Até
mesmo o popular "jogo do copo", que se utiliza
de um copo de cristal com sua abertura voltada para a superfície
de uma mesa, sendo levemente conduzido pelos participantes,
que seguem a orientação do espírito
evocado, em direção à letras e números
escritos em pedaços de papel e previamente distribuídos
em círculo. Ainda, pêndulos e cartas também
podem ser instrumentos de comunicação e interpretação
para com os espíritos.
Entretanto, tais práticas
geram uma grande exaustão em seus participantes e
são extremamente perigosas senão forem bem
conduzidas. Segundo os grimórios que abordam o tema,
os praticantes estão sujeitos à possessões
demoníacas, danos físicos e psicológicos
permanentes, entre outros. Por este motivo, as cerimônias
devem ser administradas somente por pessoas experientes
e bem preparadas.
Citações
Históricas
Umas das citações históricas
mais recorrentes que pode ser interpretada como uma referência
à Necromancia está na própria Bíblia.
No primeiro Livro de Samuel, capítulo 28, quando
o Rei Saul recorre à feiticeira de Em-Dor para comunicar-se
com o falecido profeta Samuel, que prevê a morte de
Saul. No Livro de Isaías (8:19/20) a citação
é mais clara: "Porventura não consultará
o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á
aos mortos? A lei e ao testemunho! Se eles não falarem
segundo esta palavra, é porque não há
luz neles". No apócrifo Macabeu II, há
também uma citação direta a respeito
do contato com os mortos.
Ainda, grandes nomes do ocultismo, como
John Dee,
Eliphas
Levi e, obviamente, São
Cipriano, teriam se envolvido com práticas necromantes.
De qualquer forma, a Necromancia, apesar
de ser vista como uma aberração, é
muito mais freqüente nos dias de hoje do que se possa
supor, pois atende a uma curiosidade intrínseca ao
ser humano: saber o que há "do outro lado".
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