TEORIA DOS ANJOS


Autor: Brian dos Santos
Prólogo
Aprendiz de Filosofia desde os 15 anos de idade, alguém que procurou um refúgio do simples mundo vazio e imperfeito em que fomos colocados para viver dia após dia, um mundo repleto de mentiras, pessoas vazias e solitárias, um mundo que transborda emoções frívolas, tais emoções que muitas vezes só lhe fazem perceber que o mundo não é a perfeição que você esperava que fosse. Paranoia, um sentimento perigoso quando mesclado a uma paixão. Mas muitas vezes, paranoia é só um chamado para que seus olhos sejam abertos.
O homem está constantemente em conflito civil dentro de si, uma constante luta entre seu lado carnal e mortal (sentimentos e emoções) e o seu lado “divino” e suprassensível (lógica e razão), e a partir disso, há um momento em que você deve se posicionar friamente para tentar conviver ou controlar a dor, precisa evoluir sua razão para que tudo se torne mais suportável. Infelizmente, nem todos são capazes desse feito. Eu não fui um.
Percebi que seu tempo é mais valioso quando você para de gastá-lo se emocionando e se apaixonando, e começa a usá-lo para correr em busca de conhecimento, sabedoria, razão e verdade. Mas tudo é mais fácil na teoria do que na prática.
Eu escrevo isto com 17 anos de idade, no dia 24 de setembro de 2012. Eu inicio um novo ciclo na minha vida, tento apagar a imaturidade e a inexperiência que me dominou durante toda minha vida, tento esquecer as minhas fraquezas e transformar isso em algo próspero e melhorado para, assim, alcançar meu auge, meu brilho e conseguir me tornar um deus.

Introdução
Antes de iniciar, quero abrir uma observação e deixar claro o meu próprio significado para duas palavras, lembrando que tais significados foram baseados em conceitos históricos e na origem linguística de cada uma delas:
Deus: (Não no sentido de nome próprio). Um ser dotado de conhecimento não-corrupto, fundamentado, lógico e verdadeiro. Ser que possui sabedoria maior que a dos outros seres de um mesmo meio social. Conhecedor da verdade ou dos mistérios. Pode ou não ser adorado.
Luz: Sinônimo de sabedoria, conhecimento, esclarecimento e revelação. Um iluminado é um ser conhecedor da verdade. O ser que foi iluminado e passou a conhecer se tornou um deus.
Essas duas palavras serão muito usadas daqui para frente e será preciso anexá-las e entendê-las de acordo com esses conceitos e não aos seus literais.


Teoria dos Anjos
Primeiro Templo – Introdução
Nada nesse mundo é concreto, tudo está sujeito a dúvidas, não há provas que não possam ser contestadas. Como um homem, sou falho e imperfeito, tenho a visão limitada e, por isso, posso ser contradito a qualquer momento, mas só porque sou um homem, não significa que eu deva me acostumar e, simplesmente, aceitar a escuridão da caverna. Sou um ser que busca mais do que tem, procura o máximo que pode ter, busco chegar ao limite da razão e, como tal, tenho livre arbítrio de formular teorias, não significando que estão corretas ou que são indubitáveis. Ando em uma corda bamba, minhas teorias podem fazer-me cair a qualquer momento, posso estar conquistando um lugar ao Sol ou condenando minha alma eternamente, pois eu ousei tentar desvendar a história do universo, ousei tentar entender a mentira da criação e tentei entender aquele que descrevem como Deus!

Segundo Templo – Oração
Perdoe-me, pois eu pequei, sou falho, reconheço, sou impulsivo, mentiroso, hipócrita, às vezes sou cegado pelos meus próprios olhos. Peço perdão por todos os meus pecados, perdão pelas provas em que caí, pelas fraquezas que tive, pelas vezes em que não soube ouvir sua voz e seguir seu caminho. Perdoe-me pelo desperdício da minha vida em bebedeiras, ira, preguiça, e outras coisas fúteis, supérfluas e mundanas. Eu só peço que me guie, pois me entrego totalmente a ti, meu corpo, minha alma, minha lógica e minha razão, meu sentimento e minhas emoções. Ando ocupando muito minha cabeça com paixões sem fundamentos e irracionais. Não quero ter tanta liberdade de decisão, me prive de buscar o que eu quero, me permita buscar apenas o que for bom para mim. Me impeça de tomar decisões das quais as consequências serão irremediáveis. Seja feita a vossa vontade e não a minha, porque não sou dono do meu próprio destino. Sempre faço escolhas erradas. Entrego-me por inteiro para evitar consequências. Tome as decisões corretas por mim. Fecharei meus olhos e ouvirei sua voz, sem medo, apenas seguirei, pois confio em ti plenamente. Não saberei para onde estarei caminhando, mas, assim, saberei que é para um lugar bom e melhor. Tire tudo o que for mal para mim de minha vida, mesmo que eu relute no começo, como estou fazendo agora, mas aceitarei e entenderei mais tarde. Ajude-me, sopre no meu ouvido para que eu sempre fale a coisa certa, sempre aja da forma correta. Guie meus passos e meu destino. Cure-me. Livre-me de todo o mal. Que todos vejam sua semelhança em mim. Não permita que nada nem ninguém me machuque de forma alguma. Por mais que eu chore, faça meus sorrisos valerem mais apena. Que tudo dê certo em minha vida. Que ande à minha frente, ao meu lado e atrás de mim. Que aqueles que me fizerem algum mau ou forem meus inimigos, que caiam perante mim sem que eu tenha que me preocupar ou levantar um só dedo. Que vejam minha glória e se arrependam. Me ensine a esperar e  a esquecer. Pois sou teu e estás comigo. Agora e para sempre. Amém.

Terceiro Templo – A criação
Aqui serão citados vários pontos da Bíblia sem serem mencionados os capítulos ou versículos como de costume, pois não pretendo fazer propaganda. Devo apenas lhes entregar minha opinião, minha teoria e instigá-los a procurar ainda mais do que eu sei, o que, indiretamente, fará com que leiam a bíblia, ou pelo menos algumas partes importantes. Além de tudo ser muito relativo, há várias traduções e várias interpretações. Palavras específicas que usarei aqui podem não ser encontradas em certas edições, o que pode alterar todo o sentido da frase.
Também serão citadas histórias mais mitológicas, partes que não se encontram na bíblia, mas que muitos conhecem.
Tudo é relativo, dubitável e imperfeito.
É normal do ser humano criar dúvidas. Se lhe ordenam fazer coisas que pareçam ilógicas ou vai contra seus conceitos você irá questionar, irá querer um “por que”. Duvidar, questionar, perguntar o faz evoluir. Um pai sente orgulho de um filho quando ele se posiciona e toma uma decisão, uma atitude ou uma iniciativa, expõe sua opinião e luta por uma causa que lhe seja justa. Na criação, quando o homem surgiu na Terra, Deus, aparentemente, ordenou seus anjos para que servissem os homens. Se for entender o sentido dessa ordem, não foi Deus. Dizem que só quatro anjos viram Deus realmente, dentre eles, sabemos que há o intermediador Miguel, o guerreiro Gabriel, o escritor e orador Metatron e Lúcifer, o maior. A partir disso podemos subentender que Deus usou alguém de intermediador para passar a ordem para o resto do exército. Pode, ou não, ser Miguel quem repassou as ordens para o exército. Nisso todos os anjos aceitaram, pois, anjos não têm tanto poder de escolha como nós. Foram criados para servir, a fé deles é tanta que nem se dão ao luxo de duvidar, simplesmente aceitam qualquer ordem que venha de Deus sem contestar, mesmo que nunca tenham o visto.
No meio de tudo isso, um anjo se levantou e disse “não”. Lúcifer ousou duvidar das ordens de Deus, ele disse que não serviria os homens, o maior se impôs e como questionar, duvidar das ordens de Deus é um crime quase que imperdoável, os outros anjos se levantaram contra ele. Houve uma discussão, Miguel o ordenou novamente, o questionou, o repreendeu e Lúcifer se recusou, pois era algo sem lógica: os anjos foram criados para servir Deus e não os homens, não havia sentido em se prostrar para seres tão pequenos como os homens, pois na bíblia também diz que os homens não nasceram para serem servidos. Mas então Miguel se posicionou na linha de frente do exército de anjos e ameaçou banir Lúcifer do paraíso. Um terço do exército se levantou junto de Lúcifer, a guerra se iniciou, Lúcifer era mais bonito, mais forte, mais inteligente, maior em tudo, mas Miguel tinha o dobro de soldados ao seu lado. Lúcifer foi jogado do paraíso. Como vingança, Lúcifer se camuflou e adentrou o Éden para “corromper” o homem. “Deus” havia dito para Adão e Eva que se comessem do fruto da Macieira, morreriam. Lúcifer disse que se comessem, seriam como deuses, teriam conhecimento. Quem estava mentindo? Acusam Lúcifer de pai da mentira e o chamam de Satanás, mas ele mentiu? Na verdade, nem um dos dois mentiu. Ou eles seriam imortais se não comessem do fruto ou teriam conhecimento que morreriam, então Deus disse a verdade, mas comendo do fruto eles, realmente, tiveram conhecimento, então Lúcifer também não mentiu. Após essa “corrupção” Deus diz: “Vocês comeram do fruto proibido, o fruto que eu ordenei que não comessem. Agora vocês conhecerão a morte. Obtiveram o conhecimento dos deuses, se tornaram como um de nós...”. Deus normalmente não age de forma direta na nossa vida, nesse plano dimensional, prova disso é que nem mesmo os anjos o viram pessoalmente. Até os anjos se baseiam pela fé. Então por que Deus se mostraria tão diretamente para o homem? Por que ele usaria a palavra “deuses” (politeísmo) e “como um de nós”? Quem estava tão preocupado em enfrentar Lúcifer? Quem baniu Lúcifer do paraíso? Quem levantou a espada contra ele e o jogou no inferno? Miguel, um anjo. Um dos quatro que dizem ter visto Deus. Aparentemente a história não foi nos contada da forma mais clara, não significando que foi uma mentira, talvez sim, talvez não, mas sabemos que muito nos foi omitido.

Quarto Templo – Velho Testamento I
Há detalhes que passam despercebidos, muitas vezes somos cegados pela própria fé. Isso é errado? Não! Fé é acreditar sem provas, se temos fé, o errado é quem nos fez acreditar em algo errado. O cego não peca, aquele que cegou sim. Então quer dizer que Miguel, ou outro anjo ou ser que fez os anjos e os homens acreditarem em algo está errado? Não exatamente. Até mesmo Miguel pode estar cegado. Ele pode ter feito o que achou correto, aquilo que lhe pareceu conveniente. Querendo ou não, Lúcifer fez uma rebelião, Miguel fez o que acreditou que deveria fazer. Fé! Talvez, ter se passado por Deus para iludir a mente humana pode ter sido uma estratégia de defesa. Os anjos mesmos acreditam que Lúcifer é um corruptor. É natural que tentem de todas as formas, lícitas ou ilícitas, vencerem o “mal”. Não faz sentido Deus se colocar tão a mostra para os homens se sua face é escondida até dos anjos.
Além de tudo, Deus seria tão autoritário aponto de proibir seus filhos de pensar? Um pai não quer sempre que o filho seja melhor do que ele mesmo? Um pai não quer ver um filho crescer e evoluir? Seria tão errado assim, um crime inafiançável o simples fato de duvidar e questionar pelo que se acha certo? Deus é onipotente, onisciente e onipresente, ou seja, ele é tudo, sendo assim, sua visão não é limitada, ele não enxerga só o presente, mas sim o passado, presente e futuro simultaneamente, o que significa que ele sabe do que acontecerá antes de acontecer e pode alterar isso da forma que achar melhor. Se Lúcifer corrompeu um terço dos anjos e corrompeu seus filhos tão queridos (nós, homens), por que ele não evitou a rebelião de Lúcifer? E se ele sabia, por que criou ele como o mais poderoso de todos já que seria ele o causador da rebelião? Afinal, somos nós mesmos que dizemos que ele conhece nosso destino, ou seja, nosso futuro. Nós mesmos comprovamos isso e assinamos em baixo.
Outra passagem do Gênesis que contradiz Deus é o dilúvio. Na passagem, deus conversa com Noé, dizendo: “O homem se corrompeu, estão cheios de violência e todo tipo de mau. Estou ferido de profunda dor em meu coração. Estou arrependido de ter criado o homem e, por isso, lançarei um dilúvio sobre a Terra e extinguirei todo ser vivente...”. Se Deus é onipresente, como ele pode ter sido tão fraco aponto de se arrepender de algo? Deus vê o futuro, vive no futuro simultaneamente. Ele não está preso no tempo como nós, onde ele está não há espaço nem tempo, pois tudo foi obra dele, então como ele não pode prever a corrupção do homem? Como ele pode dizer que “se arrependeu”? Um ser que está preso ao tempo e ao presente se arrepende, não Deus. Isso prova que aquele Deus citado na bíblia, ou é um deus terreno, bem mais fraco que Deus, ou é um anjo, se passando por Deus para conquistar sua causa, vencer seu inimigo, tentar “salvar o que restou” do homem.
Temos muitos outros episódios marcantes no Gênesis, como Caim e Abel, a Torre de Babel, os Patriarcas, como, por exemplo, o sacrifício de Abraão. Deus pede a Abraão que entregue seu filho, Isaac, em oblação a ele, Abraão com muito peso aceita e leva seu filho para sacrificá-lo em nome de Deus. Chegando ao altar Deus diz a Abraão que não precisava sacrificar Isaac, pois era apenas uma prova, para testar sua fé. Até aí tudo bem, isso não quer dizer que Deus não conheça nossa fé, Deus sabe das nossas capacidades, jamais nos daria provas das quais não possamos passar, mas é preciso enfrentar provas para nos fortificar. Esse acaba sendo um ponto positivo para questionarmos, para questionar a minha própria teoria, mas, ainda sim, se realmente o Deus da bíblia é um anjo, ele não seria um vilão disfarçado. O ser humano precisa de um deus. Como disse antes, o anjo não agiria dessa forma, fazendo os homens acreditarem que ele é Deus por mal, ele só estaria vencendo seu inimigo, alguém que ele mesmo considera ser um mal, e, talvez, como seria nossas vidas hoje se esse anjo não tivesse “mostrado Deus” para o mundo e feito todos acreditarem nele?
Outro fato onde ele mostrou seu poder é no episódio de José, quando foi desprezado e vendido por seus irmãos e, graças a isso se tornou o braço direito do faraó.
Temos que entender uma coisa, a bíblia nos dá diversas provas de que aquele pode ser Deus, mas também mostra muitas falhas que ele cometeu. Se, realmente, estivesse se tratando de Deus como a bíblia faz questão de afirmar, o Todo-poderoso Deus do Universo, será mesmo que ele seria falho? É mais do que lógico, Deus seria perfeito, o Deus da bíblia é limitado, aparentemente, ele, realmente, é maior do que os outros que são citados na bíblia e são chamados de Ídolos, mas ele não mostra ter poder o suficiente para ser tão onipotente, onipresente e onisciente.
Algo que todos dizem que Deus mostrou o quanto é poderoso seria os Dez Prodígios, onde Deus, por meio de Moisés, faz dez pragas caírem sobre o Egito, para puni-los pelos crimes cometidos contra o povo de Deus. O feiticeiro do faraó, no entanto, copia os nove primeiros prodígios então Deus avisa Moisés que cairá uma décima praga, da qual o feiticeiro não poderá copiar: A morte dos primogênitos. Deus manda um anjo até Moisés para que o anjo o avise para colocar um sinete na porta dos israelitas, para distinguir os primogênitos israelitas dos egípcios. Primeiro, será que Deus precisava de nove tentativas para provar seu poder? E segundo, será que ele precisava de um sinete na porta dos israelitas para distingui-los dos egípcios? Isso tudo é uma representação de limitação da parte desse Deus.
A questão seria quem é ele? Um anjo, ou um deus colocado na Terra a mando de um Deus maior?

Quinto Templo – Questionamentos
Há teorias e teorias, possibilidades e possibilidades. Analisando as possibilidades, podemos dizer que pode ser um anjo, o foco de toda essa teoria ou um deus terreno, mas, ainda sim, há uma grande possibilidade que não pode ser descartada: ele pode ser, realmente, Deus, ou, simplesmente, é só o homem tentando criar uma imagem para adorar, pois o ser humano precisa de um deus.
Viver em meio a tantas dúvidas é muito instável. Uma teoria que pode ser contestada a qualquer momento pelo próprio teórico. A questão é: Até quando vou conseguir levar essa linha de raciocínio? Criei uma teoria que venho tentando contradizer, venho tentando não acreditá-la, uma teoria que venho dizendo para mim mesmo que é absurda demais para ser, ao menos, considerada. Mas, em meio a tanta relatividade e imperfeição, quem pode provar, com toda a certeza, de que é tão absurdo e improvável assim? As palavras do homem contradizem o próprio homem assim como pode estar ocorrendo comigo neste exato momento, pois se o homem diz que seu Deus é onipotente e ainda sim acredita no Deus que a bíblia apresenta, então há uma contradição muito grande em sua própria crença.
Até o presente momento, já discuti a essência dessa teoria com algumas pessoas, religiosos, céticos e acéticos, e o final do debate foi sempre o mesmo, o contraditor termina sem argumentos, sem respostas para concretizar sua crença, no entanto, não me vejo completo com isso. Não consigo enxergar lógica perante minha lógica, pois sou um homem e posso estar errando, mas talvez errasse mais ainda se acreditasse em outra teoria que também poderia ser um erro, então dos males, eu escolho o menor, mas que também é relativo, pois nada sei. Tento chegar a um consenso comigo mesmo, mas não aceito o meu eu interior e não aceito minha própria linha de raciocínio, por isso não venho expressar essa teoria para fazer com que outros acreditem na minha linha de raciocínio, mas sim para organizar meus pensamentos, transformar meu raciocínio em algo palpável e concreto de acordo com a lei desse mundo, para, assim, poder sentir-me mais leve, esvaziar meu cárcere, minha cela, para que se possa reenchê-la de novos raciocínios, até mesmo, raciocínios que contradigam este atual. Tudo é mutável, mas nada é perecível, por isso, mesmo que eu prove para mim mesmo que esta teoria é falha, ainda sim, ela existirá.
Muitos acusam a bíblia de ser contraditória, apesar de contestar a mensagem que ela passa, não digo que ela é contraditória, primeiro devemos analisar alguns fatores, como: são diversos pontos de vista expressados por diversas pessoas diferentes e depois montado em um único livro, ou seja, pode ser dito o que for, mas a bíblia ainda sim foi escrita por mãos humanas, o que prova que ela não é um livro perfeito; e, também, mais da metade da bíblia se perdeu ou foi ocultada pela Igreja durante os anos. Tente ler um texto sem metade dos seus parágrafos. Você lerá “sim” e depois “não” e dirá que é contraditório. Não é possível se entender o começo e o fim sem conhecer o meio. O nosso alfabeto é constituído por 26 letras, mas quem pode dizer isso se conhecer apenas o A e o Z? Nisso se encaixa uma das maiores dúvidas do homem: Por que Deus mudou tanto do Velho Testamento para o Novo? Ouvi algumas explicações como, por exemplo, que Deus se adaptou ao modo de pensar das pessoas de antigamente e de hoje, por isso usou de estratégias tão distintas, ou que Deus não mudou, mas sim o modo com que os homens o veem. No entanto, as duas explicações demonstram contradição. Se adaptar significa evoluir, como algo onipotente e completo evolui? E se a bíblia diz que era realmente Deus que conversava com alguns homens, como Noé, Moisés, os Profetas ou os Patriarcas, então como pode se dizer que era o homem que enxergava Deus de modos diferentes no Velho e no Novo Testamento? A bíblia não se contradiz, o homem se contradiz ao tentar explicá-la.
Muitos podem me acusar de estar cego, de estar me deixando levar pela dúvida e que Deus ou a Fé não devem ser questionados, mas venho dizer que não estou buscando caminhos alternativos porque não acredito em Deus ou algo parecido, só acredito que se Deus nos presenteou com um raciocínio lógico maior que o dos outros animais, devemos usá-lo o máximo que pudermos e explorar o nosso limite. Devemos avaliar todas e quaisquer possibilidades de entender Deus e seus caminhos, seus motivos, não deveríamos gastar nossas habilidades em coisas vãs. E como tentar entender certos fatos ou mistérios pode ser vão?
A questão é que todos que acreditam em algo tomam isso como verdade, há exceções, como Sócrates ou outros filósofos que buscam a verdade, mas sempre estão atrás de antíteses para si mesmos. Sou um deles.
O Velho Testamento e a bíblia em si sempre gerou muita discussão, questionamentos e embates com a ciência. E se tudo for mesmo uma cópia imperfeita do mundo Suprassensível de Platão? E se tudo que realmente existir for tudo aquilo que você não pode ver nem tocar?
Já sentiram uma dor quando se machuca e sua carne é cortada? É uma dor física algo que você pode sentir, mas não pode tocar nem ver. É um sentimento, mas, ainda sim, é uma consequência do ferimento feito em seu corpo, seu cárcere, ou seja, você precisa de um dos seus sentidos físicos para senti-lo. Agora, já sentiram a dor de amar uma mulher e vê-la amando outro? Sem ferimentos superficiais, você apenas sente. Não vê. Não toca. Algo que não causa dano algum ao seu cárcere, apenas na sua alma, apenas em você mesmo, no que você é por dentro. Apenas no que você realmente é. O que realmente existe.
A meu ver, Platão poderia chamar o mundo perfeito de Mundo das Ideias porque lá só existe o que realmente existe, suas ideias, ou seja, tudo aquilo que as coisas realmente são. Sem forma concreta, sem cárceres, sem necessidade de espaço/tempo ou sentidos para se presenciá-las ou contemplá-las. Aqui, tudo é “afunilado” por corpos e matéria, tudo é como cascas para conter e adaptar as coisas existentes nesse plano. Por isso Deus não pode ser visto, nem tocado e nem sentido pelos sentidos físicos. Ele simplesmente existe  em tudo e em todos, em todos os tempos, pois ele é o Ser Existente puro, sem cárcere, sem adaptação a esse plano. Esse Ser Existente é simplesmente tudo. O plano dimensional em si é Ele, algo muito maior e muito mais além do que um Deus que se comunica quase que pessoalmente com seus servos (homens) e seus soldados (anjos). Ele seria tudo e todos a todo o momento. Deus não é um, mas também não é muitos, Ele apenas é. Esse ser não é um general que dá ordens a seus anjos, mas é o mestre e o servo de si mesmo sem depender de exércitos ou servos. Não vive, mas não é morto, está além disso, mas podemos dizer que ele simplesmente é para si mesmo. Não interfere, apenas controla e direciona as coisas a seu modo sem interferência direta. Encaminha os que o procuram e apresenta suas duas faces, conhecidas pela maioria dos homens como “Deus e Diabo”, ou seja, o caminho bom e o mal, pois até mesmo a bíblia descreve uma “palavra” sua: “Sou Deus da luz e das trevas”.

Sexto Templo – Velho Testamento II
Continuando a analisar o Velho Testamento, percebemos que quase tudo é feito por obra de anjos, Deus normalmente age em pessoas individualmente e gosta de expressar seu poder. Ele apresenta certo receio e parece forçar, através de certas regras, os homens a acreditá-lo e temê-lo.
É comum ver em todo o Velho Testamento, Deus ordenando que se sacrifiquem animais em prol dele como perdão para pecados, por exemplo. Também se pode notar a forma como ele ordena que os homens o temam de forma agressiva, e, até mesmo estipula isso como o principal mandamento.  Não venho dizer que não se deve amar Deus sobre todas as coisas, mas que há formas diferentes de se fazer isso e que muitas vezes não é da forma literal. Fazendo o melhor que pode para as pessoas, para si mesmo, conservando tudo aquilo que possa representar o que é Deus. Você será julgado pelo que é. Suas ações são julgadas como certas ou erradas independentes da sua religião.

Posted by DJ BURP | às 20:58

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