LILITH


Lilith – A primeira mulher de Adão!! Omitida pela Igreja!!


Lilith ( em hebraico) é referida na Cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem (Patai81:455f) ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa, chegando depois a ser descrita como um demônio.
De acordo com certas interpretações da criação humana em Gênesis, no Antigo Testamento, reconhecendo que havia sido criada por Deus com a mesma matéria prima, Lilith rebelou-se, recusando-se a ficar sempre em baixo durante as suas relações sexuais. Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal.
Assim dizia Lilith: ‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.’’ Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher, dessa forma abandonou o Éden.

Lilith se recusou a voltar

Três anjos foram enviados em seu encalço, porém ela se recusou a voltar. Juntou-se aos anjos caídos onde se casou com Samael que tentou Eva ao passo que Lilith Tentou a Adão os fazendo cometer adultério. Desde então o homem foi expulso do paraíso e Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher. Ela então perseguiria os homens, principalmente os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar.
Após os hebreus terem deixado a Babilônia Lilith perdeu aos poucos sua representatividade e foi limada do velho testamento. Eva é criada no sexto dia, e depois da solidão de Adão ela é criada novamente, sendo a primeira criação referente na verdade a Lilith no Gênesis.
No período medieval ela era ainda muito citada entre as superstições de camponeses, como deixar um amuleto com o nome dos 3 anjos que a perseguiram para fora do Éden, Sanvi, Sansavi e Samangelaf para que ela não o matasse, assim como acordar o marido que sorrisse durante o sono, pois ele estaria sendo seduzido por Lilith.

Dê onde vêm a primeira mulher, essa tal de Lilith?

A imagem de Lilith, sob o nome Lilitu, apareceu primeiramente representando uma categoria de demônios ou espíritos de ventos e tormentas na Suméria por volta de 3000 A.E.C. Muitos estudiosos atribuem a origem do nome fonético Lilith por volta de 700 A.E.C.
Ela é também associada a um demônio feminino da noite que originou na antiga Mesopotâmia. Era associada ao vento e, pensava-se, por isso, que ela era portadora de mal-estares, doenças e mesmo da morte. Porém algumas vezes ela se utilizaria da água como uma espécie de portal para o seu mundo. Também nas escrituras hebraicas (Talmud e Midrash) ela é referida como uma espécie de demônio.
Talvez dada a sua longa associação à noite, surge sem quaisquer precedentes a denominação screech owl, ou seja, como coruja, na famosa tradução inglesa da bíblia, na Bíblia KJV ou King James Version. Alí está escrito, em Isaías 34:14 que … the screech owl also shall rest there. É preciso salientar, comparativamente, que na renomada versão em língua portuguesa da bíblia, isto é, na tradução de João Ferreira de Almeida, esta passagem relata que … os animais noturnos ali pousarão, não havendo menção da coruja[1], como é freqüentemente, muito embora erroneamente, citado no Brasil (tratando-se de um claro exemplo da forte influência da cultura anglo-saxã no mundo lusófono atual).
Na Suméria e na Babilônia ela ao mesmo tempo que era cultuada era identificada com os demônios e espíritos malignos. Seu símbolo era a lua, pois assim como a lua ela seria uma deusa de fases boas e ruins. Alguns estudiosos assimilam ela a várias deusas da fertilidade, assim como deusas cruéis devido ao sincretismo com outras culturas. No fictício Livro de Nod, é também conhecida como Deusa da Lua, aquela que ensina Caim habilidades vampíricas, a que é tão antiga quanto o proprio Deus criador do céu e da terra.
A imagem mais conhecida que temos dela é a imagem que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilith era cultuada, é bem provável que viam Lilith como um símbolo de algo negativo. Vemos assim a transformação deLilith no modelo hebraico de demônio. Assim surgiu as lendas vampíricas, Lilith tinha 100 filhos por dia, súcubus quando mulheres e íncubus quando homens, ou simplesmente lilims. Eles se alimentavam da energia desprendida no ato sexual e de sangue humano. Também podiam manipular os sonhos humanos, seriam os geradores das poluções noturnas. Mas uma vez possuído por um súcubus dificilmente um homem saía com vida.
Há certas particularidades interessantes nos ataques de Lilith, como o aberto esmagador sobre o peito, uma vingança por ter sido obrigada a ficar por baixo de Adão, e sua habilidade de cortar o pênis com a vagina segundo os relatos católicos medievais. Ao mesmo tempo que ela representa a liberdade sexual feminina, também representa a castração masculina.
Pensa-se que o Relevo Burney (ver alusões à coruja na reprodução do Relêvo de Burney, nesta página), um relevo sumério, represente Lilith; muitos acreditam também que há uma relação entre Lilith e Inanna, deusa suméria da guerra e do prazer sexual.
Algumas vezes Lilith é associada com a deusa grega Hécate, “A mulher escarlate”, um demônio que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças, Cérbero. Hécate, assim como Lilith, representa na cultura grega a vida noturna e a rebeldia da mulher sobre o homem.
Nos dois últimos séculos a imagem de Lilith começou a passar por uma remarcável transformação em certos círculos intelectuais seculares europeus, por exemplo, na literatura e nas artes, quando os românticos passaram a se ater mais a imagem sensual e sedutora de Lilith (ver a reprodução do quadro Lilith de John Collier, pintada em 1892), e aos seus atributos considerados impossíveis de serem obtidos, em um contraste radical à sua tradicional imagem demoníaca, noturna, devoradora de crianças, causadora pragas, depravação, homossexualidade e vampirismo (ver texto gnóstico na seção de links externos). Podendo ser citados também os nomes de Johann Wolfgang von Goethe, John Keats, Robert Browning, Dante Gabriel Rossetti, John Collier, etc…Lilith também é considerda um dos Arquidemônios símbolo da vaidade.

ARQUEOLOGIA E TEOLOGIA



Lilith A Primeira Mulher de Adão




O Alfabeto de Ben Sira é o texto mais antigo que temos da versão hebraica do caráter de Lilith, excluindo as nomeações raros e misteriosos tanajicas-se e é datado entre 700 e 1000 dC, este texto mostra a versão mais antiga história rabínica por escrito da Lilith e Adão, relativa ao Bereshit (Genesis). Mas, é necessário salientar que este só se refere à versão hebraica que liga Lilith com o Gênesis, indiquei antes que há muito mais referências antigas, tomando a liderança nesta matéria, a história de Inana / sumério Lilitu.

Lilith na tradição hebraica

Lilith é na sua formulação atual de uma lenda judaica, o que não é considerado parte das próprias escrituras, embora existam vestígios de o personagem no Tanakh. Dentro dessa formulação pode ser considerado um midrash hebraica, uma história de ficção baseado teoricamente em uma história real, que constitui uma lição que é para os alunos a especular sobre as escrituras e seu conteúdo, lembre-se que para o Judaísmo e, especialmente, para mística, é essencial para obter informações sobre o conteúdo e significado das palavras, uma vez que eles assumem é a parir do Universo e D_os Criação. O midrahim geralmente contêm muitas dessas histórias especulativas, algumas engraçadas ou interessantes, que servem para estimular o estudo detalhado do texto, mas ... não o texto na sua forma externa, por sua face, mas na forma e no conteúdo, porque a maneira se é beneficiário do conteúdo e determina o conteúdo, dando-lhe vários significados, mas eu deixá-lo aqui porque esta rota iria me levar ao misticismo judaico e gostaríamos de deixar o assunto.

Lilith, que mostra em sua atitude na formulação lenda judaica uma influência forte cananéia sobre o comportamento sexual comportamento livre e rebelde lembra de Canaã, eo Alphabeta Midrash de Ben Sira mostra que se recusou a estar sob Adam durante a realização do ato sexual: "Por que devo deitar embaixo de ti eu também era feita de pó e por isso estou em condição de igualdade?". Na tentativa de se comprometer com Adão, deu o nome de D_os, ele emergiu asas e subiu para o ar memória "clara desaparecendo, mesmo inconsciente, o papel da Suméria Lilitu como o espírito do vento e do ar. Na continuação da versão que já foi falado. Se alguma coisa a apontar para qualquer outro fragmento de Ben Sira mostra uma desconfiança fronteira com o gênero feminino, mas não cair em misoginia, por exemplo:

"Esconder os olhos de uma mulher bonita, para que não transformá-lo são pegos em sua armadilha, você não está próximo a ele, ou misturá-lo com vinho e forte, porque os seus efeitos ea beleza de uma mulher bonita muitos foram destruídas, e "todos os seus mortos é um poderoso exército" (Provérbios / Prov. 7, 26).

Lilith a Lua Negra



  Lilith é referida na cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem bíblica ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. Segundo algumas interpretações da criação humana no Gênesis, Lilith teria sido criada unicamente para ser o par perfeito de Adão antes de Eva, e diferente de Eva que surgiu da costela do próprio, Lilith teria sido feita por Deus da mesma matéria prima do homem. E justamente por isso reconhecendo que havia sido feita igualmente do pó ela rebelou-se, não querendo mais se submeter as vontades de Adão. Logo uma Lilith ferina perguntava então: ´´ Por que devo me submeter a tí? Por que devo aceitar teu controle? Contudo eu também fui feita do pó, portanto sou tua igual´´! Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou que essa é a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher, e dessa forma ela abandonou o Éden.

  Deus então ordenou que três anjos fossem em seu encalço, mas Lilith não quis retornar, preferiu juntar-se aos anjos caídos, caindo ela própria em desgraça. Tornando-se um demônio feminino da noite, surgindo apartir de seu nome as lendas vampíricas. Lilith teve milhares de filhos súcubus quando mulheres e íncubus quando homens ou simplesmente lilins, filhos que se alimentavam de energia vital e sangue humano.



O Reubeni Yalqut

Além de Ben Sira Midrash Alphabeta deve mencionar outra importante fonte de tradição judaica rabínica dentro do personagem, é o Reubeni Yalqut (S. XVII CE), que tem a seguinte variação direta e demoníaca "D_os então formada Lilith, a primeira mulher, exatamente como ele havia formado Adão, embora ele tenha usado a sujeira e sedimentos ao invés de pó puro. Da união de Adão com esse demônio feminino, e outro como ele chamou de Naama, Tubal Caim irmã, nasceram e Asmodeus demônios inumeráveis ​​que ainda afligem a humanidade. "

O Reubeni Yalqut também levanta a possibilidade de Lilith, que é imortal, é apresentado juntamente com Naamah, também imortal disfarçado como prostitutas na corte do rei Salomão em Jerusalém. Mais uma vez encontramos aqui uma versão alegórica e lendária que parece notável influência cananéia-fenícia-through no corte de Salomão e do próprio rei, que, digamos, independentemente da sua reputação de sabedoria era um pouco "liberal" seus costumes, talvez que lhe concederia algum tipo de sabedoria. Por isso significa que alguma outra versão diz respeito a Lilith com a Rainha de Sabá famoso.

Midrash outro em Gênesis apresenta a primeira criação humana ... androginia inicialmente, mas isso pode ser uma outra questão, mas também podem estar envolvidos aqui. Deve-se notar também que o Zohar ou "Livro do Esplendor" (possivelmente o décimo terceiro século dC, apesar de sua autoria visa atribuído a Shimon Bar-Yochai e voltar ao século II dC, é provável que o autor real, que recolhe: Moisés ben Shem Tov de Leon) menção expressa de Lilith, completamente demonizados e como um succubus.

Então, Lilith em hebraico tradição diz que, apesar de o outro ponto, é que, basicamente, eu sigo a acompanhar o personagem-ou já nasce como um demônio ou succubus e acaba se tornando apenas que, em um caso e outro por um motivo, pode-se dizer que é o mesmo: a defesa da sua liberdade.

Razão, aliás, o mais diabólico.

De lá, as lendas sobre Lilith se multiplicam, e como lamia, espírito demoníaco, vampiros ou outras criaturas da noite ... senhor sobre isso. Podemos estar vendo essas lendas e suas variantes diferentes. Todos eles, no entanto, têm um ponto comum engraçado, é que, de uma forma ou de outra ... olhar para trás à Suméria que você tem nada que fazer com o inconsciente coletivo e os arquétipos de Jung? Ou será que o eterno retorno? Seja como for é preocupante.




Lilith, a primeira mulher de Adão


Quem se debruça atentamente sobre o texto do Gênesis para ler o mito hebraico da criação do Homem, há de perceber a presença de duas narrativas distintas. No capítulo 1 do livro, IHWH cria, no "último dia da Criação", o primeiro casal de humanos: homem e mulher são criados juntos, num mesmo momento, da mesma maneira. No capítulo 2, o homem é criado primeiro, enquanto a mulher só nasce posteriormente, a partir de uma costela do macho.

Alguns estudiosos judeus tentaram explicar a contradição sugerindo que o Gênesis mostra ter havido duas criações: na primeira, IHWH criou os seres humanos em geral; na segunda, criou um homem especial, seu predileto, do qual derivou a "raça adâmica", ou seja, os hebreus. Mas os historiadores que pesquisam a chamada História Bíblica, preferem identificar nessa incongruência a presença de duas fontes diferentes, que se teriam amalgamado no Livro do Gênesis.

Essa é uma explicação razoável e muito se poderá dizer em seu favor. Mas há outra possibilidade, não menos aceitável, que dispensa o apelo a uma "segunda fonte".

MUTILAÇÃO DE UM MITO
Da mesma forma como um fato real pode vir a se converter em um mito, por força de metamorfoses que a transmissão oral produz na história original, o próprio Mito pode também ser vítima de mutilação, mediante acréscimo, modificação ou supressão.

Encontramos um bom exemplo desse processo na lenda do Rei Artur.Muito provavelmente, a saga desse herói deriva de um personagem real, que teria vivido na Bretanha, nos obscuros anos de transição entre o domínio romano e o estabelecimento dos reinos anglo-saxões.

Todavia seus feitos foram fantasiados de tal modo que o "Artur histórico" se perdeu e, hoje, é uma tarefa talvez impossível (ainda que fascinante) tentar resgatá-lo.

INCOERÊNCIA
Diz o Gênesis em seu capítulo 1, que o Deus Eterno (IHWH), após ter criado o céu, a terra, as estrelas, etc, cria os seres viventes: os peixes, as aves e os animais, segundo a sua espécie. A todos eles dá um comando: "Frutificai e multiplicai", o que implica em acasalamento e reprodução. Infere-se, portanto, que esses seres foram criados aos pares: macho e fêmea, de cada espécie.

Com o Homem não é diferente. No "dia sexto", ele é criado, à imagem de Deus segundo a sua semelhança, cabendo-lhe frutificar, multiplicar-se, encher a terra e subjugá-la. Neste ponto, o Gênesis é explícito: "... à imagem de Deus o criou; macho e fêmea criou-os".
O primeiro capítulo do livro se encerra com IHWH vendo que era bom tudo quanto havia feito. E até então, a narrativa apresenta-se coerente.

A incoerência se instala no capítulo 2. Além de esclarecer que "formou o Eterno Deus ao homem, pó da terra (2), e soprou em suas narinas o alento da vida", Gênesis diz que, inicialmente, apenas o macho humano é criado e colocado no Jardim do Éden, contrariando a lógica contida no capítulo anterior. A fêmea só aparece na narrativa quando IHWH se dá conta de que não é bom que esteja o homem só (3). Então, fazendo-o cair em um sono pesado, toma-lhe uma de suas costelas (Gn 2,21) e dela faz a mulher.

Mas essa incoerência pode ser apenas aparente, se admitirmos que entre o primeiro e o segundo relato houve supressão de uma parte da narrativa, que a tornava coerente.
Que parte era essa? O que ela continha?

PERGUNTAS INCÔMODAS
Quando IHWH criou Eva, da costela de Adão, e a levou ao homem, este a recebeu dizendo:"Esta vez é osso dos meus ossos e carne da minha carne" (Gn 2,23).

Esta vez ...? Por que "ESTA vez"? Teria havido uma OUTRA vez? Teria havido uma vez em que a mulher não era "osso dos meus ossos e carne da mnha carne"? Em outras palavras, teria havido uma mulher que não fora feita a partir do homem?

Ora, se IHWH decidiu criar o homem só (apenas o macho da espécie), por que resolveu, depois, dar-lhe uma companheira, contrariando seu próprio designo original?
Por que IHWH refletiu que "não é bom que o homem esteja só" (Gn 2,18), após tê-lo assim criado, se ao cabo dos 6 dias da Criação, ele (IHWH) havia visto tudo quanto fizera "e eis que era muito bom" (Gn 1,31) ?
Como seria possivel ao homem, sem a fêmea de sua espécie, cumprir a ordem divina: "frutificai e multiplicai-vos" ?

Essa perguntas parecem ser irrespondíveis, salvo se nos despreendermos do enfoque apriorístico que costumamos aplicar ao estudo do Gênesis.

Vamos, pois, colocar a questão de outra forma, enfocando-a sob outro prisma.Podemos começar nos perguntando: E se, na verdade, IHWH jamais tenha criado o homem só? E se jamais tenha pretendido que ele (o homem) ficasse só?

É preciso observar que Gênesis 2,18 não diz que o homem ERA só; diz que ele ESTAVA só.
O fato do homem estar só, não implica, necessariamente, que ele tenha estado sempre só, pois sua solidão poderia ser circunstancial, expressando uma condição de momento. Logo, poderia ter havido um tempo, anterior àquele, em que o homem não estava só.

RESPOSTA CHOCANTE
Se antes ele não estava só, haveria o homem de ter tido uma companheira.Mas que companheira seria essa, se a primeira mulher só foi criada depois, a partir da costela do homem, ou seja, osso de seus ossos e carne de sua carne?

A resposta é óbvia.A mulher (Eva) que IHWH criou, a partir da costela de Adão, não foi a primeira companheira do homem.Houve uma anterior a ela, e que foi, verdadeiramente, a primeira mulher.

Uma mulher criada antes de Eva ? Quem? Só pode ser aquela que foi criada junto com o homem, no dia sexto da Criação, conforme descrito em Gênesis I: "Macho e fêmea os criou".Essa mulher não era Eva. Era outra.

Por isso Adão, ao receber Eva, exclama: "Esta vez é osso dos meus ossos e carne da minha carne". Isso porque a primeira mulher que recebeu não era osso de seus ossos nem carne de sua carne. Não fora criada a partir dele, mas do mesmo modo que ele, do "pó da terra".

O relato de Gênesis I é coerente. Todos os "seres viventes" são criados aos pares (macho e fêmea), segundo sua espécie, até para que se lhes tornasse possivel frutificar e multiplicar-se. Por que com o ser humano haveria de ser diferente?
Assim, sendo homem e mulher criados juntos, infere-se que o homem teve uma companheira desde o dia em que nasceu.

Por que, então, em Gênesis II, ele aparece só, sem achar "uma companheira frente a ele"? (Gn II,20) Que teria acontecido com a primeira mulher, criada junto com homem, e que não era osso de seus ossos?
Teria morrido, deixando Adão viúvo e solitário?

A resposta é outra e mais chocante.
Adão ficou só porque sua mulher se foi. O casal se separou.
Em suma, o primeiro casamento da História terminou em divórcio.

LILITH
Tanto o mito da Criação quanto as demais narrativas fabulosas incluídas no Gênesis, guardam o traço inequívoco da rica tradição sumeriana, que se irradiou por todo o mundo mesopotâmico (com as devidas adaptações), enriquecendo as culturas que se desenvolveram naquela região, inclusive a babilônica, de onde deve ter sido absorvida pelos hebreus.

Portanto, é para a Suméria que devemos nos voltar, quando buscamos as origens da lenda de Lilith (aliás "Lilu", aliás "Ardat Lili", aliás "Lamaschtu"), um aspecto do culto à "Grande Deusa", cujas raízes nos remetem a um tempo remoto, de predominância matriarcal.

Em sua versão hebraica, Lilith se converteu na primeira mulher de Adão, criada junto com ele por IHWH, no sexto dia da Criação.

Roberto Sicuteri, autor da obra, "Lilith, a Lua Negra", é um dos que afirmam ter sido à época da transposição da Versão Jeovística da Bíblia para a versão Sacerdotal, que a lenda de Lilith foi expurgada do Gênesis, deixando uma lacuna que tornou contraditórios os capítulos I e II daquele livro. Ainda assim, sobraram alguns vestígios no texto canônico, a exemplo do que se lê no Livro de Isaias (Is 34:14).

Expulsa da Torah, a lenda de Lilith sobreviveu no Talmud, no Alfabeto de Ben Sira, e na Cabalah, ainda que mutilada por um progressivo processo de aviltamento da personagem. Na Idade Média, ela se integrou ao imaginário cristão, por força da popularidade de um texto hassídico, "Zohar - o livro do explendor" (século XIII), tida com uma das mais importantes obras do esoterismo cabalístico.

CONFLITO CONJUGAL
Diferente da pacata Eva (que haveria de substituí-la), Lilith era uma mulher voluntariosa e rebelde, que reinvidicava igualdade de direitos em relação ao homem.
Quando o casal copulava, ela contestava o fato de ficar sempre por baixo, suportando o peso do esposo. "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que devo ser dominada por ti, se também fui feita de pó e por isso sou tua igual"?

A essas questões, Adão respondia alegando haver uma "ordem" que não podia ser transgredida, segundo a qual o macho deve dominar a fêmea, para que se preserve o equilíbrio preestabelecido por Deus.

Indignada com o "machismo" do marido, Lilith decidiu abandoná-lo, retirando-se do Jardim do Éden e indo viver às margens do Mar Vermelho. Inconformado, Adão denunciou o comportamento da esposa ao Eterno, que destacou três anjos (Semangelaf, Sanvi e Sansanvi) para trazê-la de volta. Mas Lilith se recusou a voltar, sendo amaldiçoada pelos anjos: ela jamais teria filhos, pois todos os que concebesse morreriam logo após o parto.

O mito de Lilith, em sua versão hebraica, é vigoroso e fascinante, sendo razoavelmente possivel reconstituir as mutações progressivas que sofreu ao longo do tempo, e que terminaram por converter a primeira mulher criada por IHWH em uma figura diabólica (*).

RECONSTRUÍNDO O GÊNESIS
Com a inclusão da história de Lilith, desaparece a incoerência entre os capítulos I e II do Livro do Gênesis, viabilizando a seguinte leitura do mito da Criação:
1 - No sexto dia, IHWH cria o primeiro casal de humanos (Adão e Lilith): "macho e fêmea os criou".
2 - Lilith não aceita ser dominada pelo marido e o abandona, deixando o Éden.
3 - Inconformado, Adão queixa-se a IHWH, que manda três anjos no encalço de Lilith, com ordens para trazê-la de volta.
4 - Lilith nega-se a voltar e é amaldiçoada pelos anjos.
5 - Solitário, Adão vaga pelo Éden sem achar "uma companheira frente a ele".
6 - IHWH apieda-se de Adão e resolve dar-lhe outra esposa.
7 - Para garantir que a nova mulher (Eva) será submissa e dependente do homem, IHWH fá-la nascer de uma costela de Adão.
8 - Ao receber sua segunda companheira, Adão mostra-se aliviado: "Esta vez é osso dos meus ossos e carne da minha carne".

(*) Unido-se a um demônio (Samael), Lilith busca vingança contra Adão. Disfarçada de serpente, induz Eva a comer do "fruto proibido", provocando a ira de IHWH sobre o segundo casal. Na Europa Medieval, ela se converte em "súcubo", que além de assediar os homens durante o sono, vitima as mulheres grávidas, matando seus bebês no momento do parto. Para conjurá-la, escrevia-se nas paredes do quarto da gestante: "Adão e Eva, menos Lilith".

Posted by DJ BURP | às 12:56

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