CIGARROS


Aprendendo a fumar: o primeiro cigarro


OK, agora que você já sabe os prós e contras de fumar , já conhece os tipos de cigarros que existem e já fez suas escolhas , vamos à parte prática! Se você ainda não pensou bem se é isso mesmo que você quer, tome mais tempo para pensar, porque este é o último momento para desistir da idéia! Mas se você realmente quer se tornar fumante, siga por sua própria conta e risco.

Em primeiro lugar, você precisa encontrar um dia, horário e local só para você, de preferência quando não houver mais ninguém em casa. O banheiro é um local clássico para começar a fumar, pela privacidade e também por ter espelho, que pode ser útil para você desenvolver sua técnica. O mais recomendável é que seja um horário em que você possa fazer isso todo dia: por exemplo, antes de tomar banho.

Observe bem o maço: ele passará a ser um companheiro inseparável. Para abri-lo, veja que na parte superior há uma lingueta no celofane que o envolve. Puxe essa lingueta, que é semelhante àquelas encontradas em pacotes de biscoito. Não é preciso tirar todo o plástico do maço, basta tirar a parte superior.

Se você comprou um cigarro em caixinha, abra a tampa. O selo de preços normalmente prende a tampa em um lado da caixa, e pode ser mais fácil abrir a caixa se você antes tirar o selo. Depois de abrir a tampa, veja que há um papel aluminizado cobrindo os cigarros. Não é preciso rasgá-lo: basta puxar para cima, e pronto. Se você comprou um maço comum, você pode observar que o selo fica bem no meio. Não precisa abrir o maço inteiro: você só precisa rasgar o papel em um dos lados do selo.

Tirar o primeiro cigarro de qualquer maço pode ser meio difícil. Na caixinha, puxe-o lentamente, empurrando para cima com o polegar. No maço é mais complicado: dê uma ou mais pancadinhas por baixo do maço para fazer os cigarros subirem pelo lado que estiver aberto, e puxe um com as unhas.



Observe bem o cigarro. Cheire-o. Preste atenção na forma correta de segurar o cigarro: coloque-o entre os dedos médio e indicador, próximo às pontas do dedos, segurando-o onde o filtro termina e o fumo começa. Ensaie como levá-lo aos lábios: não é preciso pôr o filtro inteiro na boca, só a ponta, e bem no meio dos lábios. Depois de colocá-lo na boca, tente inspirar através dele como se você estivesse tentando encher a boca de líquido através de um canudinho -- ou seja, não é como respirar através dele. Esta é a parte principal no ato de fumar. Se você escolheu um mentolado, já pode sentir um pequeno efeito "geladinho" mesmo com o cigarro apagado. Depois disso, agora é hora (ufa!) de acender.

Pressupondo que você já saiba como operar o isqueiro, ponha o cigarro nos lábios, acenda o isqueiro e aproxime a pontinha da chama na ponta do cigarro (se você colocar o isqueiro próximo demais, ele vai apagar). Assim que você aproximar a chama, repita o gesto de encher a boca como se estivesse chupando um canudinho (e NÃO RESPIRE!). Tire o cigarro dos lábios e abra a boca um pouco: você vai ver a fumaça saindo aos poucos. Então, sopre-a de vez. Se você respirar essa fumaça sem estar "preparado psicologicamente" para isso, provavelmente você acabará engasgando. Por isso, contente-se em encher a boca de fumaça e soltá-la por enquanto. Se você estiver diante de um espelho, olhe como é, você deverá achar divertido e interessante. Talvez você ache o gosto meio desagradável no começo, mas se você quiser passar por cima disso, pode chupar um Tic Tac ou um Halls enquanto fuma.

Depois que você já tiver dominado a técnica de puxar fumaça para a boca, se acostumar com o gosto e se sentir confortável segurando o cigarro -- no começo você pode achar meio estranho, mas rapidamente passa a ser algo natural --, vem a parte mais difícil e que vai demorar mais para você se acostumar: tragar. Como você pôde ver, a fumaça que você soprou após encher a boca é diferente da que os fumantes produzem. Tragar é você passar a fumaça da boca para os pulmões, ou seja, é respirar essa fumaça que está na sua boca. No começo, você provavelmente achará um pouco desconfortável e poderá sentir vontade de tossir (o que será minimizado se você seguir direitinho estas recomendações a seguir). Poderá levar dias até que você consiga tragar direito, mas não precisa se apressar. Depois de algumas tentativas bem sucedidas, você começará a sentir o "barato" da nicotina.

Para tragar, você deverá fazer a mesma coisa que você estava fazendo -- puxar a fumaça para a boca, sem respirá-la. Mas, para começar, puxe só um pouquinho de fumaça, para não engasgar. Abra a boca, espere um pouquinho, e rapidamente respire por ela, puxando a fumaça toda para dentro de uma vez. Fazendo assim é bem mais fácil, mas você pode ainda assim engasgar ou ter vontade de tossir. Segure a respiração por um tempinho e então sopre devagar. No momento em que você conseguir fazer toda essa operação sem sentir vontade de tossir, parabéns -- você já sabe como fumar!

Depois de algumas tragadas, você poderá sentir uma certa leveza no corpo, mas também pode se sentir um pouco zonzo, talvez meio enjoado. Se isso acontecer, pare de tragar! Isso é absolutamente normal no começo, e pode parecer desanimador, mas não tente forçar a barra. Pode ser que demore semanas até você conseguir se acostumar plenamente com isso, e depois você passará a sentir cada vez mais prazer ao fumar.

Pare um pouquinho para observar como fica o cigarro na sua mão. Você pode querer fazer alguns movimentos com a mão e o braço, para observar o visual e de certa forma se acostumar com algo entre os dedos. Em algum momento você notará que a cinza está grande. Para tirá-la, você pode bater levemente a ponta do polegar no filtro, ou rapidamente segurar o cigarro entre o polegar e o dedo médio e dar uma batidinha nele com o indicador. Nada muito exagerado.



Preste atenção no seu jeito de segurar o cigarro, especialmente se você é mulher -- é uma questão de estilo, e se você está aqui neste site para aprender a fumar corretamente, você com certeza não quer parecer um pedreiro fumando. Para a mulher, é muito feminino e elegante manter o cigarro em um ângulo de 90 graus em relação aos dedos, que por sua vez devem estar ligeiramente curvados. O braço deve estar bem reto, para cima, e você pode deixar a mão cair um pouco para trás. Daí, o movimento para levar o cigarro aos lábios e voltar para a posição anterior deve ser suave. Você pode ensaiar isso algumas vezes, diante de um espelho, mesmo com o cigarro apagado. Se estiver sentada, pode colocar o cotovelo no apoio ou na mesa. Já para os homens, é mais recomendável manter o braço abaixado, se estiver em pé, ou deixá-lo deitado sobre um apoio (uma mesa, por exemplo) se estiver sentado. Outra coisa importante para ambos os sexos: nunca é recomendável entortar a boca de lado para soprar a fumaça. Sopre para baixo, para cima ou até para a frente, mas evite soprar com o canto da boca.

Ao final deste primeiro cigarro, você certamente sentirá um certo orgulho e prazer por ter conseguido aprender a fumar -- e se você estava perto de um espelho, certamente se divertiu em se ver fumando. E talvez até queira acender outro imediatamente, mas é melhor que você deixe para o dia seguinte, ou pelo menos algumas horas mais tarde. Como pôde observar, foi um verdadeiro ritual. Com o tempo, passará a ser algo mais natural, mas o grande barato é não deixar se tornar uma coisa mecânica e um simples vício idiota -- o momento em que você resolve acender um cigarro deve ser um tempo reservado para você, seus pensamentos, suas sensações e seu prazer.


Por que as pessoas fumam?

Parar de fumar é a decisão correta.

imagem proibido fumar
Vários são os fatores que levam as pessoas a experimentar o cigarro ou outros derivados do tabaco. A maioria delas é influenciada principalmente pela publicidade maciça do cigarro nos meios de comunicação de massa que, apesar da lei de restrição à propaganda de produtos derivados do tabaco sancionada em dezembro de 2000, ainda tem forte influência no comportamento tanto dos jovens como dos adultos. Além disso, pais, professores, ídolos e amigos também exercem uma grande influência.
Pesquisas, no Brasil, entre adolescentes mostram que os principais fatores que favorecem o tabagismo entre os jovens são a curiosidade pelo produto, a imitação do comportamento do adulto, a necessidade de auto-afirmação e o encorajamento proporcionado pela propaganda. Noventa por cento dos fumantes iniciaram seu consumo antes dos 19 anos de idade, faixa em que o indivíduo ainda se encontra na fase de construção de sua personalidade.
A publicidade veiculada pelas indústrias soube aliar as demandas sociais e as fantasias dos diferentes grupos (adolescentes, mulheres, faixas economicamente mais pobres etc.) ao uso do cigarro. A manipulação psicológica embutida na publicidade de cigarros procura criar a impressão, principalmente entre os jovens, de que o tabagismo é muito mais comum e socialmente aceito do que é na realidade. Para isso, utiliza a imagem de ídolos e modelos de comportamento de determinado público-alvo, portando cigarros ou fumando-os, ou seja, uma forma indireta de publicidade. A publicidade direta era feita por anúncios atraentes e bem produzidos, mas foi proibida no Brasil. Com a Lei 10.167, que restringe a propaganda de cigarro e de produtos derivados do tabaco, esse panorama tende a mudar a médio e longo prazo.
Os resultados das medidas de restrição à publicidade no controle do tabagismo em vários países mostram que este é um instrumento legítimo e necessário para a redução do consumo.
publicidade de cigarro em carro de formula 1

O cigarro por dentro

A fumaça do cigarro é uma mistura de aproximadamente 4.700 substâncias tóxicas diferentes; que se constitui de duas fases fundamentais: a fase particulada e a fase gasosa. Na fase gasosa é composta, entre outros por monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína. A fase particulada contém nicotina e alcatrão.
alcatrão é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas, formado a partir da combustão dos derivados do tabaco. Entre elas, o arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, como o Polônio 210, acetona, naftalina e até fósforo P4/P6, substâncias usadas para veneno de rato.
monóxido de carbono (CO) tem afinidade com a hemoglobina (Hb) presente nos glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para todos os órgãos do corpo. A ligação do CO com a hemoglobina forma o composto chamado carboxihemoglobina, que dificulta a oxigenação do sangue, privando alguns órgãos do oxigênio e causando doenças como a aterosclerose.
nicotina é considerada pela Organização Mundial da Saúde/OMS uma droga psicoativa e que causa a dependência. A nicotina age no sistema nervoso central como a cocaína, com uma diferença: chega em torno de 9 segundos ao cérebro. Por isso, o tabagismo é classificado como doença estando inserido no Código Internacional de Doenças (CID-10) no grupo de transtornos mentais e de comportamento devido ao uso de substância psicoativa. Além disso, a nicotina aumenta a liberação de catecolaminas, causando vasoconstricção, acelerando a freqüência cardíaca, causando hipertensão arterial e provocando uma maior adesividade plaquetária. A nicotina juntamente com o monóxido de carbono, provoca diversas doenças cardiovasculares. Além disso, estimula no aparelho gastrointestinal a produção de ácido clorídrico, o que pode causar úlcera gástrica. Também desencadeia a liberação de substâncias quimiotáxicas no pulmão, que estimulará um processo que irá destruir a elastina, provocando o enfisema pulmonar.

Doenças associadas ao uso dos derivados do tabaco

Muitos estudos desenvolvidos até o momento evidenciam sempre o mesmo: o consumo de derivados do tabaco causa quase 50 doenças diferentes, principalmente as doenças cardiovasculares (infarto, angina) o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite).
Além disso, esses estudos mostram que o tabagismo é responsável por:
  • 200 mil mortes por ano no Brasil (23 pessoas por hora);
  • 25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio;
  • 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos;
  • 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
  • 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;
  • 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
  • 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero);
  • 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral).



    Por que as mulheres fumam? A influência de Edward Bernays

    No documentário The Century of the Self, produzido pela BBC e Adam Curtis, vemos como as mulheres não fumavam um século atrás. Como esse era metade do mercado potencial, a American Tobacco corporation contratou Edward Bernays para criar uma estratégia.

    Sabendo que o cigarro era um símbolo fálico, bastava conectar o consumo do cigarro com a idéia de desafiar o poder masculino. Assim, as mulheres passariam a fumar, possuindo um pênis próprio.
    É uma idéia curiosa, quase uma anedota de um passado distante. Porém, as mesmas técnicas de manipulação de nosso inconsciente continuam sendo utilizadas em estratégias de vendas, influenciando nossos hábitos de consumo.
    No livro A Classe Alta: Os truques de marketing e psicologia que aprisionam a classe média… e o que fazer para enriquecer, examinamos como identificar essas influências e como modificar nossos hábitos de consumo para alcançar riqueza.




    Para emagrecer, mulher fumante substitui comida por cigarro.
    SÃO PAULO (Reuters) - Em vez de comer um docinho, 90 por cento das mulheres brasileiras que fumam optam por acender um cigarro para enganar a fome e combater a ansiedade. Essa foi a tendência detectada em um estudo realizado pelo Hospital do Coração de São Paulo, divulgado nesta semana.
    "Sei que fumar faz mal, mas não quero parar porque o cigarro emagrece," conta a modelo gaúcha Taís Thormann, que tem 23 anos e 57 quilos distribuídos por 1,77 metro de corpo, confirmando o resultado da pesquisa. "Quando sinto fome, apelo para o cigarro e o cafezinho."
    Taís mudou-se de Porto Alegre, onde nasceu, para São Paulo a fim de realizar o sonho de se tornar uma "top model." Logo que chegou à cidade, foi morar com outras quatro modelos, que "fumavam feito chaminé." A modelo gaúcha, que hoje integra a equipe da agência Ford, contou que no início era sempre vista como a "chatinha" da turma, pois vivia reclamando da fumaça dentro do apartamento.
    "Comecei a entrar em uma fase ruim. Em todas as agências de modelo a que eu ia, me diziam para emagrecer. Quando falei isso para as minhas amigas, elas disseram: 'Quer emagrecer rápido? Então comece a fumar,"' relata Taís.
    Desde que os resultados começaram a aparecer, Taís passou a substituir a comida pelo fumo, emagreceu e decidiu não largar mais a "milagrosa" terapia emagrecedora.
    MAIS RISCOS QUE BENEFÍCIOS
    Os pesquisadores do setor de psicologia do Hospital do Coração afirmam que há algum fundamento na tese de Taís, que é adotada por milhões de brasileiras. No entanto, eles ressaltam que usar o fumo com a finalidade de perder alguns quilinhos produz mais riscos que benefícios.
    "O que leva a pessoa a comer em excesso é a ansiedade. Se ela começa a fumar, a atenção vai ser desviada para o cigarro, e não mais para a comida," explica Silvia Cury Ismael, que coordenou a pesquisa. Por outro lado, a fumante que usa anticoncepcional, por exemplo, tem oito vezes mais chances de sofrer um enfarte, observou Ismael.
    Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os problemas ligados ao fumo são a maior causa evitável de morte em todo o mundo. Noventa e dois por cento dos casos de câncer de boca e 90 por cento dos tumores de pulmão ocorrem em fumantes, mostram dados da OMS.
    No trabalho feito no Hospital do Coração, a equipe da psicóloga analisou 100 pacientes que se submeteram a um tratamento -- que incluía terapia e uso de adesivo de nicotina -- no ano passado para deixar de fumar. Os voluntários tinham entre 27 e 72 anos e mais da metade era do sexo feminino. Das mais de 50 mulheres que participaram do estudo, 90 por cento confessaram ter medo de largar o vício por causa da possibilidade de engordar.
    Entre todos os participantes, 50,5 relataram temer ganhar alguns quilos caso abandonassem o cigarro. Além disso, 84,5 por cento dos fumantes estudados receavam se tornar mais ansiosos ao deixar o hábito.
    Entre os pacientes estudados, 40,2 por cento fumaram durante um período que variou entre 20 e 30 anos, e 41,2 por cento consumiam até 20 cigarros por dia. Cerca de 46 por cento afirmaram fumar para compensar a solidão, e 73 por cento acendiam um cigarro para afastar preocupações. Ao final de um ano de tratamento, 58,7% dos pacientes continuavam sem fumar.
    "Acredito que seja um consenso popular que (o cigarro) faz mal à saúde. Como as mulheres são mais vulneráveis à depressão e à ansiedade, a saída que elas encontram para esconder esses sentimentos é a comida. Mas outras descobriram um outro caminho," acrescentou a coordenadora do estudo.
    De acordo com Ismael, as fumantes têm de aprender a lidar com a ansiedade com ajuda médica e psicológica e podem usar técnicas de autocontrole para, quando largar o fumo, não exagerar nos petiscos.
    "A melhor alternativa ainda é fechar a boca," recomenda Ismael para as que querem manter a silhueta.
    (Por Vanessa Amaro)



    Sociedade

    Não conte para ninguém

    Nestes tempos de cerco ao cigarro, figuras públicas
    estão entre os que ainda persistem em fumar - e, por 
    motivos óbvios, entre os que mais escondem o hábito


    Juliana Linhares
    Fotos Dida Sampaio/AE, Lisa Jack/Contour/Getty Images e Danilo Verpa/Folha Imagem
    O FUMACÊ CONTINUALula, o jovem Obama e Ciro: errar é humano e recair também, mas tem gente que ainda acredita que fumar é "de esquerda"

    Luana Piovani faz, Thaila Ayala faz, Leonardo DiCaprio faz. Lula e Barack Obama tentam evitar, mas também fazem. O pessoal da moda faz, o do mundo artístico em geral também, e o da balada então nem se fala. Tem até vegetariano que cortou a carne por motivo de saúde, mas vive com o maldito na mão. Como é possível que nos dias de hoje pessoas jovens, bonitas, famosas e bem informadas, muitas criadas já em plena era de condenação universal ao tabagismo, continuem a fumar? Primeiro, porque o cigarro é um vício rápido - é começar e não conseguir mais largar. Segundo, porque existe em muitos meios uma aprovação mal disfarçada à nicotina. Sem contar a imagem de rebeldia associada ao cigarro, reavivada pelas proibições vigentes, e o mito do emagrecimento, vivo e forte em vários nichos. Quem não sabe, por exemplo, que modelos acendem um cigarro atrás do outro para enganar a fome? A pouca concessão que famosos em geral fazem é fumar escondido, para não prejudicar a imagem nem dar "mau exemplo", ou dizer que abandonaram o cigarro recentemente. "Hoje a moda é ser saudável, correr na praia, comer sushi. As celebridades mais bem-sucedidas seguem esse roteiro. Quem fuma não quer mostrar", diz Edson Giusti, que presta consultoria em gestão de imagem.
    Stephen Fernandez/Sphash News, The Grosby Group e Rogerio Pallatta
    LINDAS, FAMOSAS E BAFORENTAS
    Lady Gaga, no palco e fora dele, a modelo Alessandra Ambrosio e até a vegetariana Thaila

    No mundo da moda, fumar é normalíssimo. Gisele Bündchen fumou anos a fio e só parou em 2007, quando resolveu desacelerar a agenda. "As modelos não assumem porque já são tão criticadas pelo fato de ser magras que não querem ter mais essa patrulha atrás delas", diz um especialista no meio. Jesus Luz, apesar da companhia famosa e antitabagista, assume que fuma. "Mas só em momentos de muita ansiedade. Evito ser fotografado, porque não quero ser má influência para ninguém", ressalva. Alessandra Ambrosio, mãe de Anja, 1 ano e meio, fumou antes da gravidez, recaiu depois e vira e mexe é flagrada no ato, mas os amigos garantem, com a cara mais séria do mundo: "Ela fuma muito pouco, só quando termina um trabalho e vai tomar um drinque com alguma amiga. Mesmo assim, são aqueles cigarrinhos mentolados ou de cravo". Caroline Ribeiro diz que parou há um mês, primeiro para não prejudicar o filho João Felipe, de 6 anos, mas também por autointeresse. "Faço muitos catálogos de moda nos Estados Unidos. Nesse tipo de trabalho, os empregadores pagam por hora. Se você sai para fumar, é logo recriminada, porque perde tempo e vão ter de pagar mais", conta.
    Eric Risberg/AP
    PELO LIVRE-ARBÍTRIO
    Limbaugh, da direita que fuma charuto: "Acréscimo aos prazeres da vida"

    A atriz Luana Piovani também admite apenas uma relação eventual com o cigarro. "Ela só fuma quando bebe, e são aqueles mais fraquinhos, mentolados", tenta suavizar uma amiga. Juliana Paes engrossa o coro dos que juram ter acabado de largar o vício. "Ela sempre teve o cuidado de não aparecer. O padrão de comportamento repetitivo de um artista que aparece sempre bebendo ou fumando pode ser ruim para futuras campanhas publicitárias", diz seu empresário, Ike Cruz. Sabrina Sato também fuma e disfarça. "Ela não gosta de aparecer com cigarro porque até nossos pais não sabem que ela fuma", explica a irmã e empresária Karina. Por sinal, Sabrina também parou. Thaila Ayala só fuma de modo esporádico "e está diminuindo cada vez mais". Ela é da tribo dos vegetarianos que fumam. Quem morou na Europa pode voltar infectado. Na Inglaterra, então, faça sol (quase nunca) ou chuva (sempre), o pessoal sai do pub para dar suas tragadas. Daniel Rad-cliffe, o bruxinho Harry Potter, é uma chaminé, daqueles que a cada "corta" do diretor corre para acender um. Harry, o príncipe caçula, fuma desde os 14, pelo menos - mesmo tendo a tia-avó, Margaret, morrido com problemas pulmonares. Numa seara em que raríssimos assumem o vício, Leonardo DiCaprio fala a respeito. Recentemente, apelou para os adesivos para parar, e apresentou uma reação bizarra: "Tive pesadelos horríveis envolvendo assassinatos".
    André Coelho/Ag. Globo, Francisco Silva/Agnews/Ag. O Dia, e The Grosby Group
    DEVAGAR, QUASE PARANDONa turma dos que disfarçam, Luana "só fuma raramente", Juliana "acaba de parar", Daniel e Harry desconversam. Só DiCaprio assume: adesivos lhe dão "pesadelos"

    Nos meios moderninhos, subsiste a ideia de que fumar é um ato de desafio às regras e, no mundo inteiro, tem até uma conotação de esquerda. "Tanta repressão tinha de ter seu lado bom", diz a gerente de loja Taí-se Ciocarri, 25, que de tanto enfrentar a fila do chiqueirinho para fumar na noite carioca acabou conhecendo o atual namorado. A conotação esquerdizante do cigarro só não existe nos Estados Unidos, onde quem fuma, em geral, é a direita, impulsionada pela aversão a controles do estado sobre a vida privada. Louco por cigarrilhas, a ponto de ter um aspone, o inesquecível Delúbio Soares, só para segurar seu vício debaixo da mesa, Lula foi intimado a largá-las depois do recente episódio de hipertensão. Aldo Rebelo, do PCdoB, fuma "cinco cigarrinhos de palha por dia" sorrateiramente, porque "as pessoas até toleram que você fume, mas não querem que faça exposição pública desse hábito". Ciro Gomes, do PSB, manda informar que parou há dois meses, "não por questões políticas, mas porque pegou uma virose, teve de cortar e resolveu continuar assim". Melhor não discutir. "As pesquisas de opinião mostram que 74% da população é contra o cigarro", diz o sociólogo e marqueteiro político Antonio Lavareda. "Ou seja, o potencial de dano para um político que fuma é alto. Num debate, um político que aparecesse fumando certamente teria um desempenho ruim aos olhos dos telespectadores." Achar que fumar é um desafio ao pensamento politicamente correto pode unir os extremos e pôr esquerda e direita no mesmo fumódromo. "Os charutos me ajudam a pensar. São uma das boas coisas da vida", desafia Rush Limbaugh, o trovejante radialista que se tornou ícone da direita americana. Na contramão do fumacê conservador, o presidente Barack Obama, expressão máxima do outro lado, vai na ponta dos pés dar suas baforadas do lado de fora da Casa Branca, patrulhado pelo mundo em geral e pela mulher em particular. No boletim sobre seu estado de saúde divulgado na semana passada, entre elogios à boa forma presidencial, uma das recomendações era "continuar o esforço para parar de fumar". Tem muito chiclete de nicotina pela frente.

Posted by DJ BURP | às 08:23

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