ZUMBIS REAIS

Cinco fatos que possibilitam uma epidemia zumbi

Apesar dos Zumbis parecerem algo de uma fantasia distante que permanece apenas nas mídias, alguns estudos demonstram que existem possibilidades (mesmo que remotas) de uma epidemia Zumbi ocorrer! Trago então um texto bastante interessante e bem humorado traduzido (com adições e subtrações de conteúdo) abaixo:
Se você acha que uma epidemia Zumbi é impossível, vamos mostrar para você que seu pensamento está errado. Aí vão cinco fatores que podem causar o início do Z-Day.
Fato número um: Parasitas Cerebrais
Como vistos em… Resident Evil IV
O que são eles?
Parasitas que tornam suas vítimas em seres não pensantes, parecidos com Zumbis. Acreditem, esses parasitas são bem comuns na natureza.
Existe um em especial chamado Toxoplasmosa Gondii, que parece devotar toda sua existência para essa ação “zumbificadora”. O inseto portador do parasita infecta ratos, mas pode apenas se reproduzir dentro do intestino de um gato. O parasita sabe que precisa fazer o rato parar dentro do estômago do gato, então, ele toma conta do cérebro do rato e intencionalmente faz ele correr na direção para onde os gatos estão. O rato então torna-se programado para ser comido e ele nem mesmo percebe isso.
Claro mas eles são só ratos, não são?
Como isso pode criar um Zumbi:
Ei, nós mencionamos que metade da população da terra é infectada com toxoplasmose? Talvez você esteja nessa metade. Lembrando também que cientistas fizeram estudos que demonstram que o infectado apresenta mudanças em sua personalidade e tem uma maior chance de agir de forma incoerente e insana.
Chances de isso causar um apocalipse Zumbi:
Humanos e ratos não são muito diferentes, é por isso que usamos eles para testar nossas drogas. Tudo o que é necessário é uma toxoplasmose evoluída, uma que pudesse causar a nós o que causa aos ratos. Imagine então metade do mundo ficando sem instinto de auto preservação ou pensamento racional (menos do que já temos hoje, nós dizemos).
Se você está se confortando com o pensamento que podem levar eternidades para o parasita evoluir, você está esquecendo de todos os programas de armas biológicas ao redor do mundo, potencializando esses vírus e parasitas.
Você pode estar protestando que tecnicamente essas pessoas nunca estiveram mortas e então não entram na definição de dicionário da palavra “Zumbi”, mas podemos assegurar que essa distinção não importa quando essas hordas subirem pela sua janela.
Fato número dois: Neurotoxinas
Como vistos em… Filme A serpente e o Arco Íris e também no Resident Evil 5 (video game).
O que são?
Existem alguns tipos de venenos que lentamente diminuem suas funções corporais a ponto de você ser considerado morto, até mesmo para um médico. O veneno de Fugu (Peixe japonês) pode fazer isso.
As vítimas podem ser trazidas de volta do efeito com uma droga chamada Datura Stramonium, que deixa a pessoa em um estado de transe e sem memória, mas ainda conseguindo fazer tarefas simples como comer, dormir e andar por aí com os braços rígidos.
Como isso pode criar um Zumbi?
“Pode”? Que tal “Faz”?
Esse processo ocorreu no Haiti; Exatamente da onde a palavra Zumbi vêm. Existem livros sobre isso sendo que o mais famoso é escrito pelo Dr. Wade Davis. Agora você me pergunta, o quanto disso tudo é fato?
Uma das histórias mais verdadeiras é a de Clairvius Narcisse. Ele era um rapaz haitiano que foi declarado morto por dois doutores e foi enterrado em 1962. O problema é que eles o encontraram andando pela vila 18 anos depois. Após certa investigação descobriram que os curandeiros voodoos da região estavam usando químicos naturais para basicamente zumbificar as pessoas e colocá-las para trabalhar em plantações de açucar.
Então a próxima vez que você for colocar um pouco de açucar no café, lembre-se que este pode ter sido manuseado por um Zumbi em algum momento.
Chances de isso causar um apocalipse Zumbi:
Por um lado, já aconteceu! Então isso de certa forma dá algum crédito a essa ameaça. Mas, mesmo que algum gênio do mal distribuísse alcalóides tóxicos para a população para transformá-los em zumbis não pensantes, não existe forma de fazer esses zumbis se tornarem agressivos ou canibalísticos.
Ainda.
Fato número três: O verdadeiro vírus da raiva
Como visto em… Filme Quarentena (28 Days Later).
O que é?
No filme, é um vírus que transformou seres humanos em maquinas de matar não pensantes. Na vida real, nós temos uma série de transtornos mentais que fazem a mesma coisa. Eles nunca foram contagiosos, claro. Então, a doença da Vaca Louca apareceu. Ataca o cérebro e coluna espinhal da vaca, transformando-a em um animal agressivo e irracional.
E, quando seres humanos comem a carne…
Como isso pode criar Zumbis?
Quando a doença da Vaca Louca contagia humanos, eles chamam de Doença de Creutzfeld-Jakob. Veja só esses sintomas:
  • Mudanças na forma de andar
  • Alucinações
  • Falta de coordenação (quedas constantes)
  • Espasmos musculares
  • Convulsões
  • Rápido desenvolvimento de delírio ou demência
Claro, a doença é rara e os infectados não são conhecidos por correr atrás de pessoas com instintos violentos. Ainda.
Mas isso prova que infecções de raiva que se espalham no cérebro estão apenas esperando uma variação para se tornarem mortíferas para todos.
Chances de isso gerar um apocalipse Zumbi:
Se de repente a idéia de violência irrancional parece fantasiosa demais, lembre-se que você está apenas a um químico neurotransmissor (serotonina) longe de se transformar em uma máquina de matar irracional. Tudo que seria necessário é fazer com que a doença desenvolva a capacidade de bloquear a recepção desse único elemento no seu cérebro e de repente, estamos em uma real “Quarentena”.
Imagine tal doença evoluída, que nós podemos chamar de Super Vaca Louca espalhando-se pela nossa comida. Digamos que essa doença se espalhe por contato sanguíneo, ou saliva. Agora você tem um vírus da raiva modificado que pode ser transmitido por uma mordida.
Igual ao filme. Com uma mordida, você é o pior tipo de zumbi:
Um zumbi rápido.
Fator número quatro: Neurogênese
Como visto em… Laboratórios ao redor do mundo.
O que são?
Você sabe de toda a controvérsia sobre as pesquisas com células tronco? Então, toda a idéia é basicamente regenerar células mortas com as células tronco. Com interesse particular dos “Zumbiologistas”, é uma forma muito interessante de fazer células cerebrais nascerem novamente. Você pode ver aonde isso está indo.
Como isso pode gerar Zumbis:
Você queria que os mortos vivos aparecessem nesse artigo? Tudo bem, aí vamos nós.
A ciência pode salvar você de praticamente tudo menos de morte cerebral; podem trocar seus orgãos mas quando o cérebro dá pane, você já era. Certo? Bom, não por muito tempo. Eles já estão sendo capazes de recriar as células cerebrais de pacientes que tiveram traumas na cabeça, até o ponto de eles levantarem e voltarem a andar novamente.
 Junte isso com a nova habilidade de manter um corpo morto em estado de animação suspensa para que possa ser trazido a vida mais tarde, e logo nós poderemos trazer os mortos de volta.

Isso parece ótimo, certo? Bom, este laboratório dedicado a “pesquisa de reanimação” (sim, é assim que eles chamam isso) explica que o processo de reanimar uma pessoa cria um problema. Causa a morte da área externa do cérebro. O lado de fora é o cortex, a parte que transforma você em humano. O centro do cérebro armazena apenas a parte dos controles básicos de coordenação e de instintos primitivos.
Você não precisa de cortex para sobreviver; tudo o que precisa é “o miolo” para que possa ficar andando por ai de forma irracional e comendo. É por isso que as galinhas conseguem andar mesmo depois de serem degoladas.
Então, se você pega um cérebro de um paciente morto, usa estas tecnologias para regenerar suas células e foca essa regeneração no miolo cerebral, você tem então um corpo se movimentando, sem pensamentos ou personalidade, nada a não ser de uma nuvem de instintos básicos e impulsos.
Isso, senhoras e senhores, é o que nós poderemos chamar de um Zumbi real.
Chances de isso causar um apocalipse Zumbi:
Pense sobre isso. Dentro de cada sistema legal no mundo, todos os direitos e responsabilidades terminam na morte. Tudo o que é necessário é alguém com recursos decidir montar uma força tarefa de seres irracionais e obedientes para serem usados em trabalho escravo.
Quanto tempo até alguém tentar isso? Estamos apostando que alguém no mundo, talvez a Coréia do Norte, irá trabalhar em algo parecido até o Natal.
Fator número Cinco: Nano robótica
Como visto em… Jogo para PS2 Nano Breaker
O que são?
Nano robôs são uma tecnologia que a ciência aparentemente está desenvolvendo para te deixar com medo do futuro. Nós estamos falando de robôs microscópicos, auto replicadores que podem construir ou destruir tudo de forma invisível. Um mar de dinheiro está sendo investido nessas pesquisas. Claro até certo nível os cientistas sabem que os nano robôs podem destruir a humanidade, mas eles não conseguem resistir para ver o que vai acontecer.
Como isso pode gerar Zumbis:
Cientistas já criaram um nano ciborgue, fundindo um pequeno chip de silicone com um vírus. A primeira coisa que eles perceberam é que esses ciborgues podem operar por quase um mês a mais depois que o hospedeiro morre. Perceba quantos nano cientistas já chegaram ao estágio de Zumbificação sem nem perceber e, até mesmo estando muito cedo, eles já sabem onde o horror mora.
De acordo com estudos, em uma década eles terão nano robôs que poderão entrar dentro do seu cérebro e arrumar as conexões neurais danificadas por novas. Isso é ótimo, os nano robôs poderão “recapear” e conectar seus pensamentos. O que poderia dar errado?
Qual a chance de isso causar um apocalipse Zumbi?
Façam as contas pessoal.
Algum dia haverão nano robôs em seu cérebro. Esses serão programados para continuar funcionando depois que você morrer. Eles podem formar diferentes caminhos neurais, significando que eles podem utilizar seu cérebro para continuar operando suas glândulas depois que você morreu e presumivelmente até você virar um pedaço de carne podre.
Os nano robôs serão programados para se auto reproduzirem, e a morte do hospedeiro significara a morte dos nano robôs. Para preservar a eles mesmos, eles precisam se transferir para um novo hospedeiro. Ou seja, a ultima ação de um zumbi nano robô seria morder uma pessoa completamente saudável, deixando os nano robôs entrarem em sua corrente sanguínea e se hospedarem no novo corpo. Depois que eles entrarem eles podem desligar a parte do cérebro que está resistindo (o cortex) e deixar as partes operacionais intactas. Eles terão então criado um novo membro para o exército de mortos vivos.
Agora, deve ficar mais que claro que nosso objetivo é sermos pesquisadores responsaveis. Nós não queremos criar pânico aqui. Tudo que estamos dizendo é que em um dia atual no futuro próximo, nano robôs microscópicos acabarão com o planeta enchendo ele com mortos canibais.
A ciência provou isso.

Rússia trabalha em arma para transformar pessoas em zumbis


Parece brincadeira de 1º de abril, mas o presidente da Rússia confirmou o projeto de uma arma capaz de controlar a mente das pessoas.
 De acordo com o jornal Herald Sun, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou que o país vem testando uma arma psicotrônica capaz de controlar a mente das pessoas. O equipamento futurista, que atinge o sistema nervoso central das vítimas, está sendo desenvolvido por cientistas e poderá ser usado contra nações inimigas e até mesmo dissidentes políticos que enfrentam o atual governo.
Putin descreveu a arma como um instrumento novo que pode servir para atingir objetivos políticos e estratégicos. Até mesmo alguns detalhes da “controladora de mente” foram divulgados. É sabido, por exemplo, que ela dispara radiação eletromagnética de maneira semelhante aos fornos de micro-ondas, causando um grande desconforto em suas vítimas.
“Você está sob o meu controle!”
 O ministro da defesa Anatoly Serdyukov disse que, em testes recentes, a arma foi usada para dispersar multidões. De acordo com relatos, a pessoa que recebeu a radiação da arma sentiu que a temperatura do seu corpo aumentou rapidamente. Apesar de alguns segredos de funcionamento não terem sido divulgados, o jornal alega ser conhecido o fato de que ondas de baixa frequência podem afetar células do cérebro, alterar o estado psicológico e até mesmo transmitir sugestões e comandos diretamente para o pensamento de alguém, como se fosse telepatia.
 Apesar de a notícia parecer roteiro de filme B, talvez agora você tenha motivos para prestar atenção naquele infográfico sobre como sobreviver a um ataque zumbi.
Comentário: Os zumbis verdadeiros serão guiados por um poder espiritual através da manifestação de Baha’u’llah. O crack serve como principal portal entre os mundos, pois oscila entre a euforia e a depressão, mais conhecida como nóia, onde o usuário costuma entrar em pânico. O que teremos é um efeito permanente.
Essa notícia publicada pela mídia globalista serve apenas para desinformar o leitor sobre a nova ordem mundial de Baha’u’llah. A arma existe de fato, mas ela está mais voltada para a destruição mental com o uso de microondas.

Cientista defende verdades por trás do mito dos zumbis

Canadense Wade Davis desvendou segredos da zumbificação.
Livro 'A serpente e o arco-íris' virou filme de Wes Craven em 87.


O etnobotanista Wade Davis em foto tirada no Haiti no início dos anos 1980 (Foto: Arquivo Pessoal)

O etnobotânico Wade Davis não gosta de ser chamado de “zumbiólogo”. Ainda assim, aos 56 anos, este cientista canadense que hoje trabalha como explorador da “National Geographic” é um dos raros acadêmicos que se dedicou a entender o que há de verdade naquilo que conhecemos como zumbis.

Em quatro anos de pesquisa na década de 1980 – três dos quais vividos no Haiti, berço do mito contemporâneo dos zumbis –, Davis afirma ter encontrado “um veneno que faz alguém parecer que está morto, mesmo que esteja vivo”. A poção, produzida por feiticeiros vodus a partir da toxina de um peixe nativo misturada a ervas alucinógenas e restos humanos como ossos e pele, seria o elemento central no processo de zumbificação, prática que iria bem além da simples magia negra, defende o cientista, mas que funcionaria como punição social dentro da cultura e dos costumes da religião vodu.

Suas conclusões foram registradas em dois livros “Passage of darkness: the ethnobiology of the Haitian zombie”, de 1988, resultado da tese de doutorado de Davis em Harvard, e “A serpente e o arco-íris”, lançado no Brasil pela Jorge Zahar em 1986, e que ganhou uma adaptação para o cinema no ano seguinte pelas mãos de Wes Craven, de “A hora do pesadelo” , da qual o autor não quer nem ouvir falar.

“O que minha pesquisa tenta sugerir não é que exista uma linha de produção de zumbis no Haiti, mas que o conceito se baseia em algo real”, argumenta Davis em entrevista por telefone ao G1. “[Na lenda] um zumbi é alguém que teve sua alma roubada por um feitiço e que fica capturado em um estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo mandado para trabalhar como escravo em plantações. Hoje sabemos que não há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos-zumbis no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder a sua alma – o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para o voduista –, tornar-se um zumbi é um destino pior do que a morte”, explica.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Davis de sua casa, em Washington DC.

G1 – Descobri só há pouco que um de seus livros, “A serpente e o arco-íris”, também já foi transformado em filme...
Wade Davis -
Sim, infelizmente.Foi uma dessas coisas em que eles prometem um diretor e depois aparecem com outro. Nesse caso me prometeram Peter Weir ["O ano que vivemos em perigo", "A testemunha", “Sociedade dos poetas mortos”, “O show de Truman”] e achei que ele seria um ótimo diretor para aquele livro em especial. Mas ele não podia fazer porque tinha acabado de fazer um filme e precisava descansar. E, sendo um jovem escritor, você sabe que não tem muito controle sobre o processo, infelizmente.

G1 – Qual é sua opinião geral sobre os filmes de Hollywood que tratam de zumbis?
Davis –
É preciso voltar ao porquê de termos essa ideia de vodu como magia negra. Se você se perguntar sobre as grandes religiões do mundo – budismo, judaísmo, cristianismo, islamismo – haverá sempre um continente deixado de fora, a África. Afora os países islâmicos, o que se assume é que os africanos não tem religião, mas é claro que têm. Quando os africanos foram trocados como escravos, eles trouxeram suas crenças religiosas e, dependendo de aonde as pessoas foram levadas, nas diferentes circunstâncias históricas, formas diferentes de religião se desenvolveram. Você tem a santeria nos países de colonização hispânica como Porto Rico, Cuba e República Dominicana, tem o candomblé no Brasil e o vodu no Haiti. Vodu não é magia, mas uma forma complexa e metafísica de ver o mundo. É uma religião dinâmica e viva em que os seres humanos entram em contato com os mortos e se tornam os espíritos e múltiplas expressões de Deus.

E de onde se tirou essa ideia de o vodu ser demoníaco? Em primeiro lugar, o Haiti era a única nação negra independente por cem anos. Os haitianos costumavam comprar navios de escravos que iriam para os EUA e dar-lhes liberdade no Haiti. O país deu dinheiro a Simon Bolívar em suas lutas de liberação na Gran Colômbia. Mas em 1915 o Exército americano ocupou o Haiti. Era época da segregação, e a maioria dos soldados eram homens sulistas, crescidos em meio ao racismo, e todos, do cabo ao sargento, acabaram assinando contrato para escrever um livro. E os livros que saíam tinham títulos como "Fogo vodu no Haiti", "Aparição na terra vodu" ou "A ilha mágica", todos cheios de crianças que eram levadas para o caldeirão e zumbis se levantando dos túmulos para atacar pessoas. Foram essas histórias que deram origem aos filmes de Hollywood da RKO dos anos 1940. Esses livros e filmes terríveis diziam essencialmente aos americanos que qualquer país onde coisas terríveis assim acontecem precisam de redenção pela ocupação militar.

G1 – Portanto, o sr. está dizendo que o preconceito marcou esses primeiros filmes?
Davis -
Nenhuma dessas coisas era consciente. Não significa que alguém em Hollywood tenha dito: “vamos pegar os negros”. Era um período de segregação. Mas, por sinal, isso não foi embora. Você deve ter ouvido falar que o fundamentalista cristão e ex-candidato ao governo dos EUA Pat Robertson, na semana passada, culpou os haitianos pelo terremoto, dizendo que a tragédia é resultado de um pacto que eles teriam feito com o diabo na época da revolução. É difícil imaginar algo mais ignorante, cruel e insensível sendo dito por qualquer um.



G1 – De todo modo, os primeiros filmes de Hollywood, da década de 30 e 40, pareciam estar mais afinados com os relatos de zumbis haitianos – seres que tinham sido declarado mortos, enterrados e depois trazidos de volta à vida sem vontade própria por um feiticeiro vodu. Não eram as hordas de comedores de carne humana em que se transformaram os zumbis do cinema a partir dos anos 60.
Davis –
O que minha pesquisa tenta sugerir não é que exista uma linha de produção de zumbis no Haiti, mas que o conceito se baseia em algo real. [Na lenda] um zumbi é alguém que teve sua alma roubada por um feitiço e que fica capturado em um estado de purgatório perpétuo e que acaba sendo mandado para trabalhar como escravo em plantações. Hoje sabemos que não há nenhum tipo de incentivo para criar uma força de escravos-zumbis no Haiti, mas dada a história colonial aliada à ideia de perder a sua alma – o que significa perder a possibilidade de ter uma morte digna para o voduista –, tornar-se um zumbi é um destino pior do que a morte. É por isso que no Haiti não se teme os zumbis, mas se tornar um zumbi.

O que minha pesquisa faz é perguntar quais são as ramificações dessa ideia. Seria possível existir um veneno que fizesse as pessoas aparentarem estar mortas para depois tornarem ao mundo dos vivos? Se isso existisse, talvez tivesse implicações médicas importantes. Esse veneno foi citado na literatura e nas lendas do povo, e há de fato um veneno no Haiti que tem um ingrediente que sabemos cientificamente que pode fazer precisamente isso: fazer alguém parecer que está morto, mesmo que esteja vivo. Mas fui procurar a base química do evento e acabei explorando o lado social, psicológico, político e cultural das possibilidades químicas. Sabemos de sociedades secretas na África Equatorial que, por uma função política tradicional, punem as pessoas com venenos. No Haiti também há sociedades secretas no campo que aparentam ter uma função política e que fazem a mesma coisa. Minha conclusão foi que a noção de zumbi, como sendo um destino pior que a morte, era de certa forma a punição maior para quem violasse as regras de uma cultura tradicional.



E os primeiros filmes tentavam refletir isso. Em partes por influência de uma folclorista maravilhosa chamada Zora Neale Hurston, que [nos anos 30] escreveu o livro "Tell my horse", em que basicamente diz tudo isso sobre zumbis. Acho que os primeiros filmes de Hollywood de certa forma espelhavam o que Zora estava escrevendo. Mas então os zumbis se tornaram parte do gênero mais amplo dos filmes de horror, junto com múmias e fantasmas... Mas isso de certo modo reflete todas as nossas obsessões com a morte e a incerteza sobre o que ela representa, o pesadelo terrível da morte voltando para assombrar os vivos. Acho que os filmes de Hollywood, terríveis como podem ser, refletem uma fascinação geral humana por essa noção.

G1 – É possível afirmar que o conceito de zumbi como uma pessoa trazida de volta à vida sob o comando de um mestre é algo genuinamente haitiano? O zumbi haitiano é o “original”?
Davis -
Uma das coisas que nunca investiguei a fundo é que o peixe que contém a toxina que identifiquei [como fundamental no preparo do veneno] existe também em águas de rios da África Equatorial. Mas acho que uma das coisas que aconteceu nas Américas é que, para onde que fossem os africanos, eles estavam sujeitos a vários tipos de influências. E uma das coisas que é bastante única no Haiti é que, diferentemente da Jamaica que foi colônia britânica até 1963, o Haiti era um país independente desde 1804. E depois da revolta dos escravos um certo manto de isolamento cobriu o Haiti, até a igreja foi expulsa. Enquanto no século XIX lugares como Brasil ou Jamaica ou o Sul dos EUA eram expostos à cultura europeia, o Haiti já estava isolado, e formas africanas persisitiram no Haiti de forma significativa. Claro que há influências da Europa, da Igreja Católica, o [idioma] francês se tornou o creole, mas o isolamento e a influência da Àfrica fizeram do Haiti único. Embora outras culturas, como o candomblé no Brasil, tenham noções de possessões de espíritos e o senso fundamental de adoração de ancestrais, o zumbi, na minha experiência, é algo unicamente haitiano.

G1 – No Brasil também temos nosso Zumbi dos Palmares, um líder negro das revoltas escravas, mas que não parece ter a ver com a noção de zumbi dos haitianos.
Davis -
É sempre perigoso dizer porque as palavras podem ser usadas de múltiplas maneiras. Há várias origens diferentes para a palavra zumbi e não se sabe claramente qual é a correta. Vodu é só uma forma de dizer “espírito de deus”. Não se esqueça também que houve muito contato entre os caribenhos e o Brasil naquela época, claro. A revolta bem-sucedida dos escravos no Haiti ficou conhecida e provavelmente também incentivou os brasileiros assim como os americanos a fazerem as suas.

G1 – Seus livros foram publicados na década de 80. Desde então deu seguimento à pesquisa?
Davis -
Eu nunca me vi como um expert em vodu. Estava trabalho na região amazônica como botânico e antropólogo quando recebi convite para ir ao Haiti pesquisar os zumbis. Esse acabou se tornando o tema do meu doutorado em Harvard, fiz os livros, mas no final o filme foi tão ruim, se tornou tão controvertido... Um amigo professor uma vez chegou até a mim e disse, brincando, você quer se tornar um zumbiólogo, quer passar o resto da vida defendendo essa hipótese e correndo pelo Haiti procurando zumbis? Eu ri e disse que não. Passei três anos no Haiti e quatro anos no total pensando sobre vodu e escrevendo os dois livros, realmente já disse tudo o que eu queria dizer. Tinha muito mais interesse em questões gerais de cultura, e já tendo estado no Haiti queria ir pra outro lugar. Era hora de mudar. Escrevi mais 14 outros livros, fiz outros filmes e agora sou um explorador pela ”National Geographic”, celebrando as maravilhas das outras culturas. O que eu sempre quis fazer é tentar expôr os equívocos que temos sobre o outro. E foi isso que tentei fazer no Haiti.

G1 – Durante o tempo em que passou lá, você fez diversos amigos no Haiti. Teve notícias deles após o terremoto recente em Porto Príncipe? Acha que a religião vodu teria uma resposta diferente a eventos como esse?
Davis -
Sim. Um dos meus amigos é uma figura importante em “A serpente e o arco-íris”. Mas ele e sua família estão bem. Os africanos dizem que nenhum evento tem uma vida própria sua, e tenho certeza de que haverá fortes consequências psicológicas. Mas isso acontece em qualquer cultura. Todos se fazem a pergunta fundamental: por que nós, por que agora, por que isso aconteceu depois de tudo o que passamos? Afinal, era isso que os americanos estavam se perguntando depois dos ataques de 11 de setembro: por que eles nos odeiam? Por que isso está acontecendo? Acho que essa é uma resposta bastante universal para cataclismas tão inesperados. Mas uma coisa importante para a comunidade mundial se lembrar é o quanto Haiti já deu para o mundo.

Quando aquele homem horrível - Pat Robertson - disse aquilo sobre o terremoto e o pacto com o diabo, ele não estava só revelando sua loucura e crueldade mas também sua própria ignorância sobre a história americana. Se não fosse pela revolta dos escravos e patriotas haitianos, os americanos estariam provavelmente falando francês a oeste do Mississipi. Porque Napoleão no alto de seu poderio chegou a mandar um batalhão para ir ao Haiti, massacrar a revolta dos rebeldes, e então seguir até Nova Orleans, onde deveria derrotar as colônias espanholas e britânicas e restaurar o domínio francês. Os EUA devem uma boa parte ao Haiti por derrotar aquelas forças de Napoleão.

Agora é hora de a comunidade internacional se unir pelo Haiti. E há tanto que pode ser feito. Os haitianos sofreram por tanto tempo, e o incrível é que em tempos de escassez as pessoas voltam suas mentes para a imaginação. O Haiti é possivelmente tão interessante culturalmente quanto qualquer outro lugar nas Américas, essas pessoas têm uma reserva impressionante de espírito, de esperança e de poder. Só se espera que essa capacidade possa ser usada e não permaneça sob o domínio de oficiais corruptos. O que o Haiti precisa é de investimentos reais, não de piedade.

Posted by DJ BURP | às 12:42

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