HQ'S NO BRASIL


As HQs no Brasil 









Em 1905, foram publicados os primeiros quadrinhos no Brasil, na revista “O Tico-Tico”, que circulou até o começo da década de 1960. No início circulavam histórias estrangeiras traduzidas e adaptadas por artistas brasileiros. O famoso Chiquinho, por exemplo, era uma cópia adaptada de Buster Brown, um personagem norte-americano.
Mas os nossos desenhistas logo começaram a criar seus próprios personagens e surgiram figuras genuinamente nacionais, como Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de Luís Sá. De lá para cá, muitos artistas brasileiros investiram na criação de personagens infantis. Os mais famosos são os da turma da Mônica, de Maurício de Sousa, a Turma do Pererê e o Menino Maluquinho, de Ziraldo.









Graúna

Combo Rangers


Guerreiros da tempestade
O INÍCIO: A publicação de Hq – História em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX, o estilo era predominantemente Comic`s (formato americano) os super heróis como X-Men, Mulher Maravilha, Thor. A tira foi um marco, apesar de não ter sido criado no Brasil foi reformulado e recebeu uma cara bem nacional, principalmente nos anos 60 com a rebeldia contra a ditadura. Na década de 80 houve os quadrinhos underground que ainda resiste até hoje com uma linguagem bem ácida e bem diferente da americana. Ainda no ano de 1960 foi publicado a revista O Pererê com texto e ilustrações de Ziraldo, o personagem principal era um Saci aventureiro. No mesmo ano também nasceu a tira com os personagens Graúna e Os Fradinhos do cartunista Henfil, nesse mesmo formato de tira que foi publicado por volta de 1959 as histórias da turma da Mônica de Maurício de Souza que acabou tendo revista própria, lançada primeiramente pela Editora Abril depois pela Editora Globo 1987, e em 2007 pela Editora Panini. Nos anos 60 o golpe militar e seu moralismo bateram de frente com os quadrinhos, em compensação inspirou publicações cheias de charges como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticavam a ditadura.
EVOLUINDO: Apesar de existirem diversas revistas voltadas estritamente para a HQ nacional, como "Bundas" (já extinta), "Outra Coisa" (com informações sobre arte independente) e "Caô", pode-se considerar que o gênero ainda não conseguiu se firmar no Brasil.Na década de 90, a História em Quadrinhos no Brasil ganhou impulso com a realização da 1.a e 2.a Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro em 1991 e 1993, e a 3.a em 1997 em Belo Horizonte. Estes eventos, realizado em grande número dos centros culturais da cidade, em cada versão contou com público de algumas dezenas de milhares de pessoas, com a presença de inúmeros quadrinistas internacionais e praticamente todos os grandes nomes nacionais, exposições cenografadas, debates, filmes, cursos, RPG e todos os tipos de atividades.
No fim da década de 1990 e começo do século XXI, surgiram na internet diversas histórias em quadrinhos brasileiras, ganhando destaque os Combo Rangers, criados por Fábio Yabu que tiveram três fases na internet (Combo Rangers, Combo Rangers Zero e Combo Rangers Revolution, que ficou incompleta), uma minissérie impressa e vendida nas bancas (Combo Rangers Revolution, Editora JBC, 2000, 3 edições), ganhando, posteriormente, uma revista mensal pela mesma JBC (12 edições, Agosto de 2001 a Julho de 2002) e, posteriormente, pela Panini Comics.
ATUALIZADE: Os Guerreiros da Tempestade formam um grupo de super-heróis legitimamente brasileiros criados por Anísio Serrazul e começaram a ser publicados pela ND Comics no início de 2005. Tendo como diretor comercial o também roteirista Fábio Azevedo, o título segue a linha estética dos comics americanos. As suas aventuras são as primeiras a estar presentes em todas as bancas do país.Tendo como arquinimigos seres do futuro que desejam roubar as riquezas naturais da Terra para reconstruí-la. Guerreiros da Tempestade vai virar longa-metragem de animação. Este será o 3º filme em animação produzido pela Diler & Associados, que já realizou Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço e o ainda inédito Turma da Mônica - Uma Aventura no Tempo. A previsão é que o filme chegue aos cinemas em 20CRACKER08. A iniciativa é um marco para a animação nacional, pois será a primeira produção do gênero super-herói produzida no Brasil.


DOCUMENTO:
A publicação de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX. No país o estilo comics dos super-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá). Artistas brasileiros têm trabalhado com ambos os estilos. No caso dos comics alguns já conquistaram fama internacional (como Roger Cruz que desenhou X-men e Mike Deodato que desenhou Thor, Mulher Maravilha e outros).
A única vertente dos quadrinhos da qual se pode dizer que desenvolveu-se um conjunto de características profundamente nacional é a tira. Apesar de não ser originária do Brasil, no país ela desenvolveu características diferenciadas. Sob a influência da rebeldia contra a ditadura durante os anos 60 e mais tarde de grandes nomes dos quadrinhos underground nos 80 (muitos dos quais ainda em atividade), a tira brasileira ganhou uma personalidade muito mais "ácida" e menos comportada do que a americana.
A primeira revista em quadrinhos brasileira chamava-se O Tico Tico e acredita-se que foi a primeira do mundo a trazer histórias fechadas completas. Foi lançada em 1905 e em seus primeiros anos limitava-se a reproduzir os quadrinhos norte-americanos, principalmente Buster Brown e Tige de Richard Outcault (renomeados como Chiquinho e Jagunço).
Com o tempo a revista começou a abrir espaço para autores brasileiros, entre eles J. Carlos (com os personagens Melindrosa e Lamparina), Max Yantok (Joca Bemol, Barão de Rapapé, Chico Muque) e Alfredo Storni (Aventuras de Zé Macaco e Faustina). Mais tarde se juntaria a estes o desenhista Luiz Sá que criou as populares histórias de Reco-Reco, Bolão e Azeitona. A revista O Tico Tico foi publicada até 1956. Teve fãs famosos como o político Rui Barbosa e o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Em 1929 foi lançada a Gazeta Infantil que era publicada pelo jornal A Gazeta e que foi apelidada de Gazetinha. Publicou clássicos estrangeiros como o Gato Félix e Little Nemo, e nacionais como Juca Pato. Também publicava histórias super-heróicas dos personagens Fantasma e Garra Cinzenta. Em 1950 a revista foi extinta. A partir de 1934 começou a ser publicado o Suplemento Juvenil do jornal carioca A Nação. A revista publicou no Brasil os personagens do King Features Syndicate (entre eles Flash Gordon e Mandrake). Com o tempo seu editor, Adolfo Aizen, abriu espaço para nomes nacionais cujas histórias eram escolhidas através de concursos. Mais tarde o próprio Aizen fundaria a Editora Brasil-América (Ebal) em 1947.
Em 1939 o grupo Globo de Roberto Marinho começou a publicar a revista Gibi, tão popular que seu nome é sinônimo de histórias em quadrinhos no Brasil até hoje, décadas depois de seu encerramento. A revista O Gury (propriedade de Assis Chateaubriand) surgiu mais ou menos na mesma época e publicava a charge mais madura do Amigo da Onça, desenhada pelo cartunista Péricles.
Durante a década de 50 com a popularização das rádio novelas, seus personagens mais heróicos ganharam versões em quadrinhos. Foi o caso de Jerônimo e O Vingador. Em 1951 foi realizada a primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos na cidade de São Paulo (talvez a primeira exposição do tipo no mundo).
Os anos 50 também marcam a ascensão do gênero Terror nos quadrinhos. O mercado desse tipo de história no Brasil começou com traduções de edições estadunidenses, mas essas diminuiram com a implantação do rigoroso Comics Code Authority que restringia os assuntos que os quadrinhos podiam abordar. Muitos autores brasileiros aproveitaram para preencher o vazio deixado pelos quadrinistas yankees. Eugênio Colonnese foi o temporão desse estilo (só mudou para o Brasil e veio a desenhar horror em 1964) mas merecem destaque também Jayme Cortez, Nico Rosso e Helena Fonseca.
Em 1960 começou a ser publicado a revista O Pererê com texto e ilustrações de Ziraldo (mesmo autor de O Menino Maluquinho). O personagem principal era um saci e não raro suas aventuras tinham um fundo ecológico ou educacional. Também na década de 60 o cartunista Henfil deu início a tradição do formato "tira" com seus personagens Graúna e Os Fradinhos.Foi nesse formato de tira que estrearam os personagens de Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica ainda no fim de 1959. Só mais tarde suas histórias passaram a ser publicadas em revistas, primeiro pela Editora Abril e depois pela Editora Globo.
Nos anos 60 o golpe militar e seu moralismo bateram de frente com os quadrinhos, em compensação inspirou publicações cheias de charges como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticavam a ditadura incansavelmente.
A revista Balão, publicada por alunos da USP e com a curta duração de dez números, revelou autores consagrados até hoje. Nomes como Angeli, Glauco e Laerte que vieram a estabelecer os quadrinhos underground no Brasil durante os anos 80, desenhando para a Editora Circo em revistas como Circo e Chiclete com Banana. Juntos produziam as histórias de Los Três Amigos (sátira western com temáticas brasileiras) e separados renderam personagens como Rê Bordosa, Geraldão e Overman. Mais tarde juntou-se a "Los Três Amigos" o quadrinista gaúcho Adão Iturrusgarai. Estes quatro publicam até hoje na Folha de São Paulo e lançam álbuns por diversas editoras (mas principalmente pela Devir). A folha também publica tiras de Caco Galhardo (Pescoçudos) e Fernando Gonsales) (Níquel Náusea). Nesse período, muitas publicações independentes (fanzines) começaram a circular, aproveitando o boom das HQs em meados dos anos 80. Uma dessas publicações de grande sucesso foi o fanzine SAGA, que inovou na época, ao trazer impressão em profissional e capas coloridas, coisa totalmente anormal, para um fanzine, que por regra era feito em copiadoras comuns. Seus membros continuam ativos, como Alexandre Jurkevicius e seu personagem Peralta, A. Librandi atua na área de promoção e Walter Junior continua ilustrando.
Apesar de existirem diversas revistas voltadas estritamente para a HQ nacional, como "Bundas" (já extinta), "Outra Coisa" (com informações sobre arte independente) e "Caô", pode-se considerar que o gênero ainda não conseguiu se firmar no Brasil.
Na década de 90, a História em Quadrinhos no Brasil ganhou impulso com a realização da 1.a e 2.a Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro em 1991 e 1993, e a 3.a em 1997 em Belo Horizonte. Estes eventos, realizado em grande número dos centros culturais da cidade, em cada versão contou com público de algumas dezenas de milhares de pessoas, com a presença de inúmeros quadrinistas internacionais e praticamente todos os grandes nomes nacionais, exposições cenografadas, debates, filmes, cursos, RPG e todos os tipos de atividades.

 
Super-heróis brasileiros:

A revista Veja há algum tempo se referiu ao personagem Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, como “o primeiro super-herói brasileiro”.
Na verdade, contudo, Capitão Nascimento foi apenas o primeiro grande herói pop e levado a sério. Tempos atrás, lá pela Era de Bronze dos quadrinhos, porém, nosso país possuía seus próprios super-heróis para enfrentar ameaças das mais esdrúxulas.
Você duvida?
Olhe isso que eu vou lhe mostrar…

(“Nunca serão…”)
Brazil Begins
Começou assim: nos EUA os super-heróis começaram a ganhar força (termo interessante esse…) na década de 30, mas aqui no Brasil mesmo eles só engrenaram a partir das décadas de 50 e, principalmente, de 60.
Essa época havia a editora EBAL que dominava o nicho com os heróis Marvel e, como brasileiro adora ser esperto e dar um jeitinho, os pequenos editores resolveram copiar na cara dura alguns dos ícones americanos, adaptando-os para uma identidade nacional (bom…).
Dessa leva surgiram pérolas como o “Vigilante Rodoviário”, que era ainda um herói (não super-herói) e está prestes a ganhar uma nova série de TV hoje em dia, basicamente 50 anos depois de estrear na TV Tupi interpretado por Carlos Miranda.
Das HQs, porém, nasceram verdadeiros clássicos, como os que nós vamos relembrar abaixo.
Capitão 7
O primeiro super-herói brasileiro foi o Capitão 7.
O sujeito se tratava de uma salada mista do Super-Homem, Capitão Marvel, Lanterna Verde e Flash Gordon. Estreou em 1954 na TV Record, interpretado por Ayres Campos, teve programa de rádio e revistas em quadrinhos. Só na TV foram mais de 500 epísódios e com o detalhe: como todos os programas daquela época, apresentado ao vivo.
O “7″ no caso era uma referência ao canal 7 que a Record ocupa em SP.

(“Não, moleque! Não é o National Kid não…)
A história do cidadão era ótima: antigamente, em uma pacata cidade do interior paulista, os pais do menino Carlos ajudaram um pobre alienígena perdido, bem provável mochileiro da galáxia, e que em retribuição retirou o garoto de casa (!) para levá-lo ao Sétimo Planeta (!!). No novo lar, o pequeno Carlos desenvolveria habilidades especiais e seria educado com decência por uma raça superior.
Sério, eu acho esse trecho digno de nota. Se eu tivesse um filho e um alienígena quisesse abduzi-lo por aí com essa desculpa, eu o colocaria para correr com tiros de espingarda, mas os pais de Carlos provavelmente eram pessoas bem mais pacíficas e acharam a ideia genial.
Nascia assim então o primeiro super-herói brasileiro.

(Deputados, tremei…)
Como não poderia deixar de haver uma identidade secreta, quando não estava combatendo ameaças da Terra ou do espaço, o Capitão era um tímido jornalista químico que namorava Silvana, a filha de um tenente da Interpol.
Não à toa, na TV Silvana era interpretada por Idalina de Oliveira, na época a garota propaganda número 1 da Record. De fato, uma pena que as videotapes desse clássico tenham sido perdidas em um incêndio na emissora.

(Olha como super-herói brasileiro lava a roupa…)
Raio Negro
Em 65, nasceu o Raio Negro. criado por Gedeone Malagola. É mais um herói da galeria clássica já. A história dele, contudo, não tem relação nenhuma com a do Lanterna Verde. Saca só:
O tenente e piloto da FAB Hal Jordan Roberto Sales um dia é enviado ao espaço em uma missão orbital, quando é sequestrado ou encontra uma nave espacial danificada, nunca entendi muito bem. O que importa é que lá dentro, ele conhece o alienígena Abin Sur Lid, que veio de Oa Saturno. Para recompensar a coragem e altruismo em ajudá-lo, o alienígena o entrega um anel de luz verde negra, feito com a energia magnética de Oa Saturno.
Graças a essa energia, Roberto Sales passa a voar, ter supervelocidade, superforça e disparar rajadas.
Nascia então o Raio Negro.

(“Não, garoto! Não é o Ciclope não! Tem que falar quantas vezes…”)
Curiosamente, também em 65, Stan Lee criou um herói chamado Black Bolt, o inumano mais poderoso do mundo.

(Ao menos o visual do Black Bolt de Stan Lee não tem nada a ver com o do nosso Raio Negro… nada… nada…)
O Judoka
Em 1969 surgiu outro clássico: o Judoka!
Por uma extrema coincidência, ele surgiu na edição 7 de um gibi que antes publicava um herói norte-americano chamado “Judo Master”, mas os editores afirmam que nem repararam a casualidade.
A história é bem direta: um estudante chamado Carlos da Silva (mais brasileiro não dá, né?) vivia apanhando da turma dos playboys. Um dia, Carlos-san conhece o mestre Shiram Minamoto, que o toma como discípulo. Junto com a namorada Lúcia, que no futuro se torna judoka também e sua parceira, no intervalo da procriação o casal sai pelas ruas de todo país surrando bandidos e outras ameaças esdrúxulas.
O caso do Judoka, contudo, tem algo de interessante: imagine uma década de 70, em plena ditatura militar, e os moleques tendo um super-herói verde e amarelo que exaltava o orgulho e a esperança de ser brasileiro.
As histórias se passavam no cenário do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, do limite da censura, e a função do personagem em um caso desses pode ser equiparada a do Capitão América (em termos político) e do Homem-Aranha (em termos de nerdpower) para o povo norte-americano.
Isso acabava por algumas vezes gerar um efeito bizarro: transformava as HQs em uma espécie de guia turístico, parando a trama para exaltar as belezas do nosso país.
Apesar de ser carioca da gema, o Judoka chegou a enfrentar bandoleiros na construção da Transamazônica, gigantes de Apuarema em Salvador e até mesmo falsos marcianos no triângulo mineiro!

(“Não, moleque, não é o Besouro Verde não, p$##@! Chato pacaraio…”)
O sucesso nos quadrinhos foi tão grande, que durou cinco anos e ainda uma adaptação para o cinema: um fracaso de público estrelado por Pedro Aguinaga, que dizem ter feito com o Judoka o que Ricardo Macchi faria muitos anos depois com o cigano Igor.

(“Dara…”)
Mylar
Criado pelo Estúdio D’Arte em 1967, Mylar é um extraterrestre casca grossa, que usa a própria nave espacial de QG e não a esconde em qualquer lugar não, mas nos penhascos de nada mais nada menos do que Fernando de Noronha. Seu objetivo por aqui era apenas dar uma passeada e conhecer os hábitos terrestres, além de mostrar aos terráqueos o poder da união e justiça para o desenvolvimento de um povo.
Utilizando um uniforme vermelho com um trovão no peito (oh, boy…), um cinturão que o permitia voar e atirar raios, além de uma máscara que estimulava fantasias fetichistas na mulherada e o fazia se dar bem de vez em quando.

(“Ó, garoto, nem vem, se vier me perguntar se é o Flash, eu vou lhe dar uma porrada, hein?”)
O detalhe interessante era que Mylar havia visitado outros planetas destruídos pela guerra, e suas histórias se passavam um ano depois da Crise dos Mísseis de Cuba.
Velta
E então em 1970, o paraibano Emir Ribeiro resolveu parar com esse negocio de trazer cuecas por cima da calça e decidiu que os brasileiros mereciam sua própria Druuna.
A história é a seguinte: Katia Maria Faria Lins (no comments…) um dia salva a vida de um alienígena (como parece ser obrigatório no clube dos super-heróis brasileiros), só que era um bem FDP que a usa como cobaia em uma máquina mental. Acaba que a coitada é alterada geneticamente e se torna o sonho de toda delicinha do Sedentário: sempre que quiser, a qualquer momento ela pode se transformar em VELTA.
E o que seria isso?
Bem, seria uma loira de olhos azuis e 2 metros, que tem alta resistência ao calor, imunidade a doenças, regeneração celular e dispara raios luminosos, explosivos ou elétricos.
Básico.

(Criador em momento fanboy, tirando uma casquinha da criação…)
Agora um detalhe MUITO perigoso, os tais raios luminosos, explosivos ou elétricos podem ser disparado de qualquer lugar do corpo….

(Imagine uma loira dessas disparando raios luminosos, explosivos ou elétricos por qualquer parte do corpo…)
Pensando bem, até que o alienígna não era tão FDP assim. E ainda tinha bom gosto….
Meteoro
Criado por Roberto Guedes em 1987, que escreveu até um livro sobre esses heróis brasileiros da era de Bronze, tornou-se um dos heróis mais reformulados da história nacional e atingiu um sucesso bem relevante a partir dos anos 2000.
A história de Meteoro originalmente não tem ligação nenhuma com a do Homem-Aranha e seria a seguinte: o jovem estudante Peter Ricardo “Ric” Marinetti (os nomes são ótimos, não?) é um sujeito que mora com os avós Ben e May, escuta o dia inteiro Luan Santana rock’n roll e vive se metendo “em altas confusões”.
Como não podia deixar de ser, ele é apaixonado pela garota popular da escola, a gata Gwen Laura Lopes. No caminho entre eles, o playboy Flash Thompson Ronei Moraes. E como desgraça pouca é bobagem, o garoto também é desprezado pelo pai, o editor-chefe do jornal Clarim Diário Arauto Paulistano, J.J.Jameson César Marinetti, que o detesta porque ele escuta muito Luan Santana a mãe morreu quando Ric nasceu.
Só que um dia um meteorito cai no jardim da casa do adolescente, enviado por um ex-membro da Sinarquia Universal, uma sociedade secreta extra-espacial que – claro! – pretende destruir o planeta Terra. Ao tocar na pedra, Ric ganha superforça, supervelocidade e capacidade de voar.
E nasce então o Meteoro.

(“Explosão de sentimentos que eu não pude acreditar…”)
O que diferenciavam as histórias do herói eram as ameaças ao redor de cenários adolescentes com rock’n roll, descobertas, gírias (como: cai fora, ô meu!) e pegação.
Mais tarde, ao ser reformulado, Ric Marinetti virou Roger Mandari, mudou o uniforme mais duas vezes e ganhou seus poderes através do contato com uma entidade misteriosa.

(“Tá, tá bom, moleque, pode comprar que é o Ciclope sim, aff, fazer o quê?”)
E hoje?
Esses super-heróis formam seis dos mais clássicos super-heróis brasileiros. Quase nossa própria Liga da Justiça. Normalmente nascendo de fanzines, como nascem super-heróis nacionais até hoje, ainda sobrevivem na memória dos leitores.
Dezenas de outros heróis nacionais foram criados (que merecem até outros posts) e dezenas ainda o são por fanzineiros ávidos para mostrar o próprio talento.
Contudo, ainda que dotados ou não de roteiros ufanistas, verborragias ou profundidade psicológica, a função desses heróis ainda será sempre a mesma: um grito de pessoas ordinárias em busca de possibilidades extraordinárias para modificar a pior parte de suas realidades.
Apenas tal esforço já é digno de uma medalha…



Este quadro é parte da tira de aniversário do Bucha, personagem do Samuel Bono, na qual ele faz uma homenagem a diversos super-heróis brasileiros, incluindo até mesmo um certo super-herói que foi mordido por um grilo radioativo – se é que o grilos mordem, é claro! =)
É interessante notar que boa parte dos personagens apresentados aí são super-heróis burlescos. O que é um forte indício a favor da minha teoria de que um super-herói brasileiro só funciona bem na forma de paródia ou humor. Notem que o leitor brasileiro de quadrinhos aceita os super-heróis norte-americanos com naturalidade, mas não consegue encarar da mesma forma um super-herói brasileiro, ainda mais se este for construído sobre os moldes do super-herói norte-americano (como é o caso do Homem-Grilo). Esse arquétipo de personagem, se inserido na nossa realidade cultural e social, acaba se tornando involuntariamente fake.
Não estou dizendo com isto, no entanto, que é impossível criar um bom super-herói brasileiro “a sério”. Sim, é possível. Mas para isto, acredito, deve-se abandonar completamente o arquétipo de super-herói construído pelos norte-americanos, e se voltar para o arquétipo de herói clássico. E começar a trabalhar no personagem a partir daí. Aí sim poderia sair algo bom que não soasse como pastiche.

Viga Mestra 6 – Quadrinho Nacional e os Super-Heróis Nacionais

Moacy Cirne à procura das características de um herói genuinamente brasileiro em artigo para a “Revista de Cultura Vozes” citava o Judoka, afirmando que o fato de suas aventuras se passarem em solo brasileiro não fazia com que o personagem encontrasse reflexo numa estrutura ideológica brasileira e em oposição cita Macunaíma e o Saci-Pererê. De fato, a sociedade brasileira estruturada em cima de valores dúbios e acostumada a governantes corruptos talvez merecesse um herói ‘sem caráter’, cínico e de valores morais questionáveis ou um Saci cujo mito foi erguido em cima de travessuras irreverentes e irresponsáveis. É comum à intelectualidade o mero questionamento dos valores enquanto se exime de oferecer opções e soluções.

De fato as aventuras do Judoka se passam em território brasileiro, assim como se dá com várias aventuras do italiano Mister No. Isso não faz com que o personagem da Bonelli se caracterize como um herói do quadrinho nacional, entretanto em favor do Judoka contam os fatos de ter sido publicado visando o público brasileiro, tendo sido criado por autores e editora (EBAL) brasileiros. Suas cores estampavam as da bandeira nacional e o cenário (subestimado por Cirne) refletiam a sociedade brasileira, suas cidades e sua cultura. Teria sido o Brasil destinado por uma maldição da intelectualidade, condenado a negar valores como a coragem, a honra e a justiça, apenas porque o cinismo do pensamento oriundo da influencia do marxismo histórico não admite que um símbolo possa simplesmente almejar representar o bem. Estaríamos nós leitores brasileiros condenados a não poder criar e desenvolver personagens dentro do gênero Super-herói pelo simples fato do gênero ter se desenvolvido num país de conduta imperialista, como os Estados Unidos da América? Estariam os alemães proibidos a desenvolverem Histórias em Quadrinhos de cangaço pelo simples fato de não estarem inseridos na cultura nordestina? Se assim fosse, estaria um autor qualquer ideologicamente impedido de criar aventuras em mundos de fantasia ou em planetas de paisagens exóticas simplesmente porque não haveria alinhamento entre este autor e seu tema.

Judoka é sem a menor sombra de dúvidas um dos melhores exemplos de Super-Herói Nacional, queiram ou não os textos criptografados da elite intelectual. E ainda mais: queiram ou não os pseudo-marxistas, os leitores brasileiros de qualquer faixa etária tem o direito de também possuírem seus heróis! Seja na forma do Pererê bom caráter de Ziraldo, seja na forma do caipirinha boa praça que é o Chico Bento de Maurício de Sousa, seja do tradicional e imponente Cometa de Samicler Gonçalves. O Brasil precisa de heróis e os quadrinhos brasileiros possuem heróis! E mais que meros heróis de ficção, os heróis brasileiros são reflexo das posturas de coragem e audácia de seus autores que se mantém de pé diante de um monopólio de distribuição e edição de revistas que privilegiam o material importado cujos editores mostram-se mercenários em sua maioria.

Seria o Quadrinho Nacional apenas um rótulo? Ou este termo existe para dar conta de um elemento que é fato material. Se levarmos em conta toda a produção dos estúdios Maurício de Sousa, já temos uma resposta. Mas faz sentido ver além das fronteiras do sucesso de público e vendas. No submundo editorial há centenas de pequenos artistas e editores dando conta de também fazerem registrar em arte sequecial a existência de seus personagens e universos gráficos e é desse “submundo editorial” que surgem novos autores, novas propostas e novas visões de quadrinho nacional em uma infinidade de gêneros e subgêneros.
Se há críticas ao acabamento gráfico, às capacidades técnicas e narrativas dos nossos autores, assim o é porque a crítica existe para alertar, cutucar, incomodar, mas, sobretudo, para acordar. Só não há sentido na crítica cega que atira nos pontos negativos sem resguardar a existência dos pontos positivos. E se há comparação com o que há de enlatado nas nossas bancas é importante frisar que os enlatados passam por uma seleção de mercado antes de chegar às nossas prateleiras, as revistas de qualidade inferior normalmente não constituem material de exportação gringo.
A quem se questione sobre o que seja o quadrinho nacional e se há a exigência de um reflexo da cultura brasileira neste quadrinho faria sentido uma leve olhada no material produzido por Flávio Colin, Julio Shimamoto, Mozart Couto, Cedraz, Lailson Holanda e Watson Portela inicialmente, numa lista infindável de autores que já garantiram com sua colaboração para que o quadrinho no Brasil fosse mais brasileiro. Estes sim, os autores, são nossos super-heróis nacionais!

JJ Marreiro é autor de diversos super-herois brasileiro, como Beto Foguete, a Mulher Estupenda e o Zorn (oooops, esse ultimo não hein?!?!)






Homem Lua



Tudo começou quando a editora GEP encomendou a Gedeone Malagola a criação de um super-herói. O desenhista apresentou o Homem Lua mas, como era um herói sem super-poderes, foi rejeitado como personagem-título, ficando apenas para complementar a revista. Gedeone veio então, meio às pressas, como Raio Negro, personagem “à la” Lanterna Verde que usava um anel que lhe consedia poderes fantásticos.

E assim Homem Lua estreou, como tapa-buraco da revista “Raio negro” no. 1, em 1966 (*). Foi o primeiro herói brasileiro a beber nas águas do “Fantasma”, de Lee Falk. Porém, ao contrário de seus sucessores, pelo menos o Homem Lua tinha um uniforme que o diferenciava do herói americano, como capa e um estranho capacete redondo, que os detratores apelidaram de aquário (só que ninguém fala isso daquele inimigo do “Homem-Aranha”, o Mysteryo).

Nas aventuras de Homem Lua a identidade do herói era envolvida em mistério. Sua identidade civil era ignorada pelos leitores e, quando aparecia sem o capacete, seu rosto nunca era focalizado claramente. Sabe-se que seu quartel-general e residência ficava na cidade de São Paulo. Para resolver casos ao redor do mundo, O Homem Lua contava com sue “Jato Lua”, um potente avião que o levava a qualquer parte do planeta em questão de horas.

O personagem tinha como armas apenas pistola e faca, esta escondida estrategicamente na bota. Mas a principal arma do Homem Lua não era nenhum arsenal tecnológico, e sim sua poderosa influência sobre diversas tribos indígenas ao redor do mundo que, por acreditarem ser ele uma entidade imortal, estavam sempre dispostas a ajudá-lo em suas missões. Como o leitor atento já reparou, tudo inspirado no “Fantasma”.

Homem Lua foi cancelado nos anos 60, junto com o colega Raio negro. Só em 1982 ele voltaria, dessa vez com o selo da editora Grafipar. Foi uma tentativa de relançar os heróis de Gedeone numa nova revista do Raio Negro que, infelizmente, não passou do primeiro número. Curiosamente, nessa época a Marvel veio com o Cavaleiro da Lua que, assim como Homem Lua, trajava capa, não tinha poderes, usava como meio de transporte um veículo aéreo e tinha a Lua como símbolo.

A partir da experiência com a Grafipar, Gedeone se concentrou em trazer apenas o Raio de volta, primeiro pela ICEA e, mais recentemente, pela Metal pesado. Infelizmente, devido à falta de seriedade das editoras brasileiras e já cansado devido à idade, o mestre Gedeone decidiu aposentar seus heróis.

Posted by DJ BURP | às 10:32

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