VIAGENS NO TEMPO







VIAGENS NO TEMPO
E
PARADOXOS TEMPORAIS

Segundo o escritor Eduardo Torres, as Viagens no Tempo são o que há de mais puro em termos de Ficção Científica, visto que elas o são por excelência. Há algo de bastante justificado nesta frase, visto que boa parte das obras que conhecemos como FC poderiam ser facilmente transpostas para outros gêneros sem perda alguma de conteúdo essencial.
Não se pode negar, porém, que a idéia de viajar no tempo é possível também no terreno da Fantasia. Urashima Taro, a lenda do Pescador Japonês, é um exemplo interessante, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban também. Mas quando H.G.Wells criou a Máquina do Tempo, em 1890, tivemos a inauguração do gênero como o conhecemos hoje.
As Viagens no Tempo gozam de uma posição de destaque na FC, não só remontam aos sub gêneros mais antigos como talvez estejam entre os mais populares. Ao mesmo tempo, podem parecer a primeira vista as mais absurdas, pois é difícil conceber como seria possível se deslocar no tempo, enquanto não é tão difícil conceber vôos espaciais, robôs inteligentes ou extraterrenos. Entretanto, na verdade estão entre as poucas que possuem base científica plausível, mais especificamente sobre a Teoria da Relatividade.
Isso ocorre porque uma das consequência mais notáveis da teoria Einsteiniana é a fusão das idéias de tempo e espaço numa mesma entidade chamada Continuum, o que, entre outras coisas, torna o tempo, ao contrário do que se pensava, Relativo, e sujeito a vários tipos de distorção.
As viagens para o futuro são mais do que plausíveis, eles existem e ocorrem a todo instante, porém em escalas imperceptíveis. Como, segundo a Teoria da Relatividade, o movimento afeta o ritmo de passagem do tempo, quanto mais rápido alguém se mover, mas rápido ela avança para o futuro em relação a referenciais mais lentos. Ou seja, alguém que viaje constantemente de avião chega ao futuro mais rápido que alguém que nunca o tenha feito, pois o tempo para ela terá passado mais lentamente e ela terá envelhecido menos.
No entanto a diferença será desprezível. Mesmo os astronautas que foram à Lua, que são os seres humanos que experimentaram as maiores velocidades de deslocamento na história, cerca de 40mil km/h, experimentaram avanços para o futuro insignificantes.
Para que uma viagem ao futuro apresente resultados perceptíveis é necessário velocidades de deslocamento muito maiores, que poderão ser possíveis futuramente. Uma nave capaz de se mover ao menos a um décimo da velocidade da luz, já apresentaria resultados bastante impressionantes.
Mas se as viagens para o futuro são teoricamente possíveis e até futuramente prováveis, as viagens para o passado ainda são altamente improváveis mesmo em ousadas especulações teóricas.
Acelerar até a velocidade da luz por exemplo, o que já é bastante improvável levando em conta nossos conhecimentos científicos atuais, apenas congelaria a passagem do tempo, permitindo que o viajante avançasse o quanto quisesse para o futuro, mas ao que parece nada sugere que seja possível ultrapassar tal limite e que mesmo o fazendo o tempo retrocederia.
Uma analogia interessante: Suponha que você esteja acostumado a percorrer o trajeto de sua casa até a casa de uma amiga em 20 minutos. Então adquire um meio de deslocamento mais rápido e passa a fazer o percurso em apenas 10 minutos. Com outro meio de transporte esse tempo passa a ser de 5, e assim por diante.
Chegaria a um ponto em que teoricamente você gastaria um tempo que tendesse a zero, ou seja, se transferiria instantaneamente de um local a outro. Mas, e se fosse possível aumentar ainda mais a velocidade, ocorreria de você chegar à casa de sua amiga ANTES de ter saído da sua?
Pelo nosso paradigma científico atual tudo indica que não. Você nunca conseguiria gastar um tempo Zero de descolamento, ainda que chegasse a um tempo desprezível muitíssimo próximo de zero. No entanto, considero ingênuo acreditar que nossas concepções científicas atuais bateram definitivamente o martelo sobre a questão, e vamos deixar em aberto a possibilidade de viagem para o passado.
Temos que recorrer então à Filosofia para compreender certas questões. Muitas coisas podem ser possíveis dependendo do contexto. Por exemplo, não temos dificuldade em imaginar que num outro Universo submetido a outras leis físicas, fosse possível ultrapassar a velocidade da luz e ou viajar para o passado. Nós podemos imaginar isso por que se trata de uma Possibilidade LÓGICA. Ou seja, ela pode ser racionalmente concebível.
Porém, se uma coisa for LOGICAMENTE Impossível, ela com certeza o será FISICAMENTE Impossível. Nós podemos conceber logicamente coisas impossíveis fisicamente, mas se uma coisa for logicamente inconcebível, ele com certeza será impossível.

PARADOXO

O problema com as viagens no tempo para o passado é que elas geralmente apresentam resultados logicamente impossíveis, PARADOXOS. E talvez o mais problemático seja o mais comum em obras de Ficção Científica sobre Viagens no Tempo:
O PARADOXO DE CAUSA E EFEITO, que diz que:
Se alguém viaja para o passado com objetivo de alterar um evento para mudar o presente, assim que o fizesse, o motivo pelo qual viajou deixaria de existir, e consequentemente a viagem também. Sendo assim, o mínimo que deveria acontecer seria a perda de memória por parte do viajante, ou seu lançamento numa realidade paralela.
Há meios de se superar essa dificuldade, mas raramente isso é feito com desenvoltura principalmente em HQs ou Filmes.
Em Os 12 Macacos, por exemplo, houve um excelente tratamento do tema, mas admitindo a impossibilidade de se alterar o passado de modo que a própria tentativa de alteração fez parte do processo.
Em minha opinião, no cinema os exemplos mais desastrosos são os de Jornada nas Estrelas, principalmente em STAR TREK VIII, onde no passado um evento principal é alterado mudando o presente, nos caso os Borgs eliminando o evento que resultaria em boa parte do avanço tecnológico humano, e então através de uma viagem os protagonistas repõem o evento principal no lugar.
Entretanto fazem inúmeras outras alterações nada insignificantes, mas que em nada afetam os acontecimentos futuros, e fica sempre a pergunta: Por que os Borgs não tentam de novo? E de novo e de novo? E se viajassem para impedir que os heróis impeçam a mudança no passado? Por que não uma outra viagem para impedir a raiz de todos os problemas? Quando isso pararia?
E o pior! Se os Borgs conseguissem impedir o tal evento, a Terra nunca teria desenvolvido tecnologias de viagens espaciais, e sendo assim nunca teria se integrado a federação e muito menos conhecido os Borgs, que também não teriam o menor interesse numa tecnologia pouco avançada, e portanto não teriam vindo à Terra.
Esse resultados são ilógicos, e podemos esclarecer isso formalizando e simplificando a questão:
1) Os Borgs vieram à Terra para assimilar sua Tecnologia Avançada.
2) Para eliminar a forte resistência dos terrestres, que se baseia em tecnologia avançada, os Borgs viajaram no tempo e prejudicaram o desenvolvimento da Tecnologia Terrestre.
3) Sem tecnologia avançada, os terrestres não puderam resistir aos Borgs.
E aqui fica clara a contradição, o item 3 entra em conflito com o item 1, se os terrestres perderam sua tecnologia avançada devido a viagem no tempo dos borgs, para que então os Borgs teriam vindo à Terra?
Em síntese: Se você viajasse para o passado para impedir uma tragédia e o conseguisse, a tragédia, que é motivo de sua viagem, deixaria de existir, sendo assim sua viagem também.
O motivo da viagem é a sua CAUSA, se esta desaparecer, a viagem, que é seu EFEITO, também desaparece.
É até concebível que isso ocorra desde que o viajante perca completamente a memória de sua viagem, pois ela também teria deixado de existir. E dessa forma seria possível que há um minuto atrás a realidade em que você vive fosse outra, mas você viajou no tempo e a alterou, de modo que agora vive numa outra realidade tendo se esquecido totalmente da realidade anterior em que viveu.
Pior! Pode ser então que a realidade que vivemos tenha sido alterada infinitas vezes, mas ninguém, nem mesmo os viajantes do tempo responsáveis, saberiam disso.
Outra forma de evitar esse paradoxo é afirmar que os viajantes na verdade passaram para uma dimensão paralela, e dessa forma eles nada mais fizeram do que escolher um Universo alternativo, e tenham se tornado seres multi dimensionais. Mas isso também implica que, para as pessoas que não sejam esses viajantes, as mudanças simplesmente não ocorrem, ou seja, se você viaja no tempo e impede a tragédia, e volta para o seu tempo sem perder a memória, você teria na verdade entrado em um universo alternativo, para o qual aquela tragédia de fato jamais ocorreu, mas o universo original permanece inalterado.
Já uma situação como a ocorrida em filmes como De Volta para o Futuro, é absurda, pois o viajante, Martin McFly, faz alterações drásticas em sua realidade e volta para ela, e ainda que ela não evolva exatamente a causa da viagem no tempo, elas deveriam estar automaticamente registradas em sua memória, ou aquela realidade para a qual ele voltou já seria um universo alternativo.
Explicando mais detalhadamente: cada vez que ele alterava um detalhe do passado de seus pais, isso resultava em mudanças no futuro. Porém ele estava de certa forma protegido dessas mudanças, talvez por não estar em seu tempo original. Quando ele volta para seu Presente encontra várias coisas mudadas e não as reconhece, isso significa que sua memória pertence à realidade anterior, ele vem de uma realidade anterior, alternativa, caso contrário, ele deveria se lembrar automaticamente de tudo, não sofrendo nenhum estranhamento com as mudanças.
Problemas como esse me levaram a formular um modo de conceber as Viagens no Tempo que alteram o Passado como formas de Viajar entre Realidades Paralelas. Não fui o único. Cada vez mais idéias similares se tornam populares, à medida que a reflexão sobre o tema aumenta, e por ser muito difícil conceber a viagem no tempo de um modo racionalmente diferente.

INFINITOS UNIVERSOS

Para explicar minha teoria, devemos ter em mente, e muito claramente, a expressão:
O UNIVERSO É INFINITO!
Contendo múltiplos sub universos. Isto é, o Universo seria um Multi Verso, com infinitas subdivisões.
Agora pensemos nas seguintes possibilidades de idealização do tempo:
Nesta idealização temos uma Linha do Tempo, que imaginamos como correndo da Esquerda para a Direita. em vermelho temos o PASSADO, e em azul o FUTURO. O PRESENTE, representado em verde, seria um intervalo infinitamente pequeno entre o Passado e o Futuro, um evento instantâneo que transforma este último no primeiro.
Foi o filósofo Santo Agostinho que, no Quarto Século da Era Cristã, teve a ousadia de ser o primeiro a questionar a natureza do tempo e perceber uma estranha contradição. Parece que o Tempo, de uma certa forma, não existe, pois o Passado não existe mais, o Futuro ainda não existe, e o Presente é infinitamente pequeno, sendo assim, como poderia existir?
Mas não foi por acaso que citei esse grande filósofo, pois ao final de sua vida, sem dúvida envolvido também nestas questões, ele se tornou Determinista, isto é, alguém que acredita que o Futuro está definitiva e inalteravelmente escrito. Opinião que é compartilhada por muitas pessoas ainda hoje.
Esta representação do tempo, acima, expressa então o Pré-Determinismo, mais conhecido por Destino, que é idéia de que todos os eventos do futuro já estão definidos e não podem ser evitados. Uma forma de expressar isso é exatamente pensando no tempo como uma linha por onde corre o presente. Agostinho, que era um filósofo cristão, se apercebeu que isso trazia um grande problema para a idéia de Livre-Arbítrio, pois como podemos ter escolha se todo o futuro já está definido? Mais informações em minha monografia DEUS ME LIVRE, que trata especificamente sobre estas questões.
Um outra forma de imaginarmos o tempo seria:
Aqui, temos um Futuro indefinido, onde várias possibilidades podem ser realizadas e, assim sendo, que não pode ser previsto com exatidão. O Presente seria então um fenômeno que converte possibilidades em fatos transformando-os em passado, de onde não mais podem ser alterados. Ao menos é assim que muitas outras pessoas costumam pensar.
Entretanto, há uma outra forma de pensar o tempo, uma forma um tanto mais ousada, onde todas as possibilidades jamais seria exatamente fechadas, mas sim ficando "sempre" em aberto. Assim seria:
Aqui teríamos então, não somente uma linha de tempo, mas várias, mais provavelmente infinitas. E todas elas paralelas. É esse o conceito de Realidades Paralelas, ou Alternativas, apresentadas em muitas obras de FC. Esta concepção sugere que tais linhas sejam independentes entre si, e que somente algum evento muito incomum poderia misturá-las.
Isso então, acaba não sendo muito diferente da idéia anterior de Determinismo, com a única diferença que tal determinismo não seria único, mas para cada ser que vivesse em um, ele seria inviolável.
No entanto, podemos também visualizar estas linhas da seguinte forma:
Vemos aqui que o Tempo seria um processo que converteria possibilidades em realidades, deixando-as no Passado. É razoável supor que o Passado, uma vez consumado, não possa mais ser alterado, mas o Futuro é livremente aberto às possibilidades. Assim, existiriam diversas realidades paralelas, todas indeterminadas, sendo convertidas pelo efeito "Presente", de, "Possibilidade de Futuro" para "Passado".
E aqui, já é importante frisar, essas possibilidades tem que ser INFINITAS! Ou seja, existiriam Infinitas realidades paralelas, Infinitos Passados consumados com todas as infinitas possibilidades.
É exatamente neste contexto que poderíamos pensar em viagens no tempo para o passado, que inclusive alterassem eventos, mas que não causassem paradoxos. Pois qualquer alteração já estaria prevista em uma das infinitas linhas de possibilidades passadas, e assim, cada vez que um viajante do tempo o fizesse, estaria na verdade saltando para um universo paralelo. Ou poderíamos pensar também que tal universo só passasse a existir assim que a alteração fosse efetuada.
O mais importante é que os eventos do presente original do viajante não seriam afetados. Se pensarmos no exemplo de De Volta para o Futuro, poderíamos exemplificar com a idéia de que Martin Mcfly, ao voltar 30 anos no tempo, retornou por sua própria linha temporal, porém ao emergir no passado, terminou por passar para uma linha paralela, permanecendo nela mesmo quando voltou ao futuro. Essa é a única forma de explicar que ele não tivesse nenhuma memória dos eventos que ele mesmo gerou.
É claro que essa teoria não salva o paradoxo no filme, pois se é assim, deveria haver um duplo, um outro Martin neste universo paralelo, que evidentemente vive normalmente em sua realidade e que não teria viajado no tempo.
Essa teoria abre possibilidade para qualquer tipo de viagem temporal, tornando qualquer possibilidade logicamente possível. É claro que ela acrescenta alguns aspectos perturbadores. A maioria das pessoas tem dificuldade em lidar com a idéia de uma infinitude de possibilidades, mas essa concepção, ou pelo menos a possibilidade de cada viagem ao passado gerar um universo paralelo totalmente novo, me parece a única forma de tornar as viagens para o passado racionalmente viáveis.
Outra consequência seriam os infinitos "eus" paralelos coexistindo nessa multiplicidade de universos, algo um tanto perturbador. Uma possibilidade de atenuar a tensão desta idéia seria que na realidade tais universos não existissem previamente, mas que fossem gerados pelas viagens no tempo, passando então a serem independentes. Porém isso leva à questão de qual seria o resultado de diversas viagens constantemente gerando realidades paralelas. Poderia isso induzir a um tipo de perturbação em todos os universos? Em especial no original?
No entanto, esse apelo ao infinito me parece impossível de ser contornado, especialmente se quisermos impedir o Determinismo, caso contrário, poderíamos pensar num grande grupo de linhas temporais paralelas, em alguns viajantes oscilando por essas linhas, mas ainda assim, pensar num nível superior de tempo, onde todas essas variações pelas linhas paralelas já estariam previstas. Desenvolvi essa teoria mais detalhadamente ao final de meu Livro Virtual Os Crononautas.

"DIMENSÕES" PARALELAS

Em verdade, pretendo ir ainda mais longe, e afirmar que qualquer concepção de viagem no tempo para o passado, independente de pretender trabalhar com paradoxos ou não, necessariamente já está pressupondo algo muitíssimo parecido com infinitos universos!
Para isso, pensemos o seguinte. O Universo é um gigantesco aglomerado de zilhões de partículas, que se movem e se alteram ao longo do tempo. Vamos imaginar que exista uma unidade de tempo fundamental, algo menor que o microssegundo, que o nanossegundo, mesmo um femtossegundo.
Um Instante Infinitesimal Indivisível, um III, ou, para simplificar, um I3.
Assim, o tempo seria uma sequência virtualmente infinita de I3, sucedendo-se um após o outro. Cada um desses instantes tem uma posição definida para cada uma das suas virtualmente infinitas partículas, e somente num I3 seguinte poderia haver qualquer variação. Isso significa, enfim, que cada I3 só é idêntico a si próprio.
Para que eu viajasse do meu presente, o I3 atual, para um I3 qualquer no passado, eu estaria pressupondo que, de algum modo, esse passado está preservado, isto é, haverá o I3 em questão com todas as partículas no seu lugar exato e específico. E então fica a questão: Como funcionaria esta "memória", este "registro" do passado?
Se houvesse um "outro" universo perpetuamente congelado em cada I3, então teríamos uma quantidade total de partículas igual a todas as partículas do universo multiplicadas por todos os I3, um número impossível até de imaginar, mas sendo assim, porque cada universo destes deveria ficar parado, e não evoluir independentemente?
Se cada I3 for definitivamente fechado e congelado, seria impossível viajar no tempo, porque não se poderia entrar num I3 passado. Isso só seria possível se cada um desses I3 fosse dinâmico, e o permitisse.
Deveria então existir exatamente essa quantidade mínima de universos paralelos: Q = I3 x TP2.
Ou seja, a Quantidade de Universos é igual ao TOTAL de I3 decorridos ao longo de toda história, multiplicado pela quantidade Total de Partículas, ou entidades mínimas que compõem o universo, ELEVADO AO QUADRADO! Para que cada mínima possibilidade de configuração do universo fosse possível. Ou seja, é mais fácil pensar em infinito!
Assim, se existem uma versão congelada do universo para cada I3, então, de certa forma, já existem inúmeros universos paralelos, embora só fossem acessíveis exatamente pelas viagens no tempo. Se tais versões não estão congeladas, então só poderia fazer parte de outras linhas de eventos contínuos.
Ou isso, ou a viagem para o passado é simplesmente impossível. A não ser que se revertesse todos os eventos, fazendo todas as transformações desacontecerem como se retrocedêssemos um filme. Mas mesmo isso seria difícil de conceber, pois qualquer força que produzisse tal efeito teria que estar fora do Universo, ou controlá-lo num nível praticamente divino. Já trabalhei essa idéia em uma de minhas estórias de FC, mas não posso dizer qual sem gerar um spoiler fatal.
Por falar em filme, é curiosa essa idéia presente na mente de qualquer concepção de viagem no tempo. Todas pressupõem, sem perceber, que de algum modo existe um registro histórico que guarda cada momento do tempo. Mas isso só poderia significar que há, em cada um desses momentos, cada I3, uma quantidade de partículas igual a do universo em qualquer outro tempo, outro I3, como já foi explicado acima. Ou então uma memória que apenas guarda informações sobre cada I3, sem tê-lo que reproduzí-lo integralmente. Ou seja, ao invés de haver infinitos I3 na linha do tempo, haveria apenas registros de como cada I3 destes era.
O problema dessa concepção, o que acaba tornando-a equivalente, é que tipo de memória poderia guardar tantas informações?
Ora, todo registro de algo que possuímos é sempre uma representação muitíssimo empobrecida deste algo. Mesmo uma versão digitalizada da uma foto impressa contém muito menos informações que a foto original, mesmo que tais informações sejam dispensáveis.
Por maior que seja a qualidade e o número de pixels de uma foto digital, se devidamente ampliada, nós chegaremos a um limite onde não há mais informação alguma. Mas a foto real pode ser sempre mais e mais escrutinada, até por microscópios, onde poderemos ver mais e mais detalhes até onde nossas tecnologias permitam.
Assim, o registro de um I3 teria que ter muitíssimo menos informação que um I3 real, a não ser, é claro, que esse banco de dados possua uma memória tão vasta quanto a quantidade total de partículas de cada I3, o que tornaria o universo ainda maior.
Fica então a questão de se tal registro, incompleto, seria suficiente para permitir resgatar informações suficientes para que a aquele I3 fosse efetivamente reconstruído. Da mesma forma como não precisamos de detalhes microscópicos para apreciar uma foto, talvez não precisássemos de maiores, ou "menores", detalhes para recriar um momento do tempo.
Mas seria realmente isso possível? Será que o universo, com toda a sua complexidade, viabilizaria que uma informação superficial fosse suficiente para recriar com exatidão um momento qualquer do passado? Como saber se uma única e ínfima partícula fora do lugar já não seria suficiente para desarranjar tudo?
Ademais, mesmo independente disso, ainda resta o problema de que seria necessária uma quantidade de matéria imensa para reconstruir tal momento do tempo, mesmo que cada detalhe subatômico não precisasse ser reconstituído com exatidão. De onde viria essa quantidade de matéria, se não de uma outra dimensão paralela?

CONCLUINDO

Aparentemente, não há qualquer outra forma racional de conceber as viagens no tempo para o passado sem apelar, de algum modo ou de outro, para realidades alternativas, dimensões paralelas ou algo que o valha.
Em sua Mensagem em meu Livro de Visitantes, Eduardo Torres declarou: "O problema dessa concepcao é que ela nega a verdadeira viagem no tempo e a transforma em 'mera' viagem interdimensional." No que parece estar certo.
E o problema parece ser exatamente isso. Literalmente falando, a viagem no tempo é impossível, mesmo a nível puramente lógico. Que seja uma possibilidade teórica admitida por uma das mais famosas e fortes teorias científicas da história, parece pura e simplesmente paradoxal. 

Marcus Valerio XR

 

Físicos enfrentam o pesadelo das viagens no tempo

Talvez esse seja o seu maior sonho, mas, para muitos físicos, a viagem no tempo é o pior pesadelo que poderiam enfrentar. "Acredito que a maioria de nós adoraria se livrar das máquinas do tempo, se tivéssemos essa possibilidade", diz Amanda Peet, da Universidade de Toronto. "Elas ofendem nossas sensibilidades fundamentais".

Existe um motivo muito simples para isso. Ainda que as leis da natureza pareçam permitir a existência de máquinas do tempo, estas violam o princípio da causalidade -a suposição básica de que as causas necessitam anteceder seus efeitos. O problema é que, até agora, ninguém conseguiu oferecer uma explicação definitiva para negar a possibilidade de que máquinas do tempo funcionem. O melhor que temos é a "conjectura de projeção cronológica" de Stephen Hawking, a qual, em resumo, sugere que existe um policial do tempo embutido na estrutura do Universo. Sempre que alguém está quase conseguindo construir uma máquina do tempo, o policial entra em ação e impede a operação antes que ela tenha a oportunidade de causar o caos no passado. No entanto, não existem provas da existência de policiais do tempo, nas leis da física, de modo que no momento a conjectura de proteção cronológica é simplesmente uma expressão de otimismo, um físico cruzando seus dedos e esperando que as coisas sejam resolvidas da melhor maneira possível.

Mas a situação talvez esteja prestes a mudar. Alguns poucos grupos de pesquisadores independentes estão alegando enfim ter discernido um vislumbre da proteção cronológica. Nos últimos 12 meses, diversas novas abordagens quanto ao enigma das viagens temporais surgiram entre os físicos. Ainda que difiram entre si, essas abordagens todas tinham uma coisa em comum: invocavam a teoria das cordas, a principal candidata à condição de "teoria unificada" hoje disponível. Sob a teoria das cordas, aparentemente, é possível fechar de vez o buraco que parecia permitir viagens no tempo.

Os físicos não teriam de se preocupar com viagens no tempo se não fosse o mais famoso físico de todos os tempos. Quando Albert Einstein desenvolveu sua teoria geral da relatividade, em 1915, inadvertidamente abriu as portas para violações generalizadas do princípio da cronologia. "A teoria geral da relatividade está completamente infestada de máquinas do tempo", diz Matt Visser, professor de Matemática Aplicada na Universidade Victoria, em Wellington, Nova Zelândia. "Ela certamente parece permitir todas essas soluções exóticas sob as quais viagens no tempo são teoricamente possíveis".

Antes que a teoria geral da relatividade surgisse, soluções como essas eram inimagináveis. No universo de Newton, a direção do tempo era, por definição, absoluta e irreversível. Até mesmo sob a teoria especial da relatividade, o primeiro tour de force intelectual de Einstein, o fluxo de tempo unidirecional não se alterava.

Mas a teoria geral da relatividade -que inclui a idéia revolucionária de Einstein de que a gravidade é o resultado da distorção do espaço e do tempo pela matéria- é uma história muito diferente. Diferentemente de teorias anteriores, ela não começa com uma estrutura global presumida para o tempo, mas simplesmente oferece regras para como o tempo é percebido em circunstâncias locais.

"Na verdade, a teoria geral da relatividade relaciona a distribuição da matéria 'aqui' à curvatura do espaço e fluxo do tempo 'aqui', mas não oferece muita informação de longa distância", diz Visser.

Devido à sua "generalidade", a relatividade geral não impõe suposições adicionais sobre a natureza do espaço e do tempo como um todo. Por exemplo, os cosmólogos não têm maneira de saber se o Universo é finito ou infinito, com base nas equações propostas por Einstein. São necessárias informações adicionais para determinar se o espaço se estende ao infinito ou se na verdade se curva sobre si mesmo. De maneira semelhante, simplesmente porque o tempo parece fluir em uma direção em nossa parte do universo, não há nada explícito, na teoria geral da relatividade, que afirme que ele não pode se comportar diferentemente em outro lugar. Algumas das soluções das equações de Einstein, em especial, levam a "curvas fechadas de caráter temporal", percursos ininterruptos pelo contínuo espaço-temporal que permitiriam que os viajantes recuassem no tempo e se encontrassem com versões passadas deles mesmos. "Isso é algo que sempre irritou os físicos", diz Visser.

E talvez seja por isso, no jargão da física relativista, que as regiões de espaço que contenham curvas fechadas de caráter temporal sejam conhecidas como "doentes". Existem pelo menos dois bons motivos para o incômodo quanto à possível existência dessas regiões. Um é o famoso paradoxo do avô. Nesse cenário você, o viajante do tempo, segue uma curva fechada de caráter temporal em direção ao passado a fim de assassinar um ancestral direto, o que impediria o surgimento das circunstâncias que levaram ao seu nascimento. A ficção científica está repleta de histórias paradoxais desse gênero, nas quais um visitante do futuro altera a História.

Um segundo problema é o igualmente intrigante paradoxo do ovo e da galinha. Suponha que alguém lhe conte a piada mais engraçada do mundo e você a seguir viaje no tempo e volte uma semana ao passado, para uma festa onde conta a piada. É claro que a piada faz sucesso e continua a ser contada, até que termina por chegar de novo a você, uma semana mais tarde, o que dá início ao circuito fechado uma vez mais. A questão é -de onde veio a piada?

Em um caso, o efeito elimina a causa; no outro, o efeito se torna a causa. No entanto, existem condições físicas que permitem que situações como essas aconteçam, como parte das soluções para as equações einstenianas.

Curvas fechadas de caráter temporal como essas não são fáceis de produzir ou explorar, evidentemente. Se as viagens no tempo são possíveis, elas só poderiam ser realizadas com tecnologia de uma escala muito superior à disponível para a civilização do século 21 (leia o texto "Sete tipos de máquinas do tempo"). Mas não é esse o ponto: o ponto é que a teoria geral da relatividade não nega essa possibilidade; ela só nos informa que viagens no tempo são dispendiosas e difíceis. Assim, será que a conjectura de Hawking está errada? A viagem no tempo seria apenas um desafio técnico a superar, em lugar de uma impossibilidade física?

Os físicos envolvidos com essa área da disciplina, sempre criativos em sua argumentação, estão interpretando a atitude relativamente permissiva da teoria geral da relatividade quanto às viagens no tempo como um sinal de que a teoria é incompleta. "Em certos sentidos, a teoria geral da relatividade é tão espantosa exatamente por prever seu próprio fim", diz Rob Myers, do Instituto Perimeter, em Ontário, Canadá. "A teoria de Einstein nos diz que só pode nos conduzir até um determinado ponto, e que depois disso será necessária uma teoria melhor a fim de que possamos compreender para onde vai a física, a partir dali".

Lisa Dyson, aluna de pós-graduação em física teórica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), concorda. "Sabemos que a relatividade não é a história toda", diz. "A teoria geral da relatividade é uma teoria da gravidade, mas existem outras forças que governam o mundo: a interação nuclear forte, a fraca e a força eletromagnética. Assim que compreendermos todas essas forças, e como se unificam, podemos descobrir, talvez, que as viagens no tempo são inconsistentes com a teoria unificada".

Hoje, as demais forças que não a gravidade são estudadas pela mecânica quântica. Por décadas os físicos vêm-se esforçando por unir a mecânica quântica e a relatividade para produzir uma teoria de "gravidade quântica". E a melhor candidata até agora é a teoria das cordas.


A teoria das cordas é uma maneira dispersa e multidimensional de descrever o Universo. Porque a causalidade é parte fundamental dessa descrição, muitos físicos esperam que a teoria das cordas descarte, de alguma maneira e explicitamente, as viagens no tempo. "A teoria das cordas é promissora como teoria de unificação da gravidade com as demais forças fundamentais da natureza", diz Dyson. "Se o nosso conceito usual de cronologia for parte integrante do Universo, a cronologia decerto deve estar protegida em algum lugar da teoria das cordas".

Em alguns casos específicos, essa expectativa começa a ser confirmada. Um desdobramento especialmente útil surgiu recentemente quando um grupo liderado pelo físico Jerome Gauntlett, então trabalhando na Universidade Queen Mary, de Londres, estava desenvolvendo uma aproximação simplificada para a teoria das cordas, conhecida como supergravidade de cinco dimensões. Ainda que seja parente próximo da teoria das cordas plena, o grupo liderado por ele descobriu que muitas das soluções aceitáveis para a supergravidade admitem viagens no tempo, de maneira semelhante à teoria da relatividade geral. "O que me surpreendeu", diz Gauntlett, "é que essas soluções se provaram bastante comuns".

Petr Horava, físico teórico da Universidade da Califórnia, em Berkeley, estava lecionando em um curso de pós-graduação sobre a teoria das cordas quando os resultados do estudo de Gauntlett foram divulgados na Internet. Ele decidiu dedicar uma aula para tratar das questões que o novo trabalho implicava, e depois atribuiu aos seus alunos como problema a questão da proteção cronológica. A idéia seria usar as ferramentas da teoria das cordas para eliminar alguns ou todos os cenários de viagens temporais que faziam parte da supergravidade pentadimensional.

Horava e um grupo de alunos decidiram trabalhar com um exemplo específico. Em 1949, o matemático Kurt Gödel encontrou uma solução para as equações de Einstein sob a qual o Universo não estava nem se expandindo nem se contraindo, mas girando rapidamente. Uma das conseqüências de viver em um Universo desse tipo é que seria possível, por meio de movimento na direção certa, chegar de volta ao ponto de partida em uma viagem antes que o viajante partisse. Na verdade, todos os pontos do Universo rotativo de Gödel existem no interior de uma curva fechada de caráter temporal.

O trabalho de Gauntlett indica que curvas fechadas de caráter temporal semelhantes permeiam a versão de supergravidade pentadimensional do Universo de Gödel. O grupo de Horava decidiu examinar as curvas fechadas de caráter temporal com a ajuda do princípio holográfico. Em sua versão mais simples, este afirma que toda a informação presente em um determinado volume de espaço pode ser representada como se existisse na superfície, ou "tela holográfica", que cerca esse espaço ("New Scientist", 27 de abril de 2002, pág 22). De acordo com o princípio holográfico, o que conhecemos como realidade é na verdade uma projeção de um holograma bidimensional.

Horava calculou que o princípio holográfico talvez tivesse alguma coisa a dizer sobre os problemas de informação apresentados pelas viagens no tempo. Assim, ele e seus estudantes aplicaram uma prescrição, calculada por Raphael Bousso, também de Berkeley, para descobrir onde está localizada a tela holográfica para qualquer solução dada da teoria geral da relatividade.

Proteja os olhos

Para sua surpresa, eles identificaram o problema quanto às viagens no tempo, no Universo de Gödel. Descobriram que, para cada observador possível no Universo de Gödel, existe uma tela holográfica que ou perfura qualquer curva fechada de caráter temporal ou a oculta do observador. Não só as curvas se tornam invisíveis como não se pode estudá-las por meio de qualquer experiência. Em um certo sentido, sugere Horava, a tela holográfica separa a realidade da ilusão, e as curvas fechadas de caráter temporal se localizam claramente do lado da ilusão. "Se a tela oculta do observador as violações da causalidade", diz Horava, "então nenhum observador no interior do Universo tem acesso a violações de causalidade".

Horava acautela que os resultados obtidos são limitados. Para começar, a holografia é uma ferramenta nova, e ainda mal compreendida, de modo que não seria necessariamente útil em situações mais complexas. E o resultado obtido para o Universo de Gödel só se aplica aos observadores que não estejam em movimento acelerado no espaço. Mas as descobertas de sua equipe apontam um caminho para lidar com um tipo específico de máquina do tempo, usando uma observação ligada à teoria das cordas.

Evidentemente, há outras máquinas do tempo a considerar. Entre as demais soluções mencionadas na análise de Gauntlett temos os buracos negros pentadimensionais giratórios conhecidos como buracos negros BMPV (em homenagem aos físicos Jason Breckenridge, Myers, Peet e Cumrun Vafa). Os buracos negros BMPV podem se tornar máquinas do tempo, mas só quando sua rotação for rápida o suficiente. Eles também são as contrapartes supergravitacionais dos buracos negros Kerr-Newman, bem conhecidos como máquinas do tempo sob as normas da teoria geral da relatividade. Dyson, que foi aluna de Horava, começou a imaginar até que ponto seria difícil construir um objeto como esse e propiciar-lhe a rotação necessária a atingir a velocidade desejada. Usando apenas um papel e uma caneta, ela deu início a uma tarefa que teria causado tremores aos deuses -construir um buraco negro pentadimensional giratório a partir do zero.

E de que maneira isso deve ser feito? Não é difícil, insiste Dyson; é mais ou menos como construir um buraco negro convencional. Você começa com o espaço vazio, e depois traz matéria de todas as direções, até que exista um volume suficiente em uma região pequena o bastante, e o buraco negro se forma. Da mesma maneira, diz ela, um buraco negro BMPV é composto de elementos constituintes trazidos de uma distância infinita, como uma concha que se contrai. Mas em lugar de matéria comum, os constituintes necessários são ondas gravitacionais e os chamados "D-branes". Os D-branes são criaturas da teoria das cordas, e a maneira mais fácil de compreendê-los é como membranas multidimensionais ou "hiper-superfícies" que habitam um contínuo espaço-temporal com 10 dimensões. No mundo matematicamente mais simples do buraco negro BMPV, os D-branes aparecem na forma de partículas e as ondas gravitacionais surgem como rugas no campo gravitacional (elas também podem ser consideradas resultados de partículas conhecidas como grávitons).

Quando os cálculos de Dyson reuniram esses constituintes para produzir um buraco negro BMPV teórico, ela descobriu um fenômeno interessante. No ponto do processo de montagem em que o buraco negro está à beira de se transformar em máquina do tempo, os blocos de construção deixam de se comportar como planejado. Em lugar de tudo convergir para o ponto, o sistema forma uma concha de grávitons, recheada de D-branes. Não há forma de manipulação matemática que consiga fazer com que os grávitons se aproximem mais. O resultado final do processo é que o buraco negro BMPV jamais se acelera a ponto de produzir uma curva fechada de caráter temporal que seja acessível.


Território proibido

Os resultados de Dyson sugerem que a maneira pela qual os D-branes e os grávitons se afetam uns aos outros -e o espaço que eles ocupam- cria um obstáculo às viagens temporais através de buracos negros TMPV. "É como se você estivesse tentando construir aquele último pedaço de sua máquina do tempo, e uma força o impedisse de mover a mão", diz Myers.

Como no caso do grupo de Horava, os resultados de Dyson só se aplicam a uma situação específica. Não podem ser encarados como prova universal da conjectura de Hawking. Por outro lado, eles demonstram que há ferramentas na teoria das cordas que podem interferir para evitar a existência de algumas espécies de máquina do tempo admitidas pela teoria geral da relatividade. "Determinar se a teoria das cordas usa o mesmo mecanismo para proibir outras espécies de viagem no tempo é algo que ainda está em investigação", afirma Dyson.

Mas porque a própria teoria das cordas continua incompleta, novas ferramentas para lidar com problemas como a proteção cronológica vão surgindo constantemente. Assim, estamos no começo do fim para as viagens no tempo? Os físicos teóricos continuam cautelosos quanto a um anúncio formal de que a possibilidade não existe. "Acredito que muitos dos pesquisadores da teoria das cordas ficariam felizes caso encontrássemos um mecanismo concreto que simplesmente proíbe a existência de curvas fechadas de caráter temporal", diz Myers. "Por outro lado, talvez em outras situações as curvas fechadas de caráter temporal existam, e temos de enfrentar todos os paradoxos e problemas que isso acarreta".

Peet também mantém a reserva quanto à questão. "Até agora, tivemos bastante sorte, mas acredito que ainda restem dúvidas bastante persistentes entre as pessoas que trabalham nessa área", diz ela. "Talvez existam exemplos de violações cronológicas que a teoria das cordas não seja capaz de impedir. Esperamos que isso não seja verdade".

Os escritores de ficção científica esperam o contrário. Até mesmo Peet, fã devota da série "Jornada nas Estrelas", admite um pesar passageiro diante da perspectiva de que as viagens no tempo sejam afinal impossíveis. "Se alguém construísse uma espaçonave capaz de viajar no tempo, eu seria a primeira a embarcar em uma missão de turismo", diz. "Quando compreendi que isso talvez não venha nunca a ser possível, fiquei um pouco triste", acrescenta. "Mas superei".

Posted by DJ BURP | às 12:23

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