Budismo: Teoria da criação do Universo une Budismo e Ciência
"E Brahma quebra o ovo no qual flutuava sobre o Oceano Primitivo e faz
de uma metade da casca os Céus e da outra, a Terra. Depois divide-se a
si próprio para dar criaturas à luz" (antigo texto brâhmane).
"Porque as teorias que são belas, frequentemente vêm a ser também verdadeiras?" (astrofísico S. Chandrasekhar).
Foi de repente... Não havia espaço ou tempo, escuridão ou luz, frio ou
calor, som ou silêncio. Não havia nada, absolutamente nada, a não ser um
ponto infinitesimal, uma semente cósmica sem dimensões. Como não havia
espaço ou tempo exterior a este ponto, não houve propriamente uma
explosão. O que aconteceu, na verdade, foi o súbito desabrochar do
espaço e do tempo, que se encontravam dobrados e esmagados em uma
singularidade e que se expandiram de dentro deste buraco-negro a uma
velocidade fantástica, igual à da luz. Foi o Big-Bang, a partir do qual
se iniciaria toda a história de nosso Universo e que tentaremos seguir
até os dias de hoje e muito além, nesta breve viagem no tempo.
O Universo iniciou-se em uma deslumbrante floração, levando consigo o
chamado continuum espaço-tempo das equações relativísticas de Einstein,
equações estas que demonstram que a matéria e a se energia são como
faces de uma moeda, podendo a energia transformar-se em matéria e
vice-versa, como veremos.
Há um texto brâhmane que diz: "karma, a lei de causa e efeito, surgiu
no momento em que se criou o Universo material e o espaço-temporal.
Antes, havia algo existindo, sem espaço nem tempo". Dizem, por outro
lado, os físicos S.Weinberg e Zel'dovich que "o Universo começou como um
vácuo perfeito e todas as partículas atuais do mundo material foram
criadas a partir da expansão do espaço".
Do tempo zero, o início (chamemos de t = 0), até o tempo t = 1,35 x 10
--43 seg (um quase nada...), as leis conhecidas da Física não podem ser
aplicadas e os processos quânticos aí desencadeados podem apenas ser
conjecturados. Este intervalo é o chamado tempo de Planck. Porém, logo
após este período, deve ter havido um enorme impulso na expansão do
jovem Universo. Houve uma fantástica aceleração em seu crescimento, por
volta 1030 vezes (um nonilhão de vezes!) em relação ao ritmo de expansão
anterior, em um infinitesimal período de tempo, uma desprezível fração
de segundo! Esta fabulosa propulsão expansionista é o chamado Período
Inflacionário, findo o qual o Universo voltou a crescer no ritmo
anterior.
Como sabemos hoje em dia que o Universo está em expansão? Avancemos no
tempo até o início do presente século. Comecemos pela chamada Lei de
Hubble, que foi estabelecida pelo astrônomo americano Edwin Hubble nos
anos 20. Hubble, observando galáxias no telescópio de Mt. Wilson, notou
que elas se afastavam uma das outras e de nós, a uma velocidade tanto
maior quanto maior fosse a distância que as separava. Além disso, três
décadas atrás, descobriu-se uma radiação de fundo de 3 K (0 K = - 273ºC)
que permeia todo o espaço cósmico em todas as direções. Sabe-se que
esta radiação é um resíduo do Big-Bang, tal como, em analogia, as ondas
sonoras se propagam e se perdem quase inaudíveis na distância. Por tudo
isto, conclue-se que vivemos em um Universo em expansão. Por cálculos
matemáticos simples chegamos à sua idade, que é de 15 a 20 bilhões de
anos ( o dito tempo de Hubble).
A Física Quântica, por outro lado, demonstra que se o mundo material
que vemos e sentimos parece estável, subjacente a ele existe todo um
complexo submicroscópico onde impera a indefinição e a incerteza, onde
não há fronteiras definidas, apenas uma núvem de probabilidades: é o
Princípio da Incerteza de Heisenberg.
Isto é o mesmo que dizer que:"as partículas, átomos e moléculas podem
talvez ser consideradas como criações mais ou menos temporárias dentro
do campo ondulatório do Universo" (físico E.Schrödinger). Ou o mesmo
que:
"a forma sutil de partícula não-material está aprisionada dentro dos
corpos materiais. Embora a partícula material esteja sujeita à
destruição, a partícula não-material, mais sutil, é eterna" (2.18,
Bhagavad-Gita). Ou dizer que vivemos num imenso mar de Maya (a
ilusão)...
Sabemos que o Big-Bang deve ter produzido uma enorme quantidade de
partículas e anti-partículas (partículas de carga elétrica trocada, no
mais, idênticas às primeiras). Estas partículas, logo após criadas,
aniquilavam-se mutuamente. O Universo, pois, permanecia com sua carga
elétrica total inalterada.
Deve restar uma questão na mente de muitos: o que teria existido antes
deste sunnyata, desta vacuidade "onde flutuava o ovo cósmico" antes do
Big-Bang ? Diremos como Sto. Agostinho de Hipona em suas Confissões:
"afirmam alguns que antes de fazer o céu e a terra, Deus preparou o
Geena (inferno) para os que ousassem penetrar tais assuntos". Ou podemos
repetir o astrofísico Hayashi: "para mim, o que houve antes é
irrelevante, pois o Universo se formou a partir de processos iniciais
totalmente aleatórios e independentes de sua constituição antes do
estado de máxima compressão". Ou ainda, concluir com George Gamow, um
dos imortais criadores da teoria do Big-Bang: "minha resposta habitual
ao papel que Deus teria desempenhado na criação do Universo, é de que
Ele formulou as leis básicas da Física e deixou que os fenômenos
evoluissem segundo essas leis".
Do Mavântara ao Pralaya, e o ciclo se repetirá, quem sabe? O longo dia precederá a longa noite....
"... e a Natureza e o Espírito se resolverão finalmente no Espírito Supremo..."
André Luiz S. de P. Medeiros é escritor, autor de Budismo de A a Zen, publicado pela editora Bemzen
Posted by DJ BURP
|
às
11:40
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