VERTIGO

Guerras, leões e a história da Vertigo DC Comics! (‘et Pivo’)
ATENÇÃO: Aproveitando a idéia do ‘et eu’ do Ronaldo (post abaixo) vez por outra também vou aproveitar este espaço do blog para falar de assuntos que gosto e que não estão relacionados com ciência ou ecologia, mais ainda assim são uma forma de divulgação. E hoje vou falar sobre Histórias em Quadrinhos, HQ’s, Banda Desenhada ou Gibi se preferir.
Para quem leu apenas Turma da Mônica ocasionalmente enquanto fora ao dentista ou não dá a mínima ao assunto, insisto apenas para que leia uma HQ que seja do selo adulto Vertigo. E indico Pride of Baghdad que está disponível no nosso HD.

Aqui vai uma breve resenha:
No dia 21 de abril de 2003, Bagdá a capital do Iraque estava sobre a ofensiva de bombardeios da operação de “libertação” do país, pelas Forças Armadas americanas. Neste interím o zoológico de Bagdá foi atingido e quatro dos sete leões ganharam sua liberdade em meio a um cenário de guerra e destruição. Confira as notícias nos portais Terra e UOL. Esta história verídica inspirou o reteirista Brian K. Vaughn a criar Pride of Baghdad. Brian usa o cenário de guerra e luta pela liberdade para explorar na fábula dos leões questões como diferenças raciais, amor, ideais, experiências e sonhos. Os desenhos de Niko Herinchon são leves, detalhados e tão vibrantes quanto a guerra. Se você gostou de Rei Leão da Disney, vai se impressionar ainda mais dos diálogos rebuscados e maduros de Pride of Bahgdad .
Agora, aqueles leitores que gostam do assunto e desde muito pequeno acompanha seus heróis favoritos, ou começou a gostar do hobby já marmanjo, veja no Ler mais logo abaixo e entenda como surgiu o selo Vertigo da DC Comics e o que mudou no mercado das HQ’s à partir da década de 80. 

A Vertigo é uma linha de publicação de HQ’s e graphic novels da DC Comics. Opera-se sob o nome da “Vertigo” a fim separar-se da imagem mais tradicional e mais amigável das HQ’s da DC. A Vertigo publica histórias que visam a audiência de um público mais maduro. Muitas das HQ’s publicadas pelo selo contêm temas que incluem violência (mais realista do que o que é encontrado em HQ’s convencionais), apresentações francas do abuso da substância humana como sexo, caráter ou a falta dele, o fantástico, o real e o surreal e outros tópicos controversos. A Vertigo foi criada pelo lado maduro da DC, Karen Berger é a editora executiva da linha, vindo definitivamente para perturbar a razão e a serenidade das publicações no mercado de HQ’s até então, condicionadas para um público juvenil e de aficionados maduros.

O interessante é que, como vários movimentos artísticos, nada fora planejado – simplesmente aconteceu. Quando Alan Moore assumiu a saga do Monstro do Pântano na década de 1980 encabeçando o gênero de horror da DC, seu argumento não foi apenas inovador, ele quebrou regras. Depois de um pós-guerra ufanista, em que heróis pululavam apresentando as mais diferentes versões do que o jovem americano de classe média desejaria ser, tivemos nos anos 80 uma fase muito conservadora, surgindo até mesmo o que foi chamado Comics Code Autority, um receituário imputado pelas grandes editoras onde regulavam tudo o que poderia ser lançado. A reação como movimento contrário à regulação, foi que um grupo de quadrinistas passou a lançar tudo o que não se encaixava, por selos alternativos em editoras independentes que aceitavam o desafio de relativizar as personagens, inovar nas técnicas de ilustração, enfim, sair da estrutura consagrada mais por mais de quarenta anos. 

O sucesso das editoras independentes foi tamanho que acabou incomodando as líderes do mercado, que criaram o receituário e se viram impelidas a criar “divisões” para publicações alternativas, da dita contracultura. Assim, como uma reação à sede do mercado e por mudanças que aconteciam dentro da própria editora, a DC Comics cria um selo específico, Vertigo, abrindo espaço pra uma nova geração de quadrinistas e de propostas cujos produtos podem ser vistos como exemplos de sucessos garantidos, lançando títulos com artes e argumentos dignos de premiação. Foi uma edificação incrível para o gênero ficção, abocanhando os melhores talentos do negócio e usando temas que ninguém mais teve ousadia de abordar.
A Vertigo é então lançada oficialmente em 1993 como uma alternativa para os títulos que fogem os limites de HQ’s tradicionais, visando o leitor maduro, que está abastado de tramas dicotômicas tais como Bem versus Mal, Mocinho versus Vilão, certo ou errado. As tramas da Vertigo não têm a simplicidade dos fartos temas de heróis com superpoderes e um vilão frio e sagaz, a Vertigo é mais humana e além. Lida com causas pessoais ao invés de moralidades, cria fantansias ao invés de superpoderes, expõe as inconveniências humanas e não somente revela a atitude certa. 


Mas a DC foi apenas perspicaz em aderir rapidamente ao movimento, a real culpa das publicações anarquistas da linha Vertigo deve-se a uma geração de escritores e desenhistas não-americanos que redefiniram os quadrinhos com irreverência, muita inteligência e principalmente atitude, seguindo uma trilha aberta pelo mago mais famoso de Northampton (Inglaterra), Alan Moore.
A obra de Moore interferiu na questão do espaço mercadológico de duas formas, uma indireta: o espaço maior dado aos quadrinhos adultos depois do sucesso de suas HQs de altíssima qualidade e uma direta: as alterações feitas por ele no monstro do Pântano e a criação de John Constantine, foram o estopim para os editores da DC Comics em criar o selo Vertigo, o primeiro do mundo em uma grande editora , dedicado ao público adulto, já que, aquelas criações não tinham espaço para conviver harmoniosamente em um universo dominado por super-heróis. O conceito da Vertigo enfatizou o sobrenatural melhor que o sobre-humano e pode ser visto como o mundo “real” do universo DC.

Assim a Vertigo não somente criava um espaço para ousar, mas também livrava-se das preocupações em receber críticas de pais e demais autoridades com suas abordagens. Uma nova era onde quase todos os grandes artistas dos quadrinhos deixavam sua marca no selo. A originalidade da Vertigo estava em colocar os escritores à frente do front de batalhas entre a aceitação do público e os limites de suas criações, enquanto os desenhistas exploravam ao máximo as ferramentas para a melhor qualidade e ousadia em ilustração. Embora muitas das publicações iniciais da Vertigo foram lançadas no universo da DC (Hellblazer, O Monstro do Pântano e Sandman), com o selo, logo foram naturalmente, desconectadas do univ. DC e seus super-heróis.
A DC tentou também publicar dois outros selos exclusivos para adultos, que posteriormente pereceram tendo alguns de seus títulos cancelados, outros transferidos para a Vertigo. Foram o Verité, composto de histórias fictícias datadas em quaisquer momentos no passado e Helix, para histórias de ficção científica. Neste último a publicação mais célebre (e que foi continuada) é Transmetropolitan, uma ficção paranóiconiilista-caótica, de estética cyberpunk, escrita por Warren Ellis e com a arte de Darik Robertson. Em 2005, a Vertigo expandiu o selo o cinema com a liberação do filme Constantine, baseado em Hellblazer. E mais recentemente uma adaptação do filme de V de Vingança.

Posted by DJ BURP | às 17:39

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